Além do conhecimento, a alimentação e o controle da ansiedade podem levar ao sucesso nas provas do Enem

Nos próximos dias 3 e 10 de novembro, 5,09 milhões de brasileiros inscritos devem fazer as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Embora seja o menor número de inscritos confirmados desde 2010, eles ainda causam arrepios nos candidatos e a tensão nessa reta final é quase inevitável para muitos deles. Porém, os candidatos ao Enem não devem se preocupar somente com o conhecimento, mas com seu bem-estar, que envolve a boa alimentação, o descanso evitando o estresse e a ansiedade. É o que orientam especialistas na área da saúde para ajudar no rendimento do candidato antes, no dia da prova e na hora dos testes. 

Na reta final para as provas do Enem, a nutricionista Fernanda Cavalcante, especialista em nutrição clínica, bariátrica e esportiva, enfatiza que a alimentação é importante para ajudar na concentração, pois a quantidade de nutrientes ingeridos de forma inadequada na semana anterior e durante a semana da prova podem prejudicar nas provas.

“A pessoa fica mais ansiosas e acaba fazendo a ingestão de açúcares em excesso na semana anterior. Isso vai deixar a pessoa mais cansada e indisposta. Então, pelo menos nessa semana que antecede às provas, pode tentar consumir alimentos mais integrais, como pão e arroz e mais frutas. Tentar a ansiedade não tomar conta e não consumir muita insulina, como doces e chocolates, porque isso, além de a pessoa ficar mais ansiosa, fica mais cansada e não consegue render muito nos estudos”, afirma a especialista.

Fernanda Gomes, de 18 anos, irá fazer a prova para disputar uma vaga no curso de biotecnologia. A estudante conta que segue uma rotina de estudos equilibrada e não costuma virar a noite estudando. "Eu estudo como qualquer outro aluno, porém, algo que me sinto diferente de muitos dos meus colegas é que eu não costumo virar a noite estudando ou deixo de ter meus momentos de lazer, acredito que isso seja necessário para essa fase da vida então sigo o ritmo que meu corpo aguenta", revelou. Sobre alimentação, ela disse não ter mudado muita coisa. Mas aposta em um bom sono para ajudar na concentração. "Eu não tive nenhuma mudança na alimentação, mas quanto ao descanso, procuro dormir ao máximo e não perder o foco durante as aulas" acrescentou.

Como se alimentar nos dias das provas?

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a aplicação das provas segue o horário de Brasília, dependendo do local. No Pará, abertura dos portões ocorre às 12h e fechamento dos portões às 13h, início das provas,13h30. O fim da prova no dia 3 é às 19h (horário de Brasília) e o fim da prova no dia 10 é às 18h30 (horário de Brasília).

Dessa forma, para os dias das provas, a nutricionista Fernanda Cavalcante orienta que os cuidados com a alimentação dos candidatos precisam ser logo cedo. No café da manhã, ao longo desses dias, ela orienta que sejam consumidas mais proteínas, como ovos e omeletes; abacate e castanhas, pois são alimentos que ajudam nas composições legais para ativação maior do cérebro”.

Em caso de fazer o almoço ao acordar, até 40 minutos antes de sair de casa, a nutricionista orienta que consuma os carboidratos complexos. “Os carboidratos complexos são melhores indicados, porque os simples digerem muito rápido e a fome aumenta também. Assim, pode almoçar uma três a quatro colheres de arroz integral ou um pegador de macarrão integral; legume cru, pois leva mais tempo para digerir e não fermentem tanto, como tomate, alface, pepino. O feijão, se for de cotidiano da pessoa, pode comer, além de uns dois pedaços de proteína mais magra”.

Na hora do almoço e janta, ela recomenda que no lugar do arroz branco usar arroz integral, ou trocar por legumes de raiz, como batata, cenoura e beterraba, que são carboidratos complexos, adicionar proteína magra, como frango e peixe ou carne mais grelhada.

“Para também não ficar muito pesado e depois do almoço não ficar muito cansado querendo dormir. E o feijão, que é fonte de ferro, mas, de preferência, para quem é acostumado a consumir feijão, para evitar que passe mal e tenha intercorrência. Há pessoas que não estão acostumadas com arroz e macarrão integral. Em geral, é bom não mudar totalmente a alimentação perto da prova para não passar mal. A mudança precisa ser lenta para não ter efeito contrário”, alerta a nutricionista.

Para os lanches pode adquirir iogurtes, castanhas do Pará e de caju, barrinhas de lances, se estiver estudando, frutas, vitaminas de frutas, farelo de aveia na vitamina, que tem complexo B, e é bom para o cérebro.

Na hora da prova é importante tomar gole de água a cada 30 minutos, levar fruta, iogurte, castanha, barre de proteína e não de cereal, pois este pode dar mais fome. “Evitar levar bombom e chocolate para a prova, pois fazem subir a insulina mais rápido e aumenta a ansiedade. Contudo, dormir bem na noite anterior e tentar espairecer a mente pelo menos três dias antes das provas. Isso tudo ajuda a pessoa render mais e ficar mais ativa às provas”, finaliza a nutricionista Fernanda Cavalcante.

Ansiedade e pressão

A ansiedade pode também impactar negativamente o resultado da prova, caso não seja possível o controle deste sentimento. Ela pode ser gerada pela cobrança direta ou indireta feita pela família, amigos e parentes em relação ao candidato. Ou mesmo pela insônia, estresse, ausência ou excesso de fome, desconcentração.

Para a assistente social Vanessa Rodrigues, pós-graduada em Saúde Pública, é importante que a família, amigos e parentes mantenham uma relação de apoio e não de cobrança junto aos candidatos. “É bom que essa relação seja de incentivo e apoio, fazer com que tenha menos atividade em casa e haja mais tempo para estudos, não cobrar nos encontros de família e deixar a pessoa se desenvolver”.  

Existem algumas atitudes do próprio aluno que podem ajudar a evitar a ansiedade. Uma delas é que na semana que antecede à prova o candidato tenha o controle sobre o local e horário das provas.

"Na semana que antecede a prova é imprescindível que faça planejamento, principalmente, indo ao local da prova, porque muitos estudantes não o fazem e, no percurso da prova, ocorre alguma situação que não é favorável e acaba chegando ofegante, com dificuldade de concentração e isso interfere diretamente no rendimento da prova", disse Vanessa.