UE adota novas sanções contra Belarus e recomenda evitar espaço aéreo do país

Medidas são uma resposta a incidente diplomático ocorrido no último domingo (23) envolvendo um voo comercial da Ryanair em Minsk

Agencia Estado

A União Europeia impôs ontem novas sanções econômicas contra Belarus e puniu a companhia aérea do país, que está proibida de usar o espaço aéreo europeu. As medidas foram uma resposta ao ditador belarusso, Alexander Lukashenko, que obrigou um voo comercial da Ryanair a dar meia volta e pousar em Minsk, no domingo, para prender um jornalista dissidente que estava a bordo.

Lukashenko, de 66 anos, é frequentemente chamado de o "último ditador da Europa" por observadores internacionais e diplomatas. Ele governa Belarus desde 1994 e já foi reeleito cinco vezes. A última, em agosto de 2020, ele obteve mais de 80% dos votos. A oposição, liderada por Sviatlana Tsikhanouskaia, e o Ocidente contestaram o resultado.

A população também não acreditou no processo eleitoral e foi às ruas protestar. As manifestações foram brutalmente reprimidas, 1,5 mil pessoas ficaram feridas, 32 mil foram presas. A oposição foi dizimada. Quem não foi para a cadeia, fugiu para o exílio. Era o caso do jornalista Roman Protasevich, que teve um papel importante na organização dos protestos.

Protasevich estava entre os 123 passageiros do voo FR4978 da Ryanair, que ia de Minsk para Vilna, capital da Lituânia. Quando o Boeing 737 estava prestes a entrar no espaço aéreo lituano, os controladores de voo mandaram o avião retornar, alegando a presença de explosivos a bordo. Caças MiG-29 interceptaram a aeronave, que pousou em Minsk.

No desembarque, as autoridades não encontraram nenhuma bomba, mas prenderam Protasevich e sua namorada russa, Sofia Sapega. O jornalista foi acusado de envolvimento em "atividades terroristas". Ele pode pegar até 15 anos de prisão. Ontem, ele apareceu em um vídeo divulgado por canais de TV estatais confessando ter organizado distúrbios em Minsk.

"As pessoas estão se comportando comigo de forma totalmente adequada e em total respeito à lei. Continuo colaborando com os investigadores e comecei a confessar sobre a organização de manifestações maciças", disse Protasevich, que exibia uma marca acima do olho direito.

A UE considerou o desvio de rota como um "sequestro" da aeronave - e ontem anunciou mais sanções contra Belarus. As novas medidas serão voltadas contra empresas que financiam o regime e os envolvidos na prisão do jornalista. Eles se juntarão às cerca de 60 autoridades belarussas já punidas, incluindo Lukashenko e seu filho Victor, pela repressão aos protestos.

A linha aérea Belavia, estatal belarussa, foi proibida de usar o espaço aéreo e os aeroportos do bloco. A UE também recomendou que as companhias europeias evitassem o espaço aéreo de Belarus. O Reino Unido adotou as mesmas medidas e também responsabilizou a Rússia, que é fiadora do regime de Lukashenko.

O chanceler russo, Seguei Lavrov, disse ontem que as sanções são "exageradas". Ele citou um incidente de 2013, quando a Áustria reteve o avião oficial da Bolívia, levando Evo Morales, que voltava de Moscou, por achar que Edward Snowden, ex-analista da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, procurado pelos americanos, estava a bordo.

(Com agências internacionais)

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