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Cientista paraense ganha reconhecimento internacional com estudo sobre queimadas na Amazônia

Com 26 anos de carreira, Ane Alencar estuda os impactos que as queimadas na Amazônia causam no bioma; confira a live realizada com a pesquisadora

Emanuele Corrêa
fonte

O impacto deixado pelas queimadas na Amazônia, é objeto de estudo há mais de 26 anos da paraense Ane Alencar, doutora em recursos florestais e conservação pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos. A trajetória e o conceito criado por ela sobre "Cicatrizes de Fogo" a tornou premiada internacionalmente como a única mulher latino-americana no 2022 Leading Women in Machine Learning for Earth Observation - ou em português -, Mulheres Líderes em Aprendizado de Máquina para Observação da Terra em 2022 -, organizado pela Fundação Radiant Earth, no último dia 8 de março.

Na última sexta-feira (11), a pesquisadora Ane Alencar, natural de Belém, concedeu entrevista ao Grupo Liberal, por meio de uma live conduzida pela repórter Emanuele Corrêa. Confira a live.

Onde a cientista trabalha?

Ane é cientista do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e mesmo sabendo da proporção que o trabalho possui, principalmente após o lançamento do "Map Biomas Fogo", uma coletânea com 36 anos de dados sobre as cicatrizes de fogo ou os rastros deixados pelas queimadas, lançado ano passado, ainda se diz surpresa com a indicação para a premiação, porém, muito grata e feliz pelo reconhecimento. "

Para mim foi uma surpresa, eu não sabia sobre a premiação. Não sei por quem fui indicada. Mas é um fruto do trabalho de mais de duas décadas, e utilizando tecnologia de ponta na pesquisa. Por isso, estou sendo referenciada na questão da tecnologia, mulheres líderes de aprendizado", refletiu a pesquisadora.

A paixão pela temática surgiu ainda no estágio, no final da graduação, quando ela começou a identificar padrões diferentes dos comuns nas imagens por satélite, que geralmente tem a coloração verde e nas imagens apresentavam um roxo. Posteriormente, surgiu o mapeamento.

"O Map Biomas veio mais tarde, em 2015, mas foi fruto desse trabalho. O Map Biomas é uma rede de pesquisa que mapeia o uso do solo no Brasil inteiro, com pesquisadores com vários conhecimentos. Nós fizemos o mapeamento do cerrado, e na época eu vi a possibilidade de realização de sonho: fazer o mapeamento do fogo na Amazônia", relembrou Ane Alencar.

Ela disse que o principal resultado daquele estudo era que mais de 50% do que era queimado na Amazônia não precisava ser queimado. "Na época, achavam que a Amazônia não pegava fogo. Nem os cientistas que estudavam outros biomas acreditavam que a Amazônia pegava fogo. Esse conceito de mapear as cicatrizes do fogo nas imagens de satélite veio revelar que esse era um fenômeno que estava acontecendo na Amazônia e, por causa da ação humana, estava se intensificando na região", completou.

Além da paraense, a única mulher latino-americana a ser indicada na história do prêmio, outras 13 cientistas do mundo todo foram indicadas. A doutora afirma que é uma conquista, mas que ainda é preciso garantir que mais mulheres ocupem esses espaços e faz o incentivo para que ingressem na pesquisa científica.

"A gente está aumentando o número de mulheres na ciência. Metade das vagas nos doutorados do Brasil são ocupadas por mulheres. Mas ainda é lento, pois às vezes na pesquisa, o pesquisador principal é homem. Os recursos de pesquisa no geral estão sendo reduzidos, as mulheres sentem ainda mais essa dificuldade. Desejo que o reconhecimento que eu estou tendo agora inspire outras mulheres a não desistir dos seus sonhos. O papel da mulher na ciência é muito importante, temos uma forma de olhar diferenciado e que agrega, principalmente na ciência da natureza", concluiu.

Serviço - para consultar a pesquisa sobre "Cicatrizes de fogo"

Sobre o trabalho: aponta que, a cada ano, o Brasil queima uma área proporcional ao tamanho da Inglaterra. O levantamento inédito, feito pelo MapBiomas analisou imagens de satélite entre os anos de 1985 e 2020 e revela os impacto do fogo sobre os biomas nacionais, entre eles, a Amazônia.

"A cada um desses 36 anos o Brasil queimou uma área maior que a da Inglaterra: foram 150.957 km² por ano, ou 1,8% do país. O acumulado do período chega a praticamente um quinto do território nacional: 1.672.142 km², ou 19,6% do Brasil, sendo que 65% do total da área queimada foi de vegetação nativa. O estado de Mato Grosso apresentou maior ocorrência de fogo, seguido pelo Pará e Tocantins", aponta a pesquisa disponibilizada pelo projeto.

Onde encontrar a pesquisa da pesquisadora Ane Alencar e da equipe do MapBiomas:
Consultar o seguinte link.

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