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Dia Internacional da Mulher: a arbitragem feminina e os desafios no futebol paraense; veja

A assistente de arbitragem Nayara Lucena Soares é um exemplo de destaque no cenário esportivo. Com qualidade técnica e visão moderna do esporte, quebra paradigmas e reafirma o espaço feminino em campo

Luiz Guilherme Ramos
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Aos 32 anos, a professora de educação física e árbitra de futebol Nayara Lucena Soares é um dos nomes mais promissores da arbitragem paraense. A experiência nos jogos de futebol, tradicionalmente frequentados por homens, têm sido um desafio e tanto, que ela diz superar com naturalidade, embora saiba que por anos, o futebol foi reduto masculino. Em plena semana onde se comemora o Dia Internacional da Mulher, O Liberal conversou com a integrante da comissão de arbitragem da Federação Paraense de Futebol, para um bate-papo leve sobre a carreira e os desafios de estar à beira das quatro linhas. 

Como e quando começou a carreira no esporte?

Sou árbitra de futebol há sete anos, mas eu fui atleta de futebol profissional dos 12 aos 22 anos, ou seja, 10 anos entre atleta e arbitragem. Comecei aqui em Belém e minha paixão pelo futebol iniciou desde que me entendo por gente. Quando me formei parei um pouco para me dedicar à minha profissão, que é professora de educação física, mas encontrei na arbitragem uma forma de conciliar a paixão de infância.

É difícil concilia as atividades de arbitragem e profissionais?

Eu dou um jeito de conciliar a rotina deixando uns dias livres para fazer treinamentos específicos, que são oferecidos pela federação, além de cuidar da parte física. Eu sou personal, dou aula desde seis horas da manhã, funcionária pública do estado. A tarde dou aulas particulares e a noite faço musculação. As escalas dependem muito da Federação, e quando tenho a oportunidade eu vou para os jogos

Pode citar momentos importantes da sua carreira?

Eu cheguei num nível do profissional de trabalhar em grandes decisões, então todo jogo é importante. O futuro depende do agora. Eu tenho que fazer uma excelente partida para estar na próxima. Um dos mais difíceis foi no ano passado, do Castanhal e Paysandu, onde tive um lance de dificuldade altíssima e tive oportunidade de acertar. Ainda sim gerou um tumulto, mas deu tudo certo. Foi um dia histórico porque pela primeira vez todos os jogadores vieram para cima de mim e eu mantive o controle emocional. 

Possui vínculo com o quadro nacional?

Sou árbitra da Federação Paraense de Futebol (FPF) e ingressei no quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no ano de 2018. Todo ano a gente participa de testes, provas, para continuar no quadro. É um desafio constante que nos move a trabalhar mais e melhor.

Como você enxerga o cenário da arbitragem?

Atualmente, temos no quadro da Federação aproximadamente 20 mulheres. Atuando no Parazão deste ano são seis árbitras. O que impede na maioria das vezes que mulheres cheguem no quadro profissional é que muitas delas são mães. Para chegar num nível profissional é preciso manter bom condicionamento, ter boa alimentação e muitas não conseguem. Agora iniciou uma nova escola com oito meninas e espero brevemente que todas elas estejam trabalhando nos campeonatos profissionais. 

O futebol ainda é um ambiente masculinizado?

Eu acredito que a maior dificuldade seja o preconceito. Eu não sinto muito isso dos jogadores, porque eles cobram normal, independente do sexo. A gente sente muito vindo da torcida. Se perguntarem para as árbitras, elas escutam muitas ofensas das arquibancadas. Gente dizendo que tenho que lavar roupa, piadas infelizes. As próprias mulheres são machistas por não aceitarem a nossa condição e esculacham. Por vezes são as piores ofensas.

Como funciona a arbitragem?

Você faz o curso para arbitragem e sabe todas as funções. Mas chega um momento onde você precisa escolher um caminho, porque fica difícil ser bom em duas coisas. As tomadas de decisões são diferentes, os gestuais são diferentes. Ou você se aprimora em uma ou em outra. Desde que eu entrei na escola eu queria ser assistente. 

Já apitou jogos fora?

Ainda não tive oportunidade de trabalhar em jogos fora do estado. Esse ano pretendo fazer o teste físico masculino, pois só quem atua nesses jogos é quem passa no teste físico masculino. O último que fiz foi feminino, mas vou tentar o outro para atuar em competições fora do estado. 

Qual a sua avaliação sobre o cenário do futebol paraense?

A cada ano a gente percebe a evolução dos jogadores, times, dirigentes, arbitragem. Eu trabalho há sete anos e o nível tem sido cada vez mais alto. Eu espero que continue assim para que o futebol fique no mais alto rendimento possível. 

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