Brasileiros no conflito Ucrânia x Rússia: Frente BrazUcra já conta com 1.500 membros

Grupo realiza resgates em zonas de conflito no território ucraniano e também distribui mantimentos para refugiados

Eduardo Laviano
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Desde que a guerra iniciou na Ucrânia, diversos brasileiros estão voluntariamente ajudando compatriotas e demais refugiados do país europeu. Clara Magalhães é uma delas. Na fronteira com a Polônia, ela desenvolve uma força-tarefa no comando do grupo Frente BrazUcra, que começou com ela oferecendo um lugar para dormir no apartamento dela em Leipzig, no leste alemão, e se tornou um grupo com mais de 1.500 membros. Hoje, a Frente BrazUcra realiza resgates em zonas de conflito no território ucraniano e também distribui mantimentos para refugiados

"Estou acompanhando as operações no solo desde a última sexta-feira. Moro no leste alemão desde agosto do ano passado. Na última semana, bem... eu nem sei dizer ainda como foi. Estou com foco. Tem coisa para fazer, então vamos fazer. Estou impressionada com o crescimento da operação e das mudanças rápidas, da estrutura que temos que montar, além da relevância que o grupo ganhou. Para mim, ainda é até estranho ficar dando entrevista. A motivação é completamente humanitária e por isso fico feliz. A pessoa que estava aqui sexta-feira nem poderia imaginar que as coisas chegariam até o ponto que estão agora. O mesmo vale para o meu eu de sábado e depois de domingo. Está sendo um constante aprendizado enquanto a gente desenvolve as operações de resgate. Tem sido uma semana de muitos desafios emocionais e físicos, operacionais e organizacionais, mas muito compensadora", afirma ela. 

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Rapidamente vários brasileiros também começaram a oferecer estadia em casas pela Europa e surgiu a necessidade de organizar quem poderia hospedar e quem precisava ser hospedado. Quando este estágio da Frente BrazUcra estava sendo organizado, diversos pedidos de resgate foram surgindo, o que expandiu ainda mais a atuação do grupo.

"A dificuldade não está no resto do solo europeu, mas sim em sair da Ucrânia. Foi quando começamos a atuar na parte de logística, com resgate humano mesmo. A gente faz a parte logística e também acompanhamento psicológico, entrando com mantimentos e doações para brasileiros. Mas a gente também está recebendo pedidos internacionais, inclusive da embaixada da Colômbia. A maior dificuldade é fazer o resgate em zonas invadidas da Ucrânia. Temos um limite de atuação para a equipe terrestre, dentro do que a gente considera seguro. Existem muitos pedidos em lugares periculosos e é super complexo de achar deslocamento, van, trem, bater os horários, organizar a saída. Tem muita barricada", afirma.

Lígia Lapa é gerente de recursos humanos e mora há quatro anos na Bulgária. Ela também faz parte do grupo de voluntários e afirma que a última semana de trabalho foi bem intensa, com sentimentos que misturam a tristeza da guerra e o alívio de ver uma corrente de solidariedade tão abrangente e acolhedora. Segundo ela, é muito importante ver o quanto as pessoas estão dispostas a ajudar.

"Tenho uma lista de acomodações de brasileiros dispostos a receber outros brasileiros. Fico ajudando na parte de monitoramento das áreas de risco, rotas, transporte. Tentamos dar todo o suporte possível. Também sou tutora, com alguns resgatados sob minha responsabilidade. A ideia do grupo foi bem orgânica. Eu tinha feito um post parecido com o da Clara e aí começamos a conversar e criamos o grupo para centralizar tudo", diz.  Segundo o último balanço do Itamaraty, ao menos 100 brasileiros já deixaram a Ucrânia desde o início da guerra. A estimativa é de que 500 vivam no país.

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