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'Quero voltar e ajudar a reconstruir a Ucrânia', afirma paraense na Alemanha; vídeo

Os sogros da publicitária continuam no país, em um abrigo subterrâneo

Abílio Dantas
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A publicitária paraense Cristiane Nedashkovskaya concedeu entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, nesta quinta-feira (3), e relatou os percalços enfrentados pela população ucraniana e por migrantes, como ela, que precisaram fugir da Ucrânia desde o início da invasão do país pela Rússia, no dia 24 de fevereiro. Após seis dias de tentativas, e de atravessar Moldávia, Romênia e Hungria, Cristiane está em Berlim, na Alemanha, na casa de uma amiga, mas os pais do marido continuam no país em guerra.

“Agora, eu consigo olhar para trás e enxergar tudo que aconteceu de forma mais aliviada. O que a gente passou foi terrível, mas não chega nem aos pés do que as pessoas ainda estão vivendo na Ucrânia”, afirma a publicitária.

Segundo ela, após os dias de pouco sono e muita adrenalina em razão do medo da guerra, com o novo abrigo, decidiu também voltar ao trabalho em formato home office, para “manter a saúde mental”.

Na manhã do dia 24 de fevereiro, Cristiane foi acordada com barulho de bomba. Imediatamente, ela acordou a sogra e seguiu com ela para a rua, para sacar dinheiro e abastecer o carro. “Eu atravessei a cidade (Bila Tserkva, na região metropolitana de Kiev) e as filas dos postos de gasolina estavam muito longas. Eu estava na fila de um posto quando eu vi pelo retrovisor um tanque de guerra do exército ucraniano. Foi uma situação muito estressante, eu comecei a tremer, a chorar e minha sogra tentando me acalmar. O meu marido (que estava a trabalho em Dubai), ao mesmo tempo, estava tentando falar comigo. E começamos a tentar falar com os brasileiros”, relata.

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Antes de seguir para a fronteira com a Romênia, a publicitária esperou o amigo brasileiro Gabriel Costa, que estava em Kiev. “Ele estava preso em Kiev, porque o trânsito estava horrível. Então, em um trajeto que dura aproximadamente 45 minutos, ele levou oito horas para fazer. Assim que ele chegou, a gente só colocou as coisas que faltavam no carro e partiu em direção a Romênia. Começamos a ver muitos carros nas estradas e as pessoas já muito estressadas, muita buzina, gente chorando nos acostamentos", disse.

"Uma cena que nos marcou muito foi o momento em que chegamos em uma barricada e depois, com uma luz muito forte em nossos olhos, vimos passar dois aviões caça. Não sabíamos se eram aviões russos ou ucranianos, então ninguém sabia o que fazer. Foi o momento mais desesperador”, recorda.

Como o sogro de Cristiane, de 58 anos, não poderia deixar a Ucrânia por determinação do governo ucraniano (homens ucranianos de 18 a 60 anos estão proibidos de deixar o país, a sogra também precisou ficar. Os dois estão hoje em um abrigo subterrâneo do Estado. “Quando eles não respondem a gente fica com o coração na mão. Eu tenho colegas de trabalho que estão em Kiev, trabalhando. Cada noite é um tormento, porque você vai dormir e não sabe se, no outro dia, seu familiar ou ente querido ainda vai estar vivo”, desabafa.

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A vontade de Cristiane, após tanta apreensão e desespero, é de retornar a Ucrânia para ajudar a reconstruir o país em um futuro próximo. “Eu tenho muita fé de que isso vai terminar em breve e eu quero muito participar da reconstrução, me doando, trabalhando. Mas o meu esposo não quer, porque ele não quer ver o país como está, ele está muito abalado emocionalmente. Temos duas alternativas: ou vamos ficar um tempo na Alemanha ou vamos para o Brasil, porque ele está doido para conhecer Belém”, completa.

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