De “vale-tudo” a esporte profissional: a transformação do MMA

Modalidade superou preconceitos e consolidou-se como esporte profissional, atraindo cada vez mais público e atletas

Iury Costa
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A violência como espetáculo sempre foi utilizada como entretenimento pelo ser humano e chamou a atenção da sociedade. Desde as grandes batalhas de gladiadores travadas no Coliseu romano, passando pelas lutas de pankration na Grécia Antiga e pelas justas medievais, até os torneios de boxe sem luvas do século XIX, a violência organizada esteve presente como espetáculo em diferentes épocas.

O avanço da civilização manteve essa tradição viva, e como herança, surgiu o MMA (Artes Marciais Mistas), modalidade que começou como Vale-Tudo e que hoje, é regularizada e reconhecida como um esporte profissional. Mas nem sempre foi assim, o MMA já chegou a ser proibido e marginalizado em muitos países desde o seu surgimento. Além disso, os atletas da modalidade eram tratados como brigões e violentos, sofrendo assim certo preconceito.

“No meu início no esporte, quando eu fazia o Vale Tudo, não só eu como muitos outros atletas passamos por um momento de preconceito e recebemos muitas críticas”, conta Caio Bitencourt, atleta de MMA profissional que luta no evento russo, ACA (Absolute Championship Akhmat). “E graças a Deus, isso nunca foi de me afetar, eu sempre busquei mostrar o contrário do que as pessoas achavam do esporte”, afirma Caio.

Caio Leão, como é conhecido no mundo das artes marciais, começou a praticar lutas na infância por influência do pai, e se tornou profissional de Vale Tudo com apenas 15 anos de idade e depois migrou para o MMA. Segundo ele, os grandes eventos de MMA tiveram importância na mudança de olhar que a sociedade teve sobre o esporte.

“Tiveram outros eventos, mas foi a partir do antigo Pride e do UFC que o esporte se popularizou. Eles levaram o MMA para um público muito maior, inclusive para pessoas que nunca tinham praticado artes marciais. Além disso, os grandes atletas brasileiros que brilharam nesses eventos ajudaram a consolidar o MMA como esporte profissional e a mudar aquela imagem de que éramos apenas brigões”, explicou.

Além disso, o atleta comenta sobre a responsabilidade dos próprios praticantes desse esporte de mudar a visão da sociedade sobre os atletas e mostrar os ensinamentos das artes marciais que incluem disciplina, respeito e amor ao próximo. “Nós, como atletas, temos a obrigação de levar esses valores também para fora do octógono. Isso ajuda a construir uma imagem de profissionalismo”, ressalta.

image Equipe de Caio Leão na academia Trator Team (Foto: Igor Mota/O Liberal)

MMA nas Olimpíadas

A mudança de percepção da sociedade sobre o MMA abriu novos debates. Um deles é a possibilidade de tornar a modalidade um esporte olímpico, tema que já vem sendo discutido entre atletas e dirigentes e que divide opiniões. Para Caio, no entanto, o formato atual, com lutas mais longas e dinâmicas, não se encaixaria na lógica dos Jogos. “O MMA tem um formato próprio, com tempo de luta e regras específicas. Adaptar para as Olimpíadas poderia descaracterizar o esporte”, explica.

image Durante o treinamento (Foto: Igor Mota/O Liberal)

Carreira profissional

Atualmente, Caio é atleta do evento Absolute Championship Akhmat da Rússia. Com três vitórias nas últimas quatro lutas, ele vem tendo grandes momentos na organização, o que rendeu a ele uma colocação no ranking da categoria até 93kg no ACA. Vivendo o bom momento, ele tem um objetivo claro. “Minha meta é clara: no próximo ano quero estar disputando o cinturão e trazer esse título para o Brasil”, afirma.

“Tenho fé que no próximo ano vou conquistar esse título. Depois disso, quero defender o cinturão até o fim do meu contrato e, quem sabe, me tornar o estrangeiro com mais defesas de cinturão na história da organização. Esse é meu foco: deixar meu nome marcado e encerrar essa trajetória com chave de ouro”, finaliza.

 

*(Iury Costa, estagiário de jornalismo sob supervisão de Caio Maia, coordenador do Núcleo de Esportes)

 

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