Dengue: incidência de casos segue em crescimento no Pará

Somente este ano já foram registrados 2.432 casos no Estado, 844 notificações a mais que o mesmo período de 2021 

Laís Santana
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De janeiro a abril deste ano, já foram notificados 2.432 casos de dengue no Pará, de acordo com balanço da Secretaria de Estado da Saúde do Pará (Sespa). Os dados apontam aumento de 844 casos em relação ao ano passado, quando o número de notificações foi de 1.588 para o mesmo período, e 2.992 no total geral para todo ano. Já nos quatro primeiros meses de 2020 foram registrados 1.375 casos e 1.836 para todo o ano.  No cenário nacional, os números são ainda mais alarmantes.

De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), foram registrados 323.900 mil casos prováveis de dengue no Brasil até o dia 2 de abril. Em comparação com o ano de 2021, houve um aumento de 85,6% de casos notificados para o mesmo período analisado. No ranking de taxa de incidência, a região Norte está ocupando o terceiro lugar com 127,8 casos para cada 100 mil habitantes, atrás apenas da região Sul l (198,5 casos/100 mil hab.) e região Centro-Oeste (648 casos/100 mil hab.). Goiás lidera a explosão de diagnósticos, com 71.652, mais do que toda a região Sul. Desse total, 25.180 foram notificados em Goiânia. A capital é a cidade que mais registrou infecções no Brasil, seguida de Brasília, com 19.284. Ao todo, a região contabiliza 108.258 casos, o que representa 33,4% dos registros em todo o País.

Até o último boletim epidemiológico do MS foram confirmados 233 casos de dengue grave e 2.836 casos de dengue com sinais de alarme. Até o momento, foram confirmados 79 óbitos por dengue, sendo 75 por critério laboratorial e 4 por critério clínico-epidemiológico. Os estados que apresentaram o maior número de óbitos foram: São Paulo (29), Goiás (9) e Bahia (8). No Pará houve registro de apenas um caso de óbito causado por dengue, segundo a Sespa. 

A pesquisadora Ana Cecília Ribeiro Cruz, do Instituto Evandro Chagas, explica que o aumento do número de notificações pode estar relacionado a diminuição do controle da doença ocasionado pela pandemia de covid-19. "Devido o mecanismo de transmissão que é utilizado pelo vírus para infectar os humanos, através de um vetor que é um artrópode (inseto), e a pandemia, houve uma certa diminuição no controle da transmissão, muitas pessoas que trabalhavam nessa área foram deslocadas para campanha de combate a covid-19 dentro dos órgãos públicos responsáveis pelo controle vetorial e houve uma queda no investimento dessa área favorecendo assim o mosquito", avalia. 

Cruz ressalta que o controle de vetores é fundamental para diminuir o alerta do número de casos, sobretudo na região Norte onde não há sazonalidade, com estações frias com temperaturas abaixo de 20º, e predomina temperaturas altas e chuvas (o que ocasiona os acúmulos de água) favorecendo os criadouros de mosquito. "As prefeituras têm que fazer a sua parte inclusive fazendo a análise de índice vetorial, indo nas casas, quantificando larvas, quantificando adultos, para ver se não tem risco de aumentar muito o número de vetores e colocar em risco uma possível transmissão."

Recentemente, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública de Goiás, identificaram um novo genótipo do vírus da dengue, chamado de "Cosmopolita". O genótipo do sorotipo 2 do vírus da dengue foi detectado em fevereiro deste ano, a partir da análise de uma amostra de um caso de dengue de novembro de 2021. A cepa é bem disseminada no mundo e pode ser encontrada na Ásia, Oriente Médio e África, mas nunca havia sido registrado nenhum caso em território brasileiro até então. Esse, aliás, é apenas o segundo registro oficial nas Américas, após um surto no Peru, em 2019.

"Já começamos a planejar uma ação de varredura no Dengue 2, vamos fazer uma análise genômica no Brasil com o esforço da Rede, que faz parte do Ministério da Saúde, para vermos se ele realmente está restrito a um Estado ou se já está atribuído a outros Estados no país. Assim saberemos até que ponto vamos ter um impacto epidemiológico de gravidade ou não. Creio que até o final de maio a Rede estará preparada para fazer esse levantamento no país todo", detalha Ana Cecília Ribeiro Cruz. 

A pesquisadora ainda ressalta que é importante que o poder público desenvolva ações de combate ao mosquito que transmite a doença, assim como é indispensável que a população contribua para o controle da dengue. "Eu espero que os órgãos públicos não meçam esforços para fazer a sua parte de combate ao vetor e de educação e saúde. Se todo mundo fizer o dever de casa limpando as suas casas colocando terra nos vasos de plantas, não deixando água acumulada, isso tudo ajuda muito no controle", acrescenta. 

Em nota, a Sespa informa que o aumento no número de notificações de casos já era aguardado a partir do controle da pandemia de covid-19 e retomadas das atividades de vigilância epidemiológica nos municípios, uma vez que as visitas domiciliares foram suspensas durante a pandemia.

" Apesar de o controle da dengue ser de responsabilidade municipal, a Sespa oferece apoio e assessoria técnica aos 144 municípios, realiza oficinas sobre diagnóstico diferencial desde 2021 e distribui larvicidas quando necessário", afirma a secretaria. 

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