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Há 43 anos, Remo vencia o Flamengo de Zico com água batizada, pagode e bebedeira

Mesquita relembrou fatos curiosos na ida ao Rio de Janeiro (RJ) e se queixou de esquecimento do Remo

Fábio Will
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"Um feito inédito e de grande importância para o Remo e para o futebol da região Norte", essas são palavras do meia Mesquita, autor do gol da vitória do Remo diante do Flamengo de Zico, no Maracanã. Há exatos 43 anos, o Leão Azul venceu o Flamengo no Rio de Janeiro (RJ) e entrava para a história do futebol paraense como o primeiro clube do estado a vencer o Flamengo fora de casa.

A vitória azulina de 2 a 1, com gols de Alcino e Mesquita, foi construída muito antes, nos bastidores da partida. A "saga" azulina começou na chegada ao Rio de Janeiro (RJ), logo de cara o time azulino ficou hospedado em um hotel, na Rua Paissandu, nome do seu maior rival. O Leão de Antônio Baena se preparou para a partida de uma forma diferente de todos os outros adversários que enfrentavam o Flamengo no Maracanã.

JORNAIS DO RIO DE JANEIRO: O Flamengo de Zico, Júnior, Andrade e companhia era o grande favorito para a partida, mas o técnico azulino conseguiu motivar seus atletas com a manchete de jornal, que diziam que o Flamengo estava com 8 pontos + 3 pontos (vitória por dois gols) = 11 pontos, dando como certa o triunfo rubro-negro diante dos azulinos. O técnico remista, Paulo Amaral comprou vários exemplares do jornal e levou para o hotel, onde lá, pregou nas portas dos quartos dos atletas. Em reunião mais tarde, Paulo Amaral comentou a manchete e "injetou" ânimo na equipe remista, segundo o ex-meia Mesquita.

"Treinamos no gramado das Laranjeiras e depois tivemos uma reunião no hotel. O Paulo Amaral nos deu mais ânimo para enfrentar o Flamengo. O jogo por si só já é um convite para que você entre ligado, mas a forma como ele encarou essa manchete de jornal e passou para nós, foi bem interessante. Saímos da reunião sabendo que podíamos fazer diferente", disse, Mesquita.

PAGODE NO BONDE: O treinador remista Paulo Amaral estava preocupado com a concentração dos jogadores. No dia da partida, o técnico liberava a presença de alguns parentes, amigos no hotel, já que alguns atletas eram da cidade ou já atuaram por clubes. Mas neste dia não aconteceu isso, pois o técnico azulino não liberou. Mas o artilheiro da equipe, Alcino, queria ir batucando e cantando pagodes até o estádio, foi então que o irmão do jogador Mesquita, que trabalhava na empresa Petrobras e residia na cidade arrumou instrumentos. Assim que o ônibus iniciou a viagem o pagode rolou solto no fundão do busão.

"Estávamos vetados pelo Paulo Amaral de fazer coisas que tirassem a concentração na partida. Meu irmão conseguiu arrumar alguns instrumentos e todos entraram no ônibus escondidos. Quando começou a andar começamos a tocar e não teve como parar", comentou.

"ÁGUA BATIZADA": O Leão chegou no Maraca e no vestiário se deparou com copos e garrafas de água, além de garrafas com café. Mesquita contou que o treinador azulino, virou a mesa onde estavam as garrafas de água e também o café e proibiu os jogadores de tomarem aquilo, pois segundo ele, as águas estavam "batizadas".

"Tomamos um susto com a atitude do Paulo Amaral, ficamos ali aquecendo, recebendo massagem com uma sede danada. Ele puxou um dinheiro do bolso e pediu para que um funcionário do Maracanã comprasse água para que nós bebêssemos antes e durante a partida", disse.

O JOGO: Foi uma partida tensa e a forma ofensiva, agredindo o adversário, espantou a equipe carioca. O Remo abriu o placar com o artilheiro Alcino. O Leão sofreu o empate com Zico e o meia mesquita de carrinho fez o segundo azulino. Mas Mesquita revelou que eles recebiam intimidações dos atletas rubro-negros.

“Os caras antes do jogo falavam que íamos perder, que a hora que quisessem eles iriam marcar os gols. Quando sofremos o empate, ouvíamos que éramos ‘fracos’, que eles eram ‘os melhores’”, comentou.

CHUVA DE OBJETOS: No final da partida os atletas do Remo comemoraram bastante o triunfo, principalmente com o técnico Paulo Amaral. Para Mesquita, a lembrança do pós jogo veio das arquibancadas do Maracanã com a insatisfação dos torcedores, que arremessaram tudo que se possa imaginar no gramado.

“Foi bem marcante a nossa comemoração. Todos pulavam, se abraçavam, chegamos a levantar o técnico Paulo Amaral. Mas o que não sai da minha cabeça foram os objetos caindo no gramado. Chinelos, rádios, copos, almofadas foram arremessadas e uma vaia enorme”, contou.

HOTEL: Na volta para o hotel o pagode foi o ponto forte e dessa vez com todos participando. Na chegada no hotel o que rolou foi o famoso “derrame de cerveja”.

“No hotel foi que caiu a ficha que vencemos o Flamengo do Zico e companhia. A farra foi boa com muita música e cerveja”, disse Mesquita.

O ex-meia, de 68 anos, que hoje é agrônomo do Mangueirão relembra com saudade esse feito, mas se queixou da falta de humanização por parte do Clube do Remo. “Fizemos história com essa vitória. Isso era improvável e para o Flamengo (RJ) perder para um time do Norte era inadmissível. Mostramos que éramos capazes e o feito ganhou repercussão nacional. Mas o Remo nunca deu bola para isso e pouco liga. Feitos são feitos, olha o Paysandu, sempre que pode relembra seus feitos como a vitória contra o Boca Juniors (ARG) e também contra o Penharol (URU). Em uma data como essa o clube poderia reunir os ex-atletas que participaram do jogo, homenageá-los, mas não ligam, não procuram saber”, comentou.

OUTRO LADO: A reportagem integrada de O Liberal entrou em contato com a assessoria do Remo para saber a respeito da declaração do ex-jogador mesquita, mas até o fechamento da matéria não obteve respostas.

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