Floresta Amazônica mais alta: Estudo revela crescimento de árvores impulsionado por CO2
Pesquisa inédita publicada na Nature Plants revela que o dióxido de carbono estimulou o crescimento das árvores amazônicas; veja o papel da Amazônia na absorção de carbono e o alerta dos cientistas

A Amazônia está ficando mais alta, e a explicação pode estar ligada aos crescentes níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. Um projeto internacional pioneiro, envolvendo quase 100 pesquisadores do Brasil, América do Sul e Reino Unido, monitorou o bioma por cerca de 30 anos e descobriu que a média do tamanho das árvores amazônicas aumentou 3,2% a cada década.
O estudo inédito, publicado na revista científica Nature Plants nesta quinta-feira (25), é o primeiro a medir como o excesso de CO2 alterou diretamente a estrutura das árvores da Amazônia.
CO2 aumenta o tamanho das árvores, apontam cientistas
Cientistas de mais de 60 universidades participaram do monitoramento, revelando uma notícia positiva em meio às preocupações com as mudanças climáticas.
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"Ouvimos regularmente como as mudanças climáticas e a fragmentação estão ameaçando as florestas amazônicas. Mas, enquanto isso, as árvores em florestas intactas cresceram. Mesmo as maiores árvores continuaram a prosperar, apesar dessas ameaças," afirma a professora Beatriz Marimon, da Universidade do Mato Grosso, que coordenou parte da coleta de dados.
O levantamento detalha que tanto as árvores grandes quanto as menores foram beneficiadas pela alta do CO2 atmosférico, resultando em seu aumento de tamanho.
Adriane Esquivel-Muelbert, da Universidade de Cambridge, autora principal do artigo, destaca a importância da descoberta: "Antes da COP30 [30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima] no Brasil, no fim deste ano, esses resultados ressaltam o quão importantes as florestas tropicais são em nossos esforços contínuos para mitigar as mudanças climáticas causadas pelo homem."
O papel essencial da Amazônia na absorção de carbono
A Amazônia e suas árvores desempenham um papel crucial na absorção de CO2 atmosférico por meio da fotossíntese. Esse processo vital remove carbono do ar, convertendo-o em matéria orgânica e liberando oxigênio, atuando como um "pulmão do mundo" e um freio natural contra o aquecimento global.
Embora o aumento de CO2 na atmosfera , causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento, intensifique o efeito estufa, o estudo demonstrou que, por enquanto, a resiliência da floresta amazônica faz com que o gás carbônico estimule o crescimento das árvores, e não o contrário.
A pesquisa também identificou que as árvores maiores conseguiram dominar a competição por recursos. No entanto, os cientistas alertam que a resiliência da floresta não é infinita.
"O que acontece com as grandes árvores — incluindo como elas lidam com as crescentes ameaças climáticas e conseguem dispersar suas sementes — agora é crucial. A única maneira de as gigantes se manterem saudáveis é se o ecossistema da Amazônia permanecer conectado. O desmatamento é um enorme multiplicador de ameaças e as matará se permitirmos," conclui Oliver Phillips, da Universidade de Leeds, coautor do artigo.
Futuras pesquisas buscarão entender as implicações a longo prazo desse crescimento e como as mudanças climáticas podem, eventualmente, prejudicar a capacidade da Amazônia de absorver carbono.
(Riulen Ropan, estagiário de Jornalismo, sob supervisão de Enderson Oliveira, editor web de oliberal.com)
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