'Preciso de uma posição do Brasil', diz presidente da Ucrânia sobre guerra com a Rússia

Em entrevista à Globo, Volodymyr Zelensky deu detalhes sobre a conversa que teve com o presidente Jair Bolsonaro e criticou a neutralidade do Brasil durante o conflito

O Liberal
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A postura de neutralidade que o Brasil vem mantendo em questões envolvendo a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, iniciada no dia 24 de fevereiro deste ano, foi criticada pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Eu não acredito que alguém possa se manter neutro quando há uma guerra no mundo”, declarou Zelensky, em entrevista exclusiva à jornalista Raquel Krähenbühl, da Globo.

Durante a entrevista, ele falou sobre a conversar por telefone que teve com o presidente da República, Jair Bolsonaro. Agradeceu ao mandatário brasileiro e informou que essa não foi a primeira conversa entre os dois, mas ressaltou que não concorda com a posição de neutralidade demonstrada.

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“Vamos pensar sobre a Segunda Guerra Mundial. Foi assim. Muitos líderes ficaram neutros num primeiro momento. Isso permitiu que os fascistas engolissem metade da Europa e se expandissem mais e mais, capturando toda a Europa. Isso aconteceu por causa da neutralidade. Ninguém pode ficar no meio do caminho, ninguém pode dizer ‘vou ser um mediador’. Mediador de quê? Um mediador na guerra? Entre quem? A guerra não é entre a Ucrânia e a Rússia, é a guerra da Rússia contra o povo ucraniano. Porque, mais uma vez, eles estão no nosso território. Nós não chegaremos a um meio-termo porque um país declarou guerra contra o outro”, declarou.

Segundo Zelensky, essa opinião contra a neutralidade foi repassada ao presidente Bolsonaro durante a conversa entre os dois.  “Eu disse isso para o presidente: ‘Preciso de uma posição do Brasil. Eu conto com o seu povo, eu sei que tipo de pessoas estão lá, elas são maravilhosas. Eu tenho certeza de que elas apoiam os mesmos valores que nós apoiamos. Independentemente da língua que falamos. Somos um só povo’”, afirmou. “Nós respeitamos nossos vizinhos. Aqui, meu vizinho tem filhos e eu o ajudo quando ele precisa, quando os filhos ficam doentes. Temos o mesmo sentimento. Só queremos viver e respeitar as leis e, assim, sermos respeitados. Queremos trabalhar e alimentar nossos filhos, isso nos faz humanos. Não estamos tão longe assim uns dos outros, não há diferença entre os nossos valores, só há distância em quilômetros. E, por isso, acredito que o Brasil é como qualquer outro país da América Latina”, completou.

Essa foi a primeira entrevista do presidente ucraniano a um veículo de imprensa da América Latina desde o início da guerra. Ele ressaltou que espera que o Brasil esteja ao lado da Ucrânia no conflito. “Eu disse para ele (Bolsonaro): ‘Queremos o apoio do Brasil’. Eu disse: ‘Se amanhã alguém atacar vocês, não ficaremos neutros, independentemente do histórico da nossa relação com esse país que venha a violar a sua soberania. Se alguém capturar a sua terra, matar o seu povo, estuprar as suas mulheres, torturar as suas crianças, como poderei dizer que sou neutro? Eu não tenho esse direito, esse é o mundo moderno’. Escolhendo a neutralidade, permitimos ao senhor Putin (Vladimir Putin, presidente da Rússia) pensar que não está sozinho neste mundo, só isso. E as outras coisas, relações comerciais, são secundárias. Isso se desenvolve. Mas é preciso haver respeito pelo povo, de um país pelo outro, de um líder pelo outro”.

Segundo Zelensky, durante a conversa, o presidente Jair Bolsonaro informou que apoia a soberania e a integridade territorial da Ucrânia. “Eu quero acreditar nisso. Ele me falou assim: ‘O Brasil realmente compreende a dor do que está acontecendo com vocês, mas a nossa posição é neutra’”.

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