Castanhal: há 19 anos mantos de Nossa Senhora de Nazaré são confeccionado por dona Célia Leal
A artesã produz mais de 50 mantos por ano, para católicos e paróquias de todo país
Quem é católico e devoto de Nossa Senhora de Nazaré já está contando os dias para que chegue o momento de encontrar e homenagear a mãe e Jesus. Em Castanhal o grande momento é realizado no terceiro domingo de outubro, na Romaria de Nossa Senhora de Nazaré. E tem algo muito especial que chama a atenção e gera curiosidade nos devotos que é o manto da Santa.
Ana Cláudia Lira é uma delas. A professora fica ansiosa para ver bem de perto o manto da imagem. “Quando sai o cartaz do Círio eu fico imaginando o momento de ver bem de perto e na Nossa Senhora. Acho um trabalho lindo e que me emociona muito”, contou.
O trabalho de confecção do manto da imagem de Nossa Senhora de Nazaré que participa da Romaria em Castanhal é feito pela artesã Maria Celia Leal, a dona Célia. Em 2023 ela fará o 19º manto para a Romaria de Castanhal.
Dona Célia conta que o artesanato sempre esteve presente em sua vida.
“Eu era criança quando minha mãe que também era artesã me ensinou a bordar e com pedrarias. Ela fundou em Maracanã, de onde eu sou, a Casa das Mães, para aquelas que eram muito carentes aprenderem uma profissão”, disse.
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A primeira encomenda de manto foi há mais de 20 anos, quando uma vizinha pediu para ela fazer um peça para a sua imagem.
“Ela perguntou se eu fazia e eu aceitei o pedido. A filha dessa vizinha doou o manto para a Nossa Senhora da Conceição, do Círio de Americano e assim eu comecei”, relembrou.
O primeiro manto para Nossa Senhora de Nazaré veio no ano seguinte, quando Castanhal ainda não tinha a Diocese.
O convite foi feito pelos padres Maita e Diego, que era um espanhol. E eles pediram para bordar no manto um ouriço de castanhal de ode saia um terço. No outro ano o Dom Carlos foi nomeado e eu fiquei apavorada por que as pessoas falavam que ele era muito exigente”, cotou dona Célia.
O desafio foi aceito e dona Célia conta que orou muito para que conseguisse fazer o manto.
“Eu estava muito nervosa e pedi a Nossa Senhora que me ajudasse. Passei um dia e uma manhã na capela de adoração do Colégio São José para ter coragem porque estava passando e eu não começava. No manto tinha que ter um brasão de um lado e do outro o símbolo da Diocese e eu não sabia como fazer. Naquela época não tinha os recursos como hoje tem a sublimação e tive que ir em Belém mandar bordar na máquina e não deu certo. Eu voltei de lá fui rezar, ainda mais, para pedir inspiração e aconteceu algo muito especial entre eu e Nossa Senhora, um segredo. A partir daí eu falei para meu marido que não seria eu quem ia bordar e sim Nossa Senhora”, contou a artista.
Por ano do Dona Célia borda mais de 50 mantos, sendo para romarias romaria e para imagens caseiras. Somente em 2023 já foram cerca de 30 trabalhos cheios de amor, dedicação e beleza que encanta os olhos. São mantos grandes e quase sempre cobertos por cristais. E as encomendas vem de vários lugares do estado do Pará e do Brasil.
“Este ano já fiz mantos para Santarém, Ceará, Maracaçumé, Godofredo Viana, Salinas, Nova Timboteua, Castanhal, Maracanã, Curuçambaba em Cametá e Americano. Fora os mantos para pessoas que usam em suas imagens de casa”, disse.
O mando de Castanhal é uma doação da artesã. “Eu não cobro nada. Meu trabalho é totalmente uma doação minha para a Nossa Senhora. O material também é doado por uma pessoa. Eu faço por amor. E não importa o quando eu gastei. Dom Carlos me ensinou assim. Ele fala que tudo para Maria tem que ser do melhor e eu só uso cristais”, explicou dona Célia.
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