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Gluck Paul defende nova gestão na CBF após manifesto de federações: ‘Momento é de renovação’

Presidente da FPF falou sobre a crise na entidade máxima do futebol brasileiro

Caio Maia
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O presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), Ricardo Gluck Paul, falou pela primeira vez desde que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, foi destituído do cargo por uma decisão judicial.

Em entrevista exclusiva ao Núcleo de Esportes de O Liberal, o mandatário do futebol no estado assumiu que faz parte de um manifesto, assinado nesta sexta-feira (16), que pede mudanças na entidade. Ele afirma que, ao contrário das últimas declarações públicas, não defende mais a gestão de Ednaldo.

“Desde a última eleição, houve uma série de denúncias gravíssimas. Isso deixou as federações em alerta e em monitoramento, culminando em uma situação que não foi provocada por nós — envolvendo um processo judicial antigo, no qual o presidente foi afastado. Diante disso, resolvemos iniciar um processo de renovação”, declarou Ricardo.

O manifesto

Um grupo de 19 federações estaduais lançou um manifesto público pedindo “renovação e descentralização” do futebol nacional, sem citar o nome de Ednaldo Rodrigues. O documento foi publicado um dia após Ednaldo ser destituído da presidência da CBF por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

O despacho judicial definiu que Fernando Sarney, atual vice da CBF, assuma como interventor, com a missão urgente de convocar novas eleições num prazo de 30 dias.

Gestão descentralizada

Segundo Ricardo Gluck Paul, o pedido de mudança na CBF diz respeito à maior descentralização do poder concentrado nas mãos do presidente. De acordo com o dirigente paraense, Ednaldo Rodrigues era conhecido por concentrar funções na figura do mandatário, fato que é visto de forma negativa por alguns membros da entidade.

“A CBF está muito focada em um modelo centralizador, que tirava autonomia. Esse é um diagnóstico preciso — isso tirou a alegria de trabalhar. Isso é uma bandeira nossa, algo que, na nossa visão, precisa mudar. Nada é contra ninguém. É a favor de uma mudança.”

image Ednaldo Rodrigues foi destituído da CBF (Lucas Figueiredo/ CBF)

Dentro desse processo de descentralização do poder, Ricardo confirmou que a nova candidatura defendida pelas federações é a de Samir Xaud, presidente da Federação Roraimense de Futebol (FRF). Ele afirma, inclusive, que foi um dos principais articuladores do movimento e disse que um novo mandatário deve ser eleito em até 15 dias.

“Nossa reação [em definir logo um candidato] foi dar velocidade à renovação. O nosso movimento não é derrubar o Ednaldo, mas, sim, diante do afastamento, dar prosseguimento ao processo. Optamos por indicar o presidente da federação de Roraima. Imagino que o edital seja publicado hoje. Em menos de 15 dias, tudo se resolve”, afirma.

Ricardo e Ednaldo eram próximos

Ricardo Gluck Paul e Ednaldo Rodrigues aparentavam ter uma boa relação no campo profissional. Ambos participavam de reuniões com frequência, sobretudo na articulação de grandes eventos esportivos no estado, como a Supercopa Rei, no Mangueirão, e as estadias da Seleção Brasileira em Belém.

image Presidentes do Remo, Paysandu e FPF se reúnem com mandatário da CBF no Rio de Janeiro (Fábio Souza / CBF)

A FPF, inclusive, se manifestou favoravelmente a Ednaldo em duas ocasiões: no afastamento do presidente em dezembro do ano passado e na reeleição do dirigente ao principal cargo da entidade, que ocorreu em 2025. Na primeira nota, a Federação Paraense disse que “o pleito que colocou Ednaldo no cargo mais alto do futebol brasileiro foi limpo e transparente”. Na segunda declaração, Ricardo Gluck Paul se mostrou favorável à manutenção de Ednaldo no cargo:

“O Pará tem como posicionamento a recondução do atual presidente Ednaldo [Rodrigues] a uma nova gestão”, disse.

O que mudou?

Segundo Ricardo Gluck Paul, a reeleição de Ednaldo Rodrigues, em março deste ano, por aclamação do colégio eleitoral, não pode ser considerada como o “mundo ideal”, mas foi a melhor solução possível para aquele contexto. De acordo com o presidente da FPF, foi dado um “voto de confiança” ao dirigente baiano.

“Naquele momento, o Ednaldo havia sido eleito para um mandato tampão. Ele foi impedido e voltou por meio de uma ação judicial. A gente entendeu, naquele momento, que era preciso dar paz à CBF. Aquele movimento de unanimidade foi um gesto maduro — os 67 membros do conselho deram a ele a oportunidade de um mandato inquestionável. Todos demos um voto de confiança”, alegou.

image Eleições na CBF devem ser realizada em breve (Divulgação / CBF)

Segundo Gluck Paul, Ednaldo não soube aproveitar a oportunidade dada pelo colégio eleitoral, sobretudo diante do aumento das denúncias envolvendo sua gestão e da enorme pressão popular por mudanças.

“[O que mudou foi] o aparecimento de uma série de acontecimentos graves, e um movimento do Judiciário. À medida que ele é afastado, o que aparece como opção? Continuar brigando na Justiça e mantendo a CBF sem comando às vésperas de um compromisso da Seleção, ou acatar a decisão e se organizar para articular uma nova proposta? Decidimos, então, nos organizar para que a entidade siga em frente, já que a Seleção joga em breve”, avisou.

Possível compra de votos

image Presidente da FPF critica denúncia de possível compra de votos (Sidney Oliveira / O Liberal)

Durante a entrevista, Ricardo Gluck Paul voltou a rebater as acusações de compra de votos do colégio eleitoral na última eleição da CBF. O suposto suborno veio à tona após uma matéria veiculada pela revista Piauí, que afirma que os presidentes de federações receberam um reajuste salarial de 330%, chegando a vencimentos que ultrapassariam os R$ 200 mil mensais.

“Todos demos um voto de confiança, que acabou sendo mal interpretado por uma ‘notícia’ de que ele teria comprado o colégio eleitoral. Esse tipo de notícia vende mais, é mais apelativa, mas não foi o que aconteceu. O que houve ali foi um processo de maturidade diante de uma gestão turbulenta. Nunca houve nenhum movimento por salário ou compra de votos”, ratificou.

O afastamento de Ednaldo

image Ednaldo Rodrigues é alvo de ação judicial (Rafael Ribeiro / CBF)

O afastamento de Ednaldo Rodrigues foi oficializado na última quinta-feira (15). O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por meio do desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, decidiu afastar o então presidente por considerar inválido um acordo entre Ednaldo e Coronel Nunes, que abriu caminho para que o baiano fosse eleito mandatário da entidade.

Em seu lugar, foi designado Fernando Sarney, um dos vice-presidentes da Confederação, que assume como interventor com a missão de organizar uma nova eleição para a presidência da entidade “com a maior brevidade possível”.

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