Ouro em Paris, paraense Fernanda Yara relembra dificuldades em outras edições das Paralimpíadas
Paratleta conversou com o núcleo de esportes de O Liberal e revelou mais detalhes da preparação que a levou ao ouro nas Paralimpíadas de Paris
O Brasil foi um dos maiores destaques do atletismo nas Paralimpíadas de Paris 2024, e uma das estrelas da equipe brasileira foi a paraense Fernanda Yara, que conquistou a medalha de ouro nos 400 metros rasos T47 (deficiência nos membros superiores). Em entrevista ao Núcleo de esportes de O Liberal, a atleta detalhou o caminho para chegar ao topo do pódio, como foi a preparação e porque não havia conseguido medalhas em edições anteriores dos Jogos Paralímpicos.
A atleta começou falando sobre a maior conquista: o ouro em Paris com o melhor tempo da carreira, 56s74. Para ela, o caminho foi longo desde a primeira participação em Jogos Paralímpicos, em Pequim, em 2008, passando por Tóquio 2020, onde ficou em quarto lugar na sua categoria, até chegar a Paris como uma das favoritas, onde alcançou a primeira medalha paralímpica.
“Eu fui em busca dessa medalha [em Paris], não medi esforços para conseguir conquistar ela. Minha expectativa tava alta, eu queria quebrar recordes nessa competição, mas eu tinha me lesionado e tive que ir em busca com todos os recursos possíveis para poder me recuperar. Antes disso eu já estava com as expectativas altas e eu treinei para ganhar”, contou.
“Na minha primeira Paralimpíada, em Pequim, eu não sabia a dimensão do que eu tava encarando, e como vim de família humilde, fiquei deslumbrada com tudo o que tinha lá, principalmente comidas que eu nunca havia comido, então passei a comer, acabei ganhando peso, e meu desempenho não foi tão bom. Já em Tóquio, eu tava me preparando para a medalha, mas aí veio a pandemia e atrapalhou em vários sentidos”, completou.
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De acordo com Fernanda, a preparação para Paris foi difícil por diversos fatores, e antes de chegar a Paralimpíada, primeiro conquistou o título de campeã mundial nos 400 metros rasos T47, foi quando ela viu que teria chances de medalha nos Jogos Paralímpicos de 2024.
“Essa competição que me motivou a ir buscar essa medalha, e quando eu cheguei lá, eu falei para mim mesma, que mesmo que eu ficasse em último, contanto que eu fizesse o melhor resultado da minha vida, eu ficaria feliz. Mas, ainda bem que deu ouro”, comemorou.
Atualmente, Fernanda consegue viver somente dos ganhos como atleta, algo que não imaginava há muitos anos, mas até chegar ao patamar profissional, a paratleta teve que passar por muitos “perrengues” economizando o pouco que ganhava, até conquistar o acesso ao bolsa atleta.
“Eu sempre fui meio economista, dividia o que eu ganhava entre o que eu precisava para o esporte, e com outras coisas, como vestimenta, moradia e alimentação. Hoje, não tenho patrocínio, mas recebo bolsa pódio, bolsa atleta, e sou atleta do time caixa, conseguindo viver plenamente do esporte”, explicou.
Início na carreira
Fernanda iniciou a carreira no esporte aos 14 anos, quando participava de projetos de esportes escolares. No entanto, somente aos 21 anos ela teve seu primeiro contato com o esporte paralímpico em uma competição em Minas Gerais, e desde então se tornou uma inspiração, sendo bicampeã mundial e medalhista olímpica na sua categoria.
“Eu fui muito incentivada pelas viagens, com o esporte eu sabia que conheceria lugares que não teria condições financeiras de conhecer. E aí eu pensei, isso pode virar uma carreira, e desde então não parei”, contou.
Relação com o Pará
Nascida com uma má-formação congênita no braço esquerdo, em Curionópolis, no interior do Pará, Fernanda não chegou a criar laços com o estado. A quinta, de sete irmãos, teve que se mudar com a mãe para Pernambuco, onde foi realmente criada, no entanto, ela não descarta as relações com o estado amazônico.
“Infelizmente o destino não quis que eu ficasse no Pará. Eu gostaria de ter sido criada aí, mas não foi assim, mas eu quero voltar ainda, conhecer, levar minha mãe para rever os locais por onde ela passou, e conhecer mesmo tudo”, finalizou.
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