CT do Remo é marcado por pouca utilização, problemas na estrutura e falta de transparência

Espaço passa por obras de revitalização, mas o Leão não atualiza o avanço dos trabalhos há meses.

Caio Maia
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Um dos maiores patrimônios da história do Remo está, aparentemente, blindado. O CT do clube, que fica no distrito de Outeiro, em Belém, não recebe atividades do elenco profissional há exatos 38 dias, segundo a programação semanal apresentada pelo Time de Periçá. A falta de utilização pelo time principal é apenas um reflexo da pouca estrutura existente no local, já relatada por alguns jogadores, e falta de transparência de diretoria azulina sobre a utilização e a estruturação do espaço.

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Atualmente, o centro de treinamento passa por obras de revitalização. A principal delas, segundo o clube, está sendo realizada no segundo campo de treinamentos. No entanto, o Leão não atualiza o avanço dos trabalhos há meses. Portanto, não há como prever quando o CT estará à disposição do elenco profissional.

Por conta disso, o Núcleo de Esportes de O Liberal elaborou uma espécie de "dossiê" do CT do Remo, reunindo todas as informações publicadas pelo clube nos últimos meses no objetivo de formar uma linha do tempo dos acontecimentos que envolveram a maior aquisição azulina dos últimos anos.

A compra

image Presidente do Remo fechou contrato com Luís Omar Pinheiro, ex-Presidente do Paysandu e um dos sócios do Carajás (Divulgação)

O espaço onde hoje é o CT do Remo pertencia ao Carajás, clube administrado por Luis Omar Pinheiro, ex-presidente do Paysandu, e que disputava a elite do Parazão na época. No dia 4 de junho, o então presidente azulino, Fábio Bentes, assinou os documentos da compra do local e anunciou a aquisição aos torcedores.

O feito foi muito bem recebido pela torcida. Logo após a compra, o ex-jogador do Remo e engenheiro-agrônomo, Mesquita, fez uma vistoria no local e indicou possíveis melhorias que precisariam ser feitas no local. Na época, o Leão não comunicou o valor que será pago pela área, mas a reportagem apurou que local foi adquirido por R$3 milhões, com uma entrada entre R$800 mil e R$1 milhão, sendo o restante parcelado até o final de 2023.

Início promissor e planos

image Diretoria do Remo tinha planos com o CT (Kevin Albuquerque/Remo)

Poucos meses após a compra, o Remo começou a usar o CT de maneira efetiva. A parte estrutural do espaço recebeu obras, com a instalação de vestiários e refeitório. Assim, jogadores das categorias de base e do profissional passaram a usar o local, que serviu como "toca" do Leão durante toda a Série B do Brasileirão.

Paralelamente a isso, o Remo iniciou uma campanha de venda de títulos de sócios remidos. A ideia da diretoria era usar o dinheiro para quitar o CT e realizar outras obras estruturantes no local. Uma das principais, que foi até citada pelo presidente Fábio Bentes, era a criação de um novo Núcleo Azulino de Saúde e Performance (NASP) em Outeiro, para ser complementar àquele que existe no Baenão.

Espaço de lucro

Com o sucesso na venda de títulos remidos - mais de R$ 1,5 milhão foi arrecadado em menos de um ano - o Remo passou a olhar o CT como um local para geração de renda para o clube. A partir de então, o clube passou a cogitar a venda dos naming rights da estrutura. No entanto, a promessa feita em 2022, foi se concretizar só um ano depois, quando o Leão firmou acordo com a Buritirama, no valor de R$ 3 milhões por três anos de contrato.

Queda da ponte e ostracismo

image CT do Remo fica na Ilha de Outeiro, na grande Belém (Marcio Nagano / Arquivo O Liberal)

Em março de 2022, a ponte que liga o centro de Belém ao distrito de Outeiro, onde fica o CT do Remo, caiu. Por conta disso, o Leão ficou quase um ano sem usar a estrutura regularmente para treinos. Nesse período, a equipe azulina precisou migrar os treinamentos para a parte "continental" de Belém e começou uma busca por locais para as atividades mais próximos do centro. O clube só voltou a usar o CT em dezembro de 2022, já na pré-temporada de 2023.

Gol da quitação

image Remo venceu o São Luiz-RS e se classificou para a terceira fase da Copa do Brasil (O LIberal)

A classificação à segunda fase da Copa do Brasil de 2023 teve um gosto ainda mais especial para o Remo. A cota de R$ 2.1 milhões garantida pelo clube azulino ao bater o São Luiz-RS teve um destino certo: o centro de treinamento azulino em Outeiro. O anúncio foi feito pelo presidente Fábio Bentes ao elenco azulino no vestiário do Baenão, logo após o triunfo sobre o time gaúcho.

"Vocês deram o sangue, deram a vida. Muito obrigado em nome de toda essa torcida maravilhosa que estava aí, pois vocês acabaram que conseguir quitar o nosso centro de treinamento. É 100% nosso", revelou Bentes, cuja fala foi comemorada com aplausos pelos jogadores.

"Parecia um mangue"

image Muriqui foi o artilheiro do Remo na temporada 2023 (Cristino Martins / O Liberal)

As coisas começaram a mudar no destino do CT após uma entrevista do então atacante azulino, Muriqui, a um podcast. Na conversa, o jogador revelou uma decepção inicial com o Centro de Treinamento, em Outeiro. Segundo ele, o local não tinha estrutura para receber os demais atletas e "parecia um mangue".

"Quando a gente foi começar a treinar no CT, lá em Outeiro. Chove muito aqui, e aí você pisava, parecia um mangue, por causa da chuva. Cheguei em casa, falei para minha mulher, 'é impossível'. Graças a Deus tive uma carreira bacana, fui em lugares bom para caramba. Trocando ideia com ela, ela disse 'esse é o propósito, você sabia como era antes de vir, não tem como reclamar agora'. Foi quando comecei a encarar aquela parada como uma situação positiva. Ver a garotada começando, passando minha experiência é uma parada legal saber que fui referência para algumas pessoas", contou Muriqui.

A partir da declaração, e com o final da temporada de 2023, o Remo passou a não utilizar mais o CT. O local, segundo a direção, passaria por obras de revitalização com objetivo de receber a equipe profissional em 2024.

Promessa

image Tonhão, presidente do Remo (Cristino Martins/ O Liberal)

A última atualização sobre a utilização do CT ocorreu em janeiro deste ano. Em entrevista ao Grupo Liberal, o presidente do Remo, Antonio Carlos Teixeira, disse que pretendia inaugurar até março o segundo campo do Centro de Treinamento em Outeiro.

"Estamos muito ansiosos para que acabe o mais rápido possível esse campo [novo], que vai ser o principal lá no CT. Mas essas chuvas não têm colaborado para isso. Esperamos que até o final de fevereiro, março, possamos estar com esse gramado em condições de receber os treinamentos do nosso plantel profissional", confirmou.

No entanto, a promessa não foi cumprida. O Leão utilizou poucas vezes o CT no início da temporada, mas concentra as atividades no estádio Baenão. A última atividade em Outeiro ocorreu no dia 18 de abril, ou seja, há 38 dias, segundo a programação divulgada pelo clube. Devido à utilização intensa, o gramado do Baenão fica, a cada semana, mais desgastado, e é motivo de reclamação de jogadores e adversários.

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