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Sem time, destaque da 'Segundinha" precisa vender roupas para manter as contas em dia

"Andarilho da bola", Caio Vox é um dos milhares de futebolistas do país que precisam conciliar a vida em campo com empregos convencionais.

Caio Maia/ O Liberal
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Fama, glamour e dinheiro. Esses são os sonhos de quem se torna jogador de futebol. Atuar em estádios lotados, ouvir seu nome gritado pela torcida. Tudo isso faz parte de um "conto de fadas" idealizado por milhares de jovens que entram no mundo da bola. No entanto, o futebol reserva muito mais dificuldades do que vitórias para grande parte dos atletas.

Viver, com dignidade, somente do esporte é para poucos. De acordo com um estudo feito pela plataforma Cupom Válido, cerca de 55% dos jogadores que atuam no Brasil recebem um salário mínimo. O estudo aponta ainda que o futebol da região Norte é um dos que menos paga, com a média salarial de R$1.200.

Em meio a essas dificuldades, ter contrato longo é luxo. Em equipes com pouco calendário, muitos jogadores são contratados pelo modelo de "pacote", que envolve um pagamento de uma quantia fixa para a realização de um número determinado de partidas. Esse modalidade de contratação ocorre muito na Série B do Parazão, a "Segundinha", onde equipes são formadas e desmontadas num piscar de olhos.

Do futebol ao "plano B"

image Jogador é "andarilho da bola" e já passou pelo futebol europeu (Ivan Duarte / O Liberal)

Uma segunda opção. Geralmente é para isso que vários jogadores de futebol recorrem para buscar sustento. Um exemplo disso ocorreu com o meia do Pinheirense Caio Vox. O jovem atleta, após sentir o choque de realidade do mundo da bola, passou a vender roupas para complementar a renda.

"Comecei abrindo uma loja com um amigo meu, mas o negócio fechou durante a pandemia. Em seguida, abri um negócio só meu. Conheço muita gente do meio do futebol e sempre consigo clientes com eles. Às vezes, quando jogo bola, abro a mala do meu carro, mostro minhas roupas e eles compram. O principal é o futebol, mas isso me ajuda a me manter", explica Caio.

O atacante é uma espécie de "andarilho da bola". Ele já rodou quase que o mundo inteiro em busca de oportunidades para ser jogador profissional. Apesar das dificuldades, Caio disse que não vai desistir do sonho de viver do futebol.

"Eu joguei na Europa. Atuei na Espanha, Holanda e Portugal e a gente descobre que futebol não é o que a gente pensa. A gente tenta manter esse sonho, mas têm muitos moleques que desistem. Muitos amigos meus desistiram, mas eu quero continuar", conta Caio.

Apesar da venda de roupas não ser o foco principal da carreira de Vox, ele conta que gosta do que faz. Apesar disso, ele diz que sonha com mais oportunidade no futebol profissional. O jogador também critica o menosprezo dos grandes clubes do estado por "talentos da terra".

"As roupas dão lucro, mas peço a Deus todas as noites pra que eu consiga uma oportunidade. Eu sei do meu talento e sei que eu posso. Acredito nasci no lugar errado, onde os diretores das grandes equipes só querem trazer gente de fora. Quando a gente sai daqui e vai pra outro estado somos mais valorizados", lamenta Caio.

Novos horizontes

image Caio Vox comemora gol pelo Pinheirense (Matheus Vieira/ Pinheirense)

O sonho parece distante, mas ainda não morreu. Depois de uma boa temporada vestindo a camisa do Pinheirense, Caio contou que tem recebido propostas para atuar fora do estado e está monitorado o mercado de contratações para o Parazão. Mesmo com uma oportunidade à vista, Vox conta que não vai deixar de seguir com a venda das roupas.

"Tenho propostas do Espírito Santo, onde já joguei. Além disso, no ano que vem quero inaugurar uma marca de roupas minha, com meu nome. Tenho fé que isso tudo vai dar certo. Que a minha iniciativa dê certo e que os estaduais comecem, pra que eu possa me empregar", finalizou.

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