30 meses de pandemia: especialista garante que o Brasil vive quarta onda de covid-19

Médico infectologista também traça um panorama da covid-19 nos últimos 30 meses

Laís Santana
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O panorama dos 30 meses da pandemia de covid-19 no Brasil foi assunto da conferência "Covid-19: passado, presente e futuro", realizada na última quinta-feira (29), em Belém, com a participação do médico infectologista e presidenta da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT), Júlio Croda. Na ocasião, o especialista concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Liberal, onde garantiu que o Brasil vive a quarta onda da doença, além de abordar os desafios para o enfrentamento da doença na região Norte.

1- Quais os principais desafios de se combater a doença na região? 

Primeiro, no início da pandemia, foi garantir acesso a diagnóstico. Foi muito difícil, principalmente no momento em que tínhamos somente o RT-PCR. Depois com o teste de antígeno foi possível sim distribuir esse teste nas diferentes regiões e cidades mais distantes da capital. Nesse momento, a dificuldade maior na região Amazônica é garantir vacinação para populações mais ribeirinhas, comunidades indígenas, comunidades mais isoladas tenham acesso às doses de vacina e doses de reforço, e também, eventualmente, ter uma boa estrutura de leitos hospitalares de terapia intensiva. 

2-O clima tropical é um fator determinante para a doença? 
O clima tropical é um importante fator para o aparecimento de novas pandemias, a gente sabe que nas regiões de trópicos muito provavelmente vão surgir novos vírus, principalmente dessa relação com a natureza, dessa capacidade de surgirem novas zoonoses. A gente sabe que a covid-19 não deixa de ser uma zoonose porque ela fez a transição do animal para o homem, então é possível que outras zoonoses façam essa transição, principalmente em regiões com elevadas biodiversidades como a região amazônica. E com a exploração desse meio ambiente, reservatório dessa biodiversidade onde podem existir vírus que possa sofrer mutações e fazer essa transição do animal para o humano, e se configurar em uma nova emergência de saúde pública. 

3- Qual a sua opinião a respeito da resistência das pessoas em tomar a vacina? Como combater isso? 

Uma das causas da baixa cobertura é o acesso à informação de qualidade. A gente teve muita dificuldade, o Ministério da Saúde não colaborou com isso, não produziu campanhas informativas de qualidade, os estados tiveram muita dificuldade em suprir essa necessidade da comunicação, os municípios também, principalmente nos locais mais distantes com pouco acesso à informação, com isso se disseminou muita fake news nas redes sociais e aplicativos de mensagem e o poder público não foi capaz de lidar com isso de uma forma assertiva. Então, para o aumento da cobertura vacinal é preciso garantir o acesso da população e realizar campanhas de comunicação mais eficazes. 

4- Estaríamos vivendo a quarta onda de covid-19 na região?

Estamos vivendo uma quarta onda de covid-19 em todo Brasil, com um aumento importante no número de casos, associado a uma nova variante da Ômicron BA4 ou a subvariante BA5. Existe um aumento mais importante de casos nas regiões sul, centro-oeste e sudeste, aqui mais recentemente a gente vê uma positividade de testes maior. O impacto dessa nova onda depende das coberturas vacinais, quando maior a cobertura, menor será o impacto em termos de hospitalização e óbito. 

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