Futebol pelada: jogos garantem renda e rodagem a jogadores amadores e profissionais em Belém

Parazão da Pelada, um dos principais torneios da Região Metropolitana de Belém, mostra como o futebol amador tem se tornado cada vez mais uma alternativa de renda para peladeiros e jogadores profissionais

Laiana Damasceno

Existe uma espécie de consenso entre quase todos os amantes do futebol, a certeza de que, muito melhor do que assistir ao jogo ou ir ao estádio acompanhar seu time jogar, só mesmo o ato de jogar futebol. E foi justamente para isso, para essa prática “descompromissada” do esporte que se inventou a “pelada”, ou o dito futebol amador. No Pará, a pelada tem uma forte tradição entre amigos e amigas, principalmente nos finais de semana.

image Futebol pelada já virou fonte de renda para ex-jogadores e atletas amadores (Claudio Pinheiro/O Liberal)

E o que é "amador" tem, cada vez mais, ganhado ares de profissionalismo ou de profissão, já que cresce o número de peladeiros e ex-atletas que tiram parte do seu sustento das partidas pelos campos nas periferias da Região Metropolitana de Belém.

“É uma competição, na verdade, de futebol semiprofissional. A gente fala amador, mas há um investimento muito grande e toda a área metropolitana envolvida. Por já ter tanta essa paixão que o futebol envolve por natureza, o futebol pelada não é mais uma brincadeirinha. Realmente existe um investimento muito alto, existe essa paixão muito grande. Tanto que hoje, como no profissional, existem alguns jogadores amadores que tem no futebol pelada o seu ganha-pão”, afirma Aderlan Simplício, coordenador do Parazão da Pelada.

Organização

Além de campos com medidas oficiais, exigência do uso de uniformes e chuteira, o torneio é disputado com arbitragem da Federação Paraense de Futebol (FPF). E não são só atletas amadores e ex-jogadores que fazem parte da competição, há exemplos de profissionais que entram na etapa final do torneio, durante período de férias dos clubes profissionais. Um deles, por exemplo, é o lateral-esquerdo Eric Vieira, 22 anos, que passou pelo Paysandu no primeiro semestre de 2023.

futebol pelada parazão

 

Outro ponto é que os times amadores funcionam como vitrine para atletas em busca de uma chance em clubes profissionais no Brasil e até mesmo no exterior. No TJ2000 Futebol Pelada, do bairro do Jurunas, em Belém, a maioria dos atletas recebe ajuda de custo para jogar e são “jurunenses”.

Essa é uma característica dos times que chegam quase a se profissionalizar para estar no Parazão da Pelada. Maior campeonato de Futebol Pelada do Pará, fundado em 2022, hoje, com 32 times inscritos.

Pagamento por jogo

Apesar do investimento de alguns times em "salários", que vão de R$ 100 a R$ 300 para jogador por partida, o Parazão da Pelada não tem uma premiação alta em dinheiro. Mesmo assim, muitos fazem questão de participar. "Se um time não jogou o Parazão, não é ninguém", brinca Ramon Silva, 36 anos, hoje agente de portaria e jogador Livergool Futebol Pelada, mas cuja carreira teve passagem pelo Remo (2008 a 2011), além Grêmio Barueri, Castanhal, Águia de Marabá, São Francisco-PA e Nacional-AM, entre outros.

Para os jogadores com aspirações profissionais, a pelada é uma atividade rentável enquanto não surgem bons contratos. O ex-Paysandu Eric Vieira jogou sua última partida no domingo  passado (3) com a camisa do TJ2000, na semifinal do Parazão da Pelada. No dia seguinte, embarcou para o Maranhão, para se apresentar ao Moto Club-MA, onde irá atuar na próxima temporada.

Não é a primeira vez que ele irá jogar fora do Pará, já fez parte de times do Tocantins e da Paraíba. "Na pelada, a gente joga por amor, no futebol profissional tem a questão financeira", diz ele, que nasceu e foi criado em Belém e é neto do Mestre Vieira, músico renomado na região.

Carreira para quem não vingou

O caminho contrário também é recorrente, caso do filho do senhor Emanuel. O pai conta que, após seu filho Alexandre quase ter sido um jogador profissional, voltou para a pelada em 2019. "É uma oportunidade de ser visto, apesar do meu filho não ter conseguido atuar como profissional e seguido outra carreira, ver ele aqui fazendo o que gosta não tem preço”, afirma.

O envolvimento da comunidade com o time chama a atenção de quem acompanha a competição. "O TJ2000 é a raiz do futebol do Jurunas. Tenho muito orgulho em torcer por esse time e ver meus amigos tendo a oportunidade de mostrar um bom futebol”, contou a torcedora Amanda Nogueira.

O Parazão da Pelada foi disputado em 16 campos de futebol espalhados pela Região Metropolitana de Belém, de agosto a dezembro de 2023, com 32 times participantes. A grande decisão de 2023 ocorre neste sábado (9), a partir das 17h, no Mangueirão. A disputa será entre TJ2000 e o Paaris Saint-Germain, time do bairro do Paar, em Ananindeua. Antes, às 15h, ocorre a final dos Masters, entre Santa Cruz do Marco e Velha Guarda. 

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