Diretorias de Remo e Paysandu debatem sobre os torcedores 'mistos'

O torcedor paraense já mostrou inúmeras vezes a sua força. Remo e Paysandu são conhecidos pela presença em massa dos seus torcedores em dias de jogos. Mas um assunto vem ganhando espaço nas últimas semanas, são os chamados “mistos”, pessoas que torcem para um clube do seu estado e também por outra agremiação, geralmente do eixo Sul e Sudeste.

Na última quarta-feira (23), os bares de Belém ficaram lotados para acompanhar a semifinal da Copa Libertadores entre Flamengo-RJ x Grêmio-RS. Após os gols do time carioca, fogos de artifícios, gritos e comemorações. Isso chamou atenção da produção da Rádio Liberal, que decidiu chamar os representantes da diretoria do Remo e do Paysandu para falar sobre o assunto.

O diretor de marketing do Remo, Renan Bezerra e o gerente de marketing do Paysandu, Vinícius do Carmo, estiveram nos estúdios da rádio e falaram o que pensam sobre o tema e como os clubes trabalham nesta questão dos torcedores mistos. Pelo lado remista, Bezerra entende que é algo muito difícil de combater, mas que o clube tenta mudar o quadro com a ajuda do departamento de comunicação.

“Os principais campeonatos do país são disputados praticamente só por times do eixo Sul e Sudeste. Isso deixa o Norte e o Nordeste em uma situação delicada. Trabalhamos diariamente isso na comunicação, mas é algo complicado de mudar. Isso prejudica a economia dos clubes [paraenses], quando ele [torcedor]compra a camisa do time da ‘moda’ e deixa de comprar a camisa do Remo, ficamos em uma situação delicada, pois ele possui uma limitação de orçamento”, frisou.

Remo terminou a Série C de 2019 como o líder no ranking de público com média de 16.112 torcedores por jogo. (Akira Onuma / OLiberal)

PENSAMENTO DIFERENTE

Pelo lado do Paysandu, Vinícius do Carmo avaliou a situação como normal. Mesmo torcendo apenas para o Paysandu, o gerente do marketing bicolor acredita que ser contrário ao torcedor misto é limitar, impor e que isso não combina com o futebol.

“É uma situação que tu não pode colocar o clube como responsável. Um exemplo foi no Círio, quando nossas lojas, sede e estádio foram visitados. As pessoas que vieram de fora compraram camisas do Paysandu. Você precisa ter em mente que isso é interessante, até mesmo para a grandeza do clube. Na minha opinião se torna uma atitude pequena quem se posiciona contra o torcedor de fora ou qualquer outra agremiação que venha a Belém”, falou.

Papão foi segundo colocado no ranking de público da Série C com média de 11.555 torcedores por partida. (Igor Mota / OLiberal)

Em alguns estádios pelo país é proibido a entrada de pessoas com camisas de outros clubes. Em Belém a dupla Re-Pa não utiliza essa “norma” na Curuzu e no Baenão, mas dentro das sedes o Paysandu proíbe pessoas com camisas do rival e o Leão não permite a entrada de nenhum outro uniforme que não seja o azul marinho.

LADO AZULINO

O diretor de marketing do Remo comentou que o clube tenta combater o avanço de torcedores mistos e foca algumas ações visando principalmente o público infantil.

“É uma ‘briga’ grande, pois é uma variável que não depende apenas dos clubes. A mídia, as contratações de grandes jogadores, os campeonatos que disputam, tudo isso interfere na escolha por outro clube. Mas tentamos trabalhar o tema nas crianças, por isso os a utilização do mascote, para dialogar com o novo torcedor”, explicou.

LADO BICOLOR

Já Vinícius acredita que a mudança só será bem sucedida através da história do clube. O gerente alvicleste citou um momento importante do clube bicolor que impactou em uma melhora

“O único trabalho que o clube tem que fazer é criando história. Depois que o Paysandu foi campeão dos campeões, teve uma queda na quantidade de torcida por clubes de fora. Os feitos são decisivos para o torcedor aderir a ideia de ‘ter’ só um clube”, finalizou.