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Amazônia só nos primeiros três meses de 2022 tem o segundo maior desmatamento em 15 anos

O Pará está em segundo lugar no ranking de desmatamento, somente no mês de março, com 27% da derrubada da floresta, representando 33 km²

Emanuele Corrêa

Amazônia, somente nos três primeiros meses de 2022, registrou o segundo maior desmatamento em 15 anos. Os dados são do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que apontou a devastação de 687 km². A área é equivalente ao território de Salvador. O Pará está em segundo lugar no ranking de desmatamento somente no mês de março, com 27% da derrubada da floresta, representando 33 km².

Ainda com base nos dados do Imazon, o primeiro trimestre deste ano, foi menor que do ano passado, quando a derrubada da floresta chegou aos 1.185 km². Comparando com 2021, o acumulado deste ano foi 42% menor. Isso porque, embora o instituto tenha registrado aumento no desmatamento em janeiro e em fevereiro, em março houve uma queda de 85%: a devastação passou de 810 km² em 2021 para 123 km² em 2022.

Apesar da redução, Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon, destaca que ainda é cedo para comemorar os números. “Essa redução ainda não é um motivo de comemoração, pois em breve entraremos no período seco, onde historicamente a derrubada da floresta tende a ser maior. O fato de termos no trimestre de 2022 a segunda maior área desmatada em 15 anos nos mostra que o desmatamento ainda segue em ritmo intenso na Amazônia”, ressalta Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.

O desmatamento não aponta preocupações locais, reflete o cenário mundial, segundo o relatório publicado em abril pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU). 278 cientistas de 65 países assinaram o documento ressalta que o mundo precisa reduzir pela metade a emissão de gases de efeito estufa ainda nesta década. As consequências são os fenômenos climáticos extremos, que segundo a pesquisa, ficarão mais frequentes e intensos. Exemplos cotidianos são as chuvas que causaram mortes e destruições na Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, e as secas no Sul e no Centro-Oeste, que já provocaram quebras nas safras e aumento no preço dos alimentos.

A pesquisadora diz que a mudança no uso da terra é o setor que mais emite os gases no Brasil. "Atualmente, principalmente por causa do aumento no desmatamento. Por isso, o país precisa priorizar ações de combate e controle da derrubada da floresta para redução das emissões”, explicou.

O Pará está em segundo lugar no ranking de desmatamento, com 27% da derrubada da floresta, 33 km². Desse total, 21% (7 km²) foram registrados dentro de duas unidades de conservação, a APA Triunfo do Xingu e Flona do Jamanxim. Áreas protegidas com maior derrubada na floresta em março, 5 e 2 km², respectivamente.

O primeiro lugar é do Mato Grosso, com 46% de todo o desmatamento registrado na Amazônia, correspondendo a 57 km² no mês de março. Terceiro mês consecutivo em que o estado liderou o ranking na região. Além disso, metade dos 10 municípios que mais desmataram ficam em solo mato-grossense: Nova Ubiratã, Juara, Feliz Natal, Porto dos Gaúchos e Juína. Juntos, eles somaram 35 km² de floresta derrubada, 61% do registrado no estado. “Num estado do tamanho do Pará, o segundo maior do país, ter mais de 20% do desmatamento dentro de dois territórios protegidos é muito preocupante, pois são áreas destinadas à conservação dos recursos naturais. Por isso, é necessário intensificar as ações de fiscalização”, alerta Amorim.

(Com informações do Imazon)

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