Freira nortista perde cargo em mosteiro italiano por ser 'bonita demais'
Caso ocorreu após a morte do Papa Francisco e chamou atenção nas redes sociais e imprensa italiana

Após os 18 dias desde a morte do Papa Francisco até a eleição do conclave do agora Papa Leão XIV, uma freira brasileira começou a viver uma história, no mínimo, curiosa e intrigante: ser expulsa do seu alto cargo da Igreja após ser denunciada de forma anônima ao Papa por ser considerada "bonita demais" para seguir na vocação de ser freira.
O que ocorreu?
Aline Pereira Ghammachi era madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, uma construção de pedra centenária que fica perto de Veneza. Em 2018, foi indicada para chefiar o mosteiro. Tinha 33 anos e era considerada a madre-abadessa mais jovem da Itália.
Até que em 2023, irmã Aline foi denunciada em uma carta anônima que foi enviada ao papa Francisco por ser acusada de “destratar e manipular as irmãs.” A denúncia anônima também afirmava que Aline ocultava o orçamento do mosteiro.
Após a carta chegar a Francisco, começou uma auditoria do mosteiro. A primeira inspeção foi em 2023, mas sugeriu-se que o caso fosse arquivado.
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Até que pouco antes do falecimento do papa Francisco, Aline ficou sabendo que ela havia perdido seu cargo, e uma nova madre-abadessa assumiria a comunidade. A nova abadessa, de 81 anos, chegou no dia da morte do papa argentino e afirmou que estava lá em nome do líder religioso
Aline diz ter ouvido que precisaria sair do mosteiro e ficar isolada em outra comunidade católica. “Disseram que eu teria de fazer um caminho de amadurecimento psicológico.”, relatou para imprensa.
Entretanto, após a expulsão de Aline, cerca de 11 freiras fugiram do mosteiro após a abadessa mais velha ser considerada "rígida demais" e instaurar um "clima medieval" no local.
Bonita demais para seguir como freira
Aline acredita que sua expulsão foi influenciada por “preconceitos sobre ser mulher, jovem e brasileira”. Ela também afirmou que o abade-chefe, frei Mauro Giuseppe Lepori, fez comentários sexistas, dizendo que ela era “bonita demais para ser freira”, e a expôs ao constrangimento.
Aline entrou com um recurso no Vaticano, afirmando que foi injustiçada e que sua expulsão está ligada a questões sexistas e machistas.
A Igreja não se pronuncia sobre o caso. Mas frei Mauro Giuseppe Lepori comentou os comentou com a mídia italiana que “A ex-abadessa está se libertando, acreditando que pode recuperar o poder e a vaidade por meio de mentiras e manipulação da mídia”.
Nascida no Amapá e formada em administração de empresas, irmã Aline dedicou sua vida à religião. Foi tradutora de documentos sigilosos e intérprete de eventos da Igreja.
(Gabrielle Borges, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Felipe Saraiva, editor web de OLiberal.com.)
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