Clubes emergentes denunciam desigualdade no futebol paraense e cobram mais apoio do poder público

Um manifesto conjunto de quatro clubes do Parazão cobra maior atenção do governo estadual com relação aos recursos que têm sido destinados preferencialmente à dupla Remo e Paysandu, que irão receber, cada um, um centro de treinamento bancado pela Vale

O Liberal
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A desigualdade na distribuição de recursos no futebol paraense voltou ao centro do debate após críticas de representantes de clubes considerados emergentes, que acusam uma concentração de investimentos em Remo e Paysandu em detrimento das demais equipes da Série A do Campeonato Paraense. Segundo eles, diferenças nos repasses de direitos de imagem, patrocínios e apoio do poder público criam um cenário considerado “desproporcional” e dificultam o crescimento dos clubes do interior e também da capital fora do eixo tradicional.

Na virada do Natal, quatro clubes divulgaram manifestos questionando o que classificam como tratamento desigual à dupla Re-Pa. Bragantino, Águia de Marabá, Tuna Luso e Cametá publicaram em suas redes sociais textos nos quais expõem a diferença de apoio e defendem maior equilíbrio na distribuição de recursos, conforme explica o presidente do Bragantino, Cláudio da Van.

“Todos os clubes que chamamos de emergentes — os dez, excluindo Remo e Paysandu — entre eles Águia, Tuna, Bragantino, Cametá, enfim, todos que disputam a Série A, vinham sendo penalizados. A diferença é brutal. Um exemplo claro é o direito de imagem, no contrato firmado com a Funtelpa. Os dez clubes recebem R$ 80 mil cada, enquanto Remo e Paysandu recebem R$ 800 mil. Ou seja, apenas 10% do valor, uma diferença extremamente desproporcional, principalmente se considerarmos que esses dez clubes têm uma grade muito maior de jogos como mandantes do que Remo e Paysandu”, afirma o dirigente.

Cláudio da Van também cita outros exemplos de disparidade financeira. “Neste ano, Remo e Paysandu terão apenas cinco jogos como mandantes, enquanto os demais clubes terão cerca de 30 partidas em casa, inclusive enfrentando Remo e Paysandu. A isso se soma o patrocínio do Banpará: os clubes recebem R$ 300 mil cada, enquanto Remo e Paysandu recebem mais de R$ 2 milhões cada um. Se somarmos o valor dos dez clubes, ainda assim não chega nem a 10% do que recebem os dois. Além disso, há ações como ‘Banpará Curuzu’ e ‘Banpará Baenão’, com parcelas específicas para a exposição do nome, sem contar o apoio do governo do Estado. Agora, ainda vão entregar o CT para Remo e Paysandu”, questiona.

Notas dos clbues paraenses

Críticas pontuais

A Tuna Luso, por exemplo, destaca em sua nota a importância histórica do trabalho desenvolvido nas categorias de base do clube, reconhecido como um dos grandes formadores de atletas do estado. “Mesmo enfrentando enormes dificuldades, há décadas cumprimos papel fundamental na formação esportiva, dominando competições de base, revelando talentos (...). É justo apoiar quem revelou grandes atletas que chegaram a vestir a camisa da Seleção Brasileira”, diz o comunicado.

Já o Águia de Marabá classifica o apoio direcionado à dupla Re-Pa como “duplamente injusto”, especialmente em relação ao clube marabaense, que figura como a terceira força do futebol paraense nos últimos anos. O manifesto também lembra que a Vale, patrocinadora dos centros de treinamento de Remo e Paysandu, mantém na região sudeste do estado “suas maiores jazidas de minério”.

O Cametá, por sua vez, ressalta a representatividade regional do clube. “O Mapará é referência esportiva de todo o Baixo Tocantins, região composta por 11 municípios e cerca de 800 mil habitantes, conforme dados do IBGE. Valorizar o Cametá é reconhecer a força, a identidade e a importância esportiva de toda essa região”, afirma o texto.

Segundo os clubes, a verba prometida pelo governo do Estado para a construção dos centros de treinamento de Remo e Paysandu segue um modelo que tende a enfraquecer — ou até extinguir — a competitividade dos clubes do interior, como avalia Cláudio da Van.

“Serão destinados R$ 10 milhões para Remo e Paysandu, por meio da Vale, com redução de imposto. Isso é revoltante. Nós representamos regiões, assim como o Águia representa outras, o Castanhal representa a sua. Trabalhamos com crianças, com categorias de base, com outras modalidades. Então, por que essa diferença? É revoltante ver o governador tomar uma atitude como essa e não chamar os demais clubes para também investir. São clubes maiores, sim, mas não se pode ignorar os outros. É o mesmo que investir apenas na capital e esquecer o interior”, conclui.

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