Comer doces e tomar refrigerantes pode ser fatal na meia-idade

Ter uma queda por doces pode levar a doenças cardíacas e morte precoce, sugeriu um novo estudo feito no Reino Unido.

Cientistas da Universidade de Oxford acompanharam os hábitos alimentares de 116 mil pessoas por até 15 anos e verificaram se elas haviam sido hospitalizadas ou morreram.

Eles descobriram que pessoas que consumiam regularmente barras de chocolate e bebidas açucaradas eram mais propensas a engordar e sofrer de doenças cardíacas na meia-idade do que as que se abstinham delas.

O estudo destacou que duas dietas aumentam o risco de alguém desenvolver doenças cardíacas. O primeiro era uma dieta rica em gordura saturada, envolvendo chocolates, manteiga e carne processada em vez de frutas frescas, vegetais e fibras.

E a segunda envolvia alimentos com açúcares processados, incluindo refrigerantes, sucos de frutas e açúcar de mesa, evitando queijo com alto teor de gordura e manteiga.

Eles descobriram que aqueles que comeram a primeira dieta tinham 7% mais chances de sofrer de doenças cardiovasculares na meia-idade, enquanto para o outro grupo tinha 4% mais chances de enfrentar o problema.

Homens

Pessoas que comem mais chocolate, doces, alimentos gordurosos e pão branco tendem a ser do sexo masculino, com menos de 60 anos, fumantes e de origens mais pobres, segundo o estudo.

A gordura saturada é conhecida por obstruir as artérias, levando a doenças cardíacas. E a pesquisa sugere que os açúcares processados ​​aumentam a pressão sanguínea e podem estimular o fígado a introduzir gorduras prejudiciais na corrente sanguínea.

Cerca de 7,6 milhões de pessoas na Grã-Bretanha sofrem de doenças cardíacas, sendo os homens 4 milhões e as mulheres 3,6 milhões. É a principal causa de morte no Reino Unido, matando um em cada quatro homens e um em cada cinco. Nos EUA, o número é de 30,3 milhões.

No Brasil, as doenças cardiovasculares representam as principais causas de mortes. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 300 mil indivíduos por ano sofrem infarto agudo do miocárdio, ocorrendo óbito em 30% desses casos. Estima-se que até 2040 haverá aumento de até 250% desses eventos no país.

Respostas

Os cientistas pediram aos participantes na Inglaterra, Escócia e País de Gales com idades entre 37 e 73 anos que preenchessem questionários online sobre suas dietas diárias até cinco vezes entre 2006 e 2010.

Eles então compararam isso com os números que foram hospitalizados ou morreram de 2017 a 2020.

A médica Carmen Piernas, do Departamento de Ciências da Saúde da Atenção Básica de Nuffield, que liderou o estudo, disse que as pessoas precisam estar cientes dos perigos de comer açúcar.

Ela disse: “A doença cardiovascular é uma das principais causas de morte e incapacidade no Reino Unido e uma dieta pobre é um dos principais contribuintes para isso. As orientações dietéticas mais comuns baseiam-se nos nutrientes encontrados nos alimentos, e não nos próprios alimentos, e isso pode ser confuso para o público. Nossas descobertas ajudam a identificar alimentos e bebidas específicos que são comumente consumidos na Grã-Bretanha e que podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares e mortalidade."

A análise publicada na BMC Medicine descobriu que aqueles que comiam mais chocolate, confeitaria, manteiga e pão branco eram provavelmente homens, mais jovens e de origem pobre.

Eles também tendem a ser fumantes, menos ativos fisicamente, convivendo com obesidade ou com hipertensão.

Os participantes que consumiram refrigerantes, suco de frutas e conservas tiveram um risco aumentado de doenças cardiovasculares e mortalidade - embora tendessem a ser fisicamente ativos.

Eles também eram menos propensos a serem fumantes ou conviver com obesidade, hipertensão, diabetes ou colesterol alto.

Mulheres

Mulheres com menos de 60 anos ou que eram obesas em particular tinham maior risco de doenças cardiovasculares, se consumissem uma dieta rica nesses alimentos.

Os participantes foram recrutados para o projeto UK Biobank entre 2006 e 2010. Eles relataram refeições e lanches durante as 24 horas anteriores em duas a cinco ocasiões.

Cálculo

Os pesquisadores então identificaram os nutrientes e alimentos ingeridos. A incidência de doenças cardiovasculares e mortalidade foi calculada usando registros de admissão hospitalar e registro de óbito até 2017 e 2020, respectivamente.

O Carmem disse: “Nossa pesquisa sugere que comer menos chocolate, confeitos, manteiga, pão com baixo teor de fibras, bebidas adoçadas com açúcar, suco de frutas (adoçado), açúcar de mesa e conservas pode estar associado a um menor risco de doença cardiovascular ou morte durante a meia-idade. Isso é consistente com pesquisas anteriores que sugeriram que comer alimentos que contêm menos açúcar e menos calorias pode estar associado a um menor risco de doenças cardiovasculares.”