11 de Setembro: Atentados chocaram o mundo há 20 anos

Brasileiros relembram horror: “Vi o inimaginável e nunca mais fui o mesmo”

O Liberal

Ao ver pela janela do escritório uma gigantesca bola de fogo na Torre Norte do World Trade Center (WTC), a administradora de empresa Stéphanie Habrich, de 50 anos, pensou que um avião de acrobacia tivesse perdido o controle e se espatifado contra o prédio. Alemã criada no Brasil e funcionária do Deutsche Bank, ela trabalhava no quarto andar da Torre 4, um dos sete edifícios do complexo empresarial. “Me lembro muito bem do dia lindo que fazia. Não havia uma única nuvem no céu”, recorda. “Tinha chegado mais cedo para acabar um trabalho que precisava entregar naquele dia”.

Para o empresário paulista Tácito Cury, de 40 anos, a impressão foi outra. Ao saltar do metrô, foi avisado por um policial que havia um incêndio na Torre Norte, mas que o acesso à Torre Sul, onde trabalhava em uma escola de idiomas, no 57° andar, estava liberado. Quando chegou ao saguão, não tinha dúvidas: era apenas mais um thriller de ação que algum estúdio estava filmando pelas ruas sempre movimentadas de Nova York.

Nenhum deles, dois dos mais de 17 mil funcionários do WTC, podia imaginar que um dos principais cartões - postais da cidade estava sob ataque.

TERROR

Naquele dia, quatro aviões comerciais foram sequestrados por 19 terroristas. Dois deles, o voo 11 da American Airlines e o 175 da United Airlines, foram arremessados contra as Torres Gêmeas, em Nova York. O primeiro, pilotado por Mohamed Atta, 33, atingiu a Torre Norte às 8h46 (horário local), e o segundo, comandado por Marwan al Shehhi, 23, a Torre Sul, às 9h03. Um terceiro avião, o 77 da American Airlines, foi jogado contra o Pentágono, na Virgínia, às 9h37, e o quarto, o 93 da United Airlines, caiu sobre um bosque na Pensilvânia, às 10h03.

Juntos, os quatro ataques, planejados e executados pela rede terrorista AlQaeda, comandada por seu fundador, o saudita Osama Bin Laden (1957-2011), deixaram um saldo de 2.977 mortos e quase 7 mil feridos. “Havia um 20º terrorista, um francês de origem marroquina chamado Zacarias Moussaouri, que deveria atacar a Casa Branca. Mas ele não aprendeu a pilotar a tempo”, conta o escritor Ivan Sant’Anna, autor de “Plano de Ataque (2006)”.

O repórter Edney Silvestre e o cinegrafista Orlando Moreira foram os primeiros jornalistas brasileiros de TV a chegar ao local do maior atentado terrorista da história. Correspondente da TV Globo em Nova York de 1996 a 2002, Edney tinha acabado de chegar em casa, vindo da academia de ginástica, quando ligou a televisão e viu um enorme buraco no WTC.

Morador da Union Square, chegou ao local em poucos minutos. O cheiro de carne queimada, recorda, era pavoroso. “Terrível não basta para descrever”, diz. Uma das cenas que presenciou foi a do pai de dois bombeiros desaparecidos. Cavava os escombros com as mãos e perguntava: “Meu filho, você está aí?”. Muitos pais, mães, filhos, maridos e mulheres não tiveram o que enterrar. “Testemunhei o inimaginável. Nunca mais fui o mesmo. Mas evito pensar nisso. Hoje, procuro viver o aqui e agora”, afirma.

Prisão é herança incômoda

A prisão de Guantánamo, criada por George W. Bush após os atentados de 2001 para trancafiar terroristas, atravessa governos americanos como uma herança incômoda da guerra ao terror. Os Estados Unidos chegam ao aniversário de 20 anos do atentado com a prisão de Guantánamo ainda aberta, presos sem acusação formal e julgamentos intermináveis à margem da lei americana. N

ão há respostas legais aos acusados do ataque às Torres Gêmeas, nem responsabilizações pelos atos de tortura do próprio governo. Cerca de 780 presos já passaram pela prisão, mas a maioria foi transferida para outros países ainda nos governos Bush e Obama. Hoje, são 39. Só dois dos detentos que continuam na base foram condenados pelas comissões militares. A maior parte nunca foi sequer acusada.

Dez já podem ser transferidos para outros países; 17 casos têm que ser revisados e outros dez estão à espera da sua vez nas comissões militares. Entre eles os cinco acusados de arquitetar em 11 de setembro. A saída dos EUA do Afeganistão pressiona Biden a resolver esse imbróglio. 

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