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Consciência negra: Diretora de Hospital em Santarém fala sobre os desafios de sua trajetória

Cristiani Schwartz, de 45 anos, representa bem as histórias que marcam essa data. Hoje, ela está como diretora geral de um hospital no município de Santarém, onde lidera uma equipe de 723 colaboradores

Andria Almeida

O Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, marca a importância das discussões e ações para combater o racismo e a desigualdade social no país. A mineira, nascida e criada em Ipatinga, interior de Minas Gerais, Cristiani Schwartz, de 45 anos, representa bem as histórias que marcam essa data. Hoje, ela está como diretora geral de um hospital no município de Santarém, onde lidera uma equipe de 723 colaboradores, sendo 70% mulheres. Em entrevista à Redação Integrada de O Liberal, ela relatou a luta travada para assumir um cargo de liderança sendo mulher e negra.

santarém

Filha de policial Militar e mãe doméstica, ela saiu de Ipatinga aos 21 anos de idade para morar fora do país em busca de uma vida melhor, com o sonho de um dia fazer um curso superior. Após quatro anos morando fora, ela retornou para o Brasil. Onde comprou uma casa com pais e iniciou o curso de enfermagem.

Cristiani conta que casou-se muito cedo e embora não tenha durado, o matrimônio deixou uma filha que ela afirma ter criado sozinha e com muito esforço.

"Eu tive mais garra para enfrentar a vida depois de ser mãe, mas não foi fácil", revelou Cristiani.

Preconceito no trabalho

Depois de formada, Cristiani foi trabalhar em um dos maiores hospitais na capital de Minas Gerais. Ela se destacou como enfermeira e assumiu o cargo de coordenadora, até que foi convidada para trabalhar na atual empresa, onde passou pelos cargos de coordenadora, gerente, diretora assistencial e já em meados de 2021 foi convidada para vir para Santarém para ocupar o atual cargo de diretora geral do Hospital Municipal e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h.

“Minha trajetória enquanto enfermeira não foi fácil, para uma mulher preta conseguir subir e ter uma ascensão profissional, passa por algumas situações. Uma delas me marcou muito, foi quando eu estava ao lado de uma técnica de enfermagem, loira, jovem, branca e quando as pessoas iam procurar pela coordenadora, eles sempre achavam que a coordenadora era ela, a jovem branca, depois eles sempre subjugavam para mim, não é ela a responsável? “, relatou com a voz embargada.

Ela relata que o preconceito sempre esteve presente por onde passou, que a cor chamava mais atenção que suas habilidades em algumas ocasiões. “Uma outra vivência foi em um hospital de grande porte que eu trabalhei e eu sempre fui muito dinâmica, muito proativa e essa coordenadora me chamou e perguntou qual era a minha intenção. Ela me disse que eu nunca ia conseguir subir de cargo por causa da minha “corzinha”, ela usou esse termo, então assim, não é fácil. Eu alavanquei profissionalmente no atual trabalho, porque o Instituto é diferente, ele emprega gays, lésbicas, homossexual, preto, branco, tudo, eles não avaliam pela raça, pelo gênero e sim pela competência”, enfatizou.

Sonho de criança

Assim como a maioria das crianças de sua geração, ela sonhava em ser paquita da Xuxa, mas lembra que não existia paquita preta. “Nunca consegui ser paquita, e até hoje eu sou fã da Xuxa”, relembrou.

Ela conta que quando criança gostava de brincar de princesa, mas se ressentia pela ausência de uma representante negra nesse imaginário ficcional. O tempo passou e a menina que sonhava em ser princesa preta realizou o sonho na Disney. “Meu primeiro sonho quando eu comecei a ter uma situação financeira melhor, foi ir até a Disney, e provar que existe princesa preta: a princesa Tiana. Aí tirei uma foto e compartilhei com as amigas dizendo que uma é a princesa Cris e a outra é a princesa Tiana, duas princesas negras. Fiquei duas horas na fila para conseguir o registro, isso aos 41 anos de idade”, relatou.

 Cristiane conta com orgulho que a filha de 24 anos está se formando em medicina. " Hoje, ela entende o quanto é maravilhoso a gente vencer com esforço e competência”, afirmou.

Liderança motivadora

No Hospital ela é vista como referência de competência e motivação. Segundo a coordenadora de enfermagem, Joyceneia Nobre, a diretora chegou para trazer um olhar diferente para o Hospital. “Ela além de muito competente é motivadora, nos incentiva a ser melhores. Eu evolui muito com ela na nossa liderança. Tenho orgulho de ter uma líder negra e com alto nível profissional”, disse.

Em conversa com outros colaboradores do Hospital vários relatos positivos sobre o quanto o ambiente de trabalho melhorou após a chegada da diretora. Alguns relataram que é um orgulho ter uma líder negra e mulher.

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