Política 'Covid-zero' ameaça estabilidade financeira da China
Governos locais são encarregados por realizar testes em massa e aplicar quarentena
A política “Covid-zero” adotada pelo governo chinês pode ameaçar a estabilidade financeira do país asiático. Apesar da China sinalizar que as medidas de restrição podem se flexibilizar, o desafio agora é outro: a sobrecarga dos governos locais devido aos custos dos testes em massa e quarentenas podem forçar cidades a cortar ou reduzir outros serviços vitais. Com informações da CNN.
VEJA MAIS
Em 2020, a China se manteve fora da recessão por conta das rígidas ações de combate à covid-19, colocando uma pressão financeira extraordinária nas autoridades municipais do país mais populoso do mundo.
Segundo o associado do China Center na Universidade de Oxford, se os bloqueios e testes em massa persistirem, “os riscos à estabilidade financeira aumentarão”, afirmou ao CNN Business.
“Os governos locais estão sob enorme pressão do custo de manter o 'Covid-zero', e já podemos ver isso na sustentabilidade da dívida de várias entidades e [em] instâncias em que os serviços públicos estão sendo reduzidos, ativos ou serviços locais vendidos e assim por diante”, explicou o associado.
As receitas dos municípios dependem fortemente da venda de terras e são mais vulneráveis do que o governo central. Eles gastaram 11,8 trilhões de yuans (R$ 8,79 trilhões) a mais do que arrecadaram em receita entre janeiro e outubro, tomando empréstimos pesados para isso, segundo dados do Ministério das Finanças da China.
A saúde econômica da China está ameaçada pela dívida crescente do governo. Além do risco de débito dos municípios, a capacidade do governo de estimular o crescimento, estabilizar o emprego e expandir os serviços públicos será reduzida.
Por quase três anos, os governos locais suportaram o peso da aplicação dos controles pandêmicos. Eles tiveram que pagar por testes regulares em massa, estadias obrigatórias em quarentena e outros serviços durante bloqueios frequentes, resultando em gastos crescentes, mesmo com a estagnação da receita.
Mas eles enfrentam déficits de receita em relação às suas necessidades de gastos. Eles respondem por metade das receitas do governo geral, mas representam mais de 85% dessas despesas, de acordo com analistas.
(*Emilly Melo, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política)
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA