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COP Talks promove debate democrático sobre o futuro sustentável em Belém

Evento exclusivo para convidados transformou o recém-inaugurado Espaço Romulo Maiorana em um palco para a discussão democrática da sustentabilidade, bioeconomia e o legado da COP 30, que será sediada em Belém

Gabriel da Mota

O Grupo Liberal realizou na noite desta quinta-feira (25), em sua sede, na avenida Romulo Maiorana, em Belém, o primeiro de uma série de encontros sobre a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30): o COP Talks. O evento, em formato de talk show, reuniu especialistas, empresários e convidados para debater os desafios ambientais da Amazônia e o legado da COP 30 para a região e o mundo.  

O evento marcou a inauguração do Espaço Romulo Maiorana, um local multiuso com capacidade para 100 pessoas, projetado para rodas de conversas sistemáticas e debates sobre temas estratégicos para o Pará, como ativismo socioambiental, desenvolvimento sustentável e cadeias produtivas locais. O espaço conta com estrutura completa de áudio e vídeo, transmissão ao vivo e link dedicado, permitindo que o conteúdo seja distribuído em todas as plataformas do Grupo Liberal. A partir de novembro, o local terá uma agenda contínua, promovendo rodas de conversa a cada 15 dias – o Lib Talks –, transformando debates e entrevistas em material jornalístico para reforçar a estratégia multiplataforma do grupo na Amazônia.

COP Talks inaugurou o Espaço Romulo Maiorana

Palco para a democracia

Ronaldo Maiorana, CEO do Grupo Liberal, inaugurou o evento enfatizando o propósito do novo espaço: promover um debate plural e democrático. "Esse espaço é para o debate. Debate é uma coisa tão bonita, o contraditório é lindo", disse. Ele reforçou a missão jornalística do grupo:

"A nossa missão é essa. Não só noticiar, opinar, informar de um modo geral, mas comunicar e dar voz a todos, independentemente de credo, etnia, opções. Todos merecem voz e respeito", afirmou.

O CEO também agradeceu o empenho da equipe que finalizou a obra do espaço em 50 dias.

Rose Maiorana, vice-presidente do Grupo Liberal, classificou o COP Talks como um momento democrático para falar sobre a COP 30.

"A ideia do evento é proporcionar um momento democrático para a gente falar sobre a COP. Todos os palestrantes podem falar o que quiserem, e o público também", explicou.

Rose sublinhou a urgência do tema: "Com tantas mudanças climáticas, nossos netos poderão não ver mais água na praia", disse, destacando a necessidade de abordar a sustentabilidade e o meio ambiente. A vice-presidente também citou a oportunidade de reunir parceiros comerciais e empresários.

O legado de Belém como capital do mundo

A jornalista e mediadora Nélia Ruffeil celebrou a importância de Belém sediar o evento global, que está a menos de dois meses de distância. "Belém vai ser a capital do mundo daqui a menos de dois meses", afirmou, citando a aprovação desta quinta-feira (25) na Câmara Federal para a transferência simbólica da capital do Brasil para Belém durante a COP 30, o que reforça o protagonismo da Amazônia no debate. Para ela, o debate deve ser conduzido "a partir da Amazônia com amazônidas", focando em desafios ambientais da Amazônia com a COP 30 e o legado para a região e o mundo.

A mediadora ressaltou a necessidade de discutir o que permanece de concreto para a população, para além das obras de infraestrutura, como saneamento básico e mobilidade, sublinhando que Belém carece desses serviços. Nélia frisou, no entanto, que a região possui soluções de sustentabilidade e bioeconomia que podem servir de modelo global, destacando a importância de mostrar os cases da iniciativa privada que já atuam com uma agenda climática e ESG.

"A gente precisa ter esse otimismo, porque a gente tem soluções. A gente precisa acreditar, ter vontade política e conhecimento científico também", concluiu.

Painelistas alertam para o 'ponto de não retorno'

João Arroyo, doutor em Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, celebrou o COP Talks como um momento singular e criador de um diálogo raro, que precisa ser expandido para além da academia e do Grupo Liberal.

"Nós precisamos sentar numa mesa redonda mesmo. Academia, empresa, movimentos sociais, governos. Estamos no mesmo barco", alertou.

O pesquisador defendeu que a única forma de progredir é através do desenvolvimento da inteligência da sustentabilidade, que se traduz na inteligência do diálogo para a construção do "ganha-ganha". "Se tiver alguém que perde, esse que perdeu vai puxar para baixo, de algum jeito. Então, se a gente não pode ter quem perca, nós temos que incluir, e nós temos muito para incluir", enfatizou.

O biólogo e pesquisador Luciano Montag trouxe o alarme sobre o avanço da crise ambiental, indicando que a Amazônia se aproxima do que os cientistas chamam de tipping point (ponto de não retorno). Montag apresentou evidências desse colapso, sobretudo no ambiente aquático.

"Nós estamos perdendo espécies aquáticas e também terrestres que a gente nem conhece", afirmou.

O biólogo ressaltou que, uma vez perdidas, essas comunidades não podem mais ser recuperadas, e a degradação em algumas áreas já é tão avançada que não se sabe como será possível reverter. Diante disso, ele indicou a recuperação florestal e de áreas degradadas como "extremamente importante para a Amazônia".

image COP Talks reuniu especialistas, empresários e convidados no novo Espaço Romulo Maiorana (Igor Mota / O Liberal)

Gilmar Pereira da Silva, reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), trouxe um questionamento crítico sobre a maneira como a Amazônia é debatida. Ele observou que, desde a Rio-92, o debate principal tem sido a Amazônia, mas, muitas vezes, sem viver a Amazônia, apenas com base em teorias.

O reitor destacou que Belém sediar a COP 30 oferece uma oportunidade diferenciada por ser no território amazônico. No entanto, ele criticou a superficialidade de alguns discursos, citando a polêmica sobre a falta de hotéis de alto padrão na capital.

"Me surpreende muito as pessoas fazerem um discurso em defesa da Amazônia, pessoas que estudam a região mas não querem ficar aqui por uma semana se não for num hotel de cinco estrelas e barato. Esse é o primeiro desafio que a gente precisa enfrentar", questionou.

image Gilmar Pereira da Silva, reitor da UFPA, e Taynara Gomes, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Pará (CAU/PA), participaram do segundo painel da noite (Igor Mota / O Liberal)

Taynara Gomes, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Pará (CAU/PA), apontou que as últimas COPs têm sido marcadas por lacunas e decepções em relação a avanços concretos nos acordos internacionais. “A COP passada foi um fiasco de financiamento climático. Existia uma expectativa de movimentação financeira muito maior daquilo que foi, e agora a gente está muito perto para conseguir, de fato, pressionar e monitorar. Eu tenho essa expectativa de que o saldo seja bem maior”, afirmou. 

Agronegócio e arte como parceiros de solução

O debate também contou com a apresentação de cases de sucesso de patrocinadores, que trouxeram a perspectiva de diferentes setores atuantes na sustentabilidade da Amazônia. Guilherme Minssen, diretor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), destacou a contribuição do agronegócio paraense, citando as soluções sustentáveis em sete clusters de produção. "Estamos produzindo mais e melhor em menor área, menos tempo e com ambiente equilibrado. Hoje, a produção que temos no Pará não só é muito eficiente, mas é sustentável e traz para nós uma das grandes soluções para o planeta", avaliou. Minssen elogiou a iniciativa do Grupo Liberal por incluir o setor primário no debate.

image Guilherme Minssen, diretor da Faepa, destacou a contribuição do agronegócio paraense para a elaboração de soluções sustentáveis (Igor Mota / O Liberal)

O cantor e compositor Nilson Chaves, um dos convidados especiais na plateia, ressaltou o papel da arte na conscientização. "Acho que o momento é fundamental. O planeta, no geral, tem sérias sequelas, e a gente precisa retomar essa reflexão sobre como proteger isso tudo, não só a Amazônia", analisou. Ele defendeu que a arte deve continuar a mostrar a beleza da Amazônia para provocar o amor e a defesa.

"Eu acho que você tem que criar mostrando a beleza da Amazônia, porque dessa forma você pode provocar amor nas pessoas, e quando você ama, você defende", refletiu.

O evento contou, ainda, com um buffet fornecido pelas empresas Bee Pâtisserie e Boulangerie e Amazônia Na Cuia.

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COP 30
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