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Amazônia: 40% da exploração de madeira vêm da clandestinidade, indica pesquisador

Leonardo Sobral, do Imaflora, aborda aspectos da conciliação da exploração e preservação da Floresta Amazônica

Eduardo Rocha
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Um estudo recente feito pela Rede Simex (Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira), integrada pelo Imazon, Imaflora, Idesam e ICV, identificou, via imagens de satélite e mediante o cruzamento de licenças ambientais, que quase 40% da exploração madeireira da Amazônia é não licenciável, ou seja, é ilegal. Trata-se de exploração clandestina, de vez que se entrou em determinada área e foi retirada madeira sem licença.

Essa informação é fornecida pelo gerente de Cadeias Florestais do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflor), Leonardo Sobral. A seguir, em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, ele fala sobre o tema. Confira:

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Recentemente, o Imaflora promoveu o V Fórum de Soluções em Legalidade Florestal - O Futuro do Setor Florestal na Amazônia, reunindo especialistas e gestores de órgãos públicos e da iniciativa privada em Belém. Então, por onde passa o futuro do setor florestal na Amazônia, em especial, no Pará?

Esse futuro passa pela adoção do manejo florestal sustentável na prática, na produção. A gente só vai ter uma cadeia florestal bem sucedida se a gente tiver madeira de origem sustentável, a produção sendo feita obedecendo a práticas ambientais, sociais, econômicas, ou seja, com o equilíbrio entre esses três pilares. O manejo florestal sustentável é a forma de você extrair da floresta os produtos, seja madeira ou algum produto da gestão não madeireira, de forma racional e sustentável. Você mantém a floresta em pé, você tira somente aquilo que a floresta oferece e tem de estoque. Retirar árvores previamente selecionadas por engenheiros florestais, com um inventário florestal e técnicas para se causar o menor impacto possível à floresta.

Se não for adotado esse procedimento, o que acontece?

Ocorre, então, a exploração predatória. De forma aleatória, são retiradas as árvores potenciais, o maquinário empregado também não é adequado, e com isso você acaba com a floresta, do ponto de vista ecológico, da biodiversidade. Essa floresta passa a não ter mais valor e consequentemente ela vai ser desmatada. A floresta só vai ser mantida em pé se ela tiver mais valor em pé que deitada. A forma de manter a floresta em pé e valorizar essa floresta é você valorizar todos os produtos que vêm da floresta. No caso da madeira, aquela que vem de manejo florestal sustentável, certificada. 

A rede Simex fez um mapeamento por meio de imagens de satélite, e identificou todas as áreas que tiveram exploração madeireira na Amazônia. E a gente cruzou com as licenças ambientais, e com isso a gente conseguiu diferenciar as áreas exploradas licenciadas das não licenciadas, sem licenciamento. E cerca de 40% de toda a área mapeada não tinha licença, então, considerada como áreas exploradas ilegalmente. A produção madeireira amazônica gira em torno de 10 a 12 milhões de metros cúbicos de madeira em tora por ano, e, com 25 milhões de hectares, como concessão florestal, essa produção seria sustentável.

Qual a importância desse dado no contexto da produção e da preservação ambiental na Amazônia?

Hoje, as organizações da sociedade civil e o governo já têm ferramentas suficientes para conseguir detectar essas atividades ilegais. O que precisa são de incentivos para adoção do manejo florestal, ou seja, ter mais áreas disponíveis, por exemplo, sobre concessões florestais é uma forma de incentivo. Mas não só isso. Tem que fomentar o comando e controle, as fiscalizações dos órgãos ambientais precisam estar presentes, em campo, de forma eficiente. Com a exploração iegal, todos perdem, na geração de empregos de qualidade, na geração de renda.

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