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Referência dentro e fora das pistas: Lewis Hamilton potencializa luta contra o racismo

No mês da Consciência Negra no Brasil, Oliberal.com participa de entrevista com o piloto inglês, que detalha projeto filantrópico, revela proximidade com Neymar e desejo de passar o Natal no país

Pedro Cruz / O Liberal

Mais do que um dos grandes atletas de sua geração, Lewis Hamilton ultrapassa as fronteiras do esporte. Para alguns o melhor de todos os tempos, o sete-vezes campeão mundial de Fórmula 1 é o primeiro e ainda único piloto negro em uma modalidade elitista, mas a visibilidade decorrente dos grandes feitos nas pistas é utilizada pelo piloto da Mercedes para potencializar mudanças estruturais na categoria, principalmente relacionadas à questão racial e da representatividade.

No mesmo mês em que é celebrado o Dia da Consciência Negra no Brasil, Hamilton desembarcou no país para disputar o GP de São Paulo, neste domingo (14), em Interlagos. Em entrevista coletiva organizada pela Petronas, patrocinadora principal da equipe alemã - e da qual Oliberal.com participou junto a um grupo seleto de jornalistas da América Latina - o britânico falou sobre seu projeto filantrópico, o “Mission44”; da identificação que sente com o Brasil e da acirrada disputa com o holandês Max Verstappen pelo título mundial de 2021.

“Penso que é, definitivamente, uma das mais emocionantes [temporadas] em termos de competitividade com relação aos nossos adversários. E temos também mais olhos voltados para o esporte, o que é ótimo. Temos uma batalha super acirrada contra uma equipe extremamente forte", avaliou o inglês de 36 anos, atualmente em 2º no mundial de pilotos.


Ativismo

Em sua 14ª temporada na F1, Hamilton ainda é o único piloto e um dos poucos negros no geral dentro da categoria de elite do automobilismo - contando mecânicos e engenheiros. Para aumentar a diversidade no esporte, ele decidiu criar um programa que fomenta educação e empoderamento no Reino Unido. Em um dos braços do projeto está o Ignite, que conta com apoio da Mercedes e visa reduzir a sub-representação de alunos de ciência, tecnologia, matemática e engenharia.

“Acho que todos nós tentamos entender qual o nosso propósito na vida. Para mim, estou neste esporte em que genuinamente sou o único negro em muito tempo, e ter todo esse sucesso me fez pensar o que isso significa, o que eu posso fazer com isso. Percebi que há sempre mais que se pode fazer. É nisso que eu estou trabalhando com a Mercedes. Ao invés de olhar isso como negativo, é olhar como algo positivo. Estou muito orgulhoso”, revelou Hamilton, que investiu cerca de 20 milhões de libras de sua fortuna pessoal no Misson44.

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A expectativa é de ver mudanças no médio prazo. “Precisamos que o esporte tenha mais diversidade, que reflita mais mundo 'de fora'. E não é só na nossa indústria, mas em todas ao redor do mundo. Tentar fazer o nosso esporte ser um farol que reflita inclusão. Estou orgulhoso do trabalho que começamos, mas é só o começo da jornada. Estou realmente empolgado vendo as mudanças que fizemos e que queremos ver ao longo dos próximos anos”, afirmou.


‘Em casa’ no Brasil

O primeiro dos sete títulos de Lewis Hamilton foi conquistado em Interlagos, em 2008, após emocionante ultrapassagem pelo alemão Timo Glock na última curva da corrida. Mas a relação com o país vem desde a infância.

"Eu cresci jogando jogos de futebol no computador com a seleção brasileira, porque eu realmente amava o verde e amarelo, era muito parecido com o meu capacete [do início da carreira], mas eu nunca tinha sido uma pessoa próxima ao Brasil. Então, quando eu pisei no país pela primeira vez, lembro de ficar bastante emotivo. A cada ano, voltando, isso foi crescendo com os fãs brasileiros, conhecendo cada vez mais as belezas do Brasil”, revelou.


A idolatria por Ayrton Senna é algo rotineiramente comentado pelo piloto em entrevistas. Mas o futebol e o surfe também colaboraram para que Hamilton estreitasse os laços com o Brasil.

"Eu tenho muito contato com o Neymar. Sempre há vários jogadores incríveis no Brasil e eu sei que isso está no centro da paixão de muitas pessoas aqui, mas corrida também é. Também sei que vocês têm surfistas incríveis, como Gabriel Medina, Ítalo Ferreira. Eu adoro assisti-los, são muito inspiradores”, apontou.

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Sem planejar uma aposentadoria próxima - Hamilton tem contrato com a Mercedes até o final de 2023, que ainda pode ser estendido -, o piloto revelou que pretende se tornar um visitante assíduo quando parar de correr.

"Eu realmente tenho amor e afeto por esse lugar [Brasil]. Eu sinto como se fosse uma 'casa' para mim. É um lugar que na verdade eu quero passar mais tempo. Tenho sido convidado para vir aqui no Natal há alguns anos seguidos e há tantas partes lindas do Brasil que ainda quero conhecer e que preciso tirar tempo para isso. Imagino que, quando parar de correr, vou estar mais no Brasil. Quero passar mais tempo no Rio de Janeiro, por exemplo”, concluiu.

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