Racismo no futebol espanhol: 7 casos de insultos contra jogadores brasileiros e africanos

Reincidência de casos apenas contra Vinícius Jr causam novo alerta para a falta de ação da La Liga, o Campeonato Espanhol

Pedro Cruz e AFP
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Os insultos racistas direcionados ao atacante brasileiro Vinícius Junior, do Real Madrid, por torcedores do Valencia, no último domingo (21), trouxeram à tona diversos outros momentos de preconceito no futebol espanhol ao longo dos últimos 40 anos. Muitos jogadores brasileiros, como Ronaldo e Daniel Alves, além do camaronês Samuel Eto'o e do ganês Iñaki Williams também enfrentaram situações semelhantes de discriminação racial. Confira sete casos emblemáticos dos últimos anos:

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Durante partida contra o Valencia, o atacante foi chamado de "macaco" por parte da torcida.

1. Thomas Nkono e os insultos no Camp Nou

Thomas Nkono, uma lenda do futebol camaronês, foi vítima de gritos racistas e bananas atiradas em direção ao gramado do Camp Nou durante uma partida contra o Barcelona em 1982.

"O mais curioso é que uma parte do estádio me insultava, enquanto outra parte vaiava pedindo para que eles parassem. Sempre encarei isso como um desafio", disse Nkono em entrevista ao jornal El Confidencial.

2. Hiddink e a bandeira nazista

No aquecimento da partida entre Valencia e Albacete em 1992, o técnico Guus Hiddink, do Valencia, avistou uma bandeira nazista na arquibancada dos torcedores do Albacete. O holandês pediu a um funcionário do clube que removesse a bandeira, ameaçando não iniciar o jogo enquanto a suástica estivesse visível.

"Quando vejo esse tipo de coisa, não posso ficar calado", declarou o treinador holandês.

3. Kameni e os gritos de macaco

Carlos Kameni, sucessor de Nkono no Espanyol, também foi alvo de gritos racistas de "macaco" por parte da torcida do Zaragoza em 2004. "Foi o pior momento da minha vida", revelou o goleiro em 2017. "Estávamos vencendo por 1 a 0, e eles me ofendiam de todas as formas. Até mesmo o árbitro perguntou se eu estava bem para continuar. Eu não sabia onde estava, mas encontrei forças para continuar jogando".

O incidente não foi isolado: cinco meses depois, Kameni foi alvo de bananas sendo arremessadas contra ele no estádio do Atlético de Madrid. "Quando alguém passa por algo assim, pode voltar para casa e cometer suicídio. Ninguém pode imaginar o que vivi", desabafou Kameni em 2020.

4. Ronaldo Fenômeno joga garrafa de água

Em março de 2005, o atacante brasileiro Ronaldo Fenômeno, do Real Madrid, jogou uma garrafa de água em torcedores do Málaga após ser vítima de insultos racistas. Alguns dias antes, no mesmo estádio do Málaga, o atacante Paulo César Wanchope, da Costa Rica, agrediu um torcedor do próprio clube por imitar gritos de macaco.

5. O estopim de Samuel Eto'o

O atacante camaronês Samuel Eto'o, do Barcelona, foi alvo de ofensas racistas e chutou uma bola em direção à torcida do Getafe quando foi alvo de gritos imitando um macaco. Em 2005, o próprio jogador comemorou um gol imitando o animal.

Até que, em 2006, quando ouviu novamente insultos racistas, desta vez da torcida do Zaragoza, Eto'o decidiu abandonar o gramado. "Não jogo mais", chegou a dizer ao árbitro. O atacante camaronês foi contido e convencido por jogadores a permanecer em campo e terminar a partida.

6. Daniel Alves e a banana

Em abril de 2014, durante uma partida entre Barcelona e Villarreal, um torcedor jogou uma banana em direção a Daniel Alves momentos antes de bater um escanteio. Demonstrando sua coragem e resiliência, o lateral brasileiro descascou a fruta e deu uma mordida antes de continuar o jogo. O incidente resultou em uma multa de 12.000 euros ao Villarreal, além do fechamento de parte da arquibancada por uma partida.

7. 'Somos todos Williams'

Já em 2020, foi a vez de Iñaki Williams, atacante do Athletic de Bilbao, ser alvo de gritos racistas de macaco durante uma partida no estádio do Espanyol. Não foi a primeira vez que Williams enfrentou esse tipo de discriminação, pois já havia sido vítima de insultos racistas em Gijón em 2016, o que levou à interrupção temporária da partida pelo árbitro.

A gravidade desses incidentes ganhou destaque, inclusive do primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, que condenou veementemente os atos de racismo. O jornal esportivo Marca, o mais vendido na Espanha, estampou em sua primeira página a mensagem "Basta de racismo. Somos todos Williams", em solidariedade ao jogador. Dois torcedores do Espanyol foram alvo de investigações judiciais em decorrência do ocorrido.

Incontáveis casos

Todos esses casos não são isolados. Outros jogadores, como o irmão de Iñaki, Nico Williams, Mouctar Diakhaby, Frédéric Kanouté, Yaya Touré e Jefferson Lerma, também foram vítimas de incidentes racistas no futebol espanhol, evidenciando a necessidade de combater e erradicar essa forma de discriminação no esporte.

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