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Vendas em shoppings cresceram 43,5% no Norte, mas números pré-pandemia não foram recuperados

Associação de shopping em Belém afirma que base de comparação é fraca, devido ao cenário do ano passado ser considerado negativo devido à segunda onda de Covid-19

Natália Mello
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Uma pesquisa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), com base em levantamento do Índice Cielo de Varejo em Shopping Centers (ICVS-Abrasce), apontou a 13ª alta mensal consecutiva das vendas nos shoppings centers, alcançando um percentual de 81,5% em abril, se comparado com o mês anterior. Descontada a inflação, o crescimento cai para 61,8%. No Norte do país, o aumento foi de 43,5%, o menor percentual entre todas as regiões e, segundo lojistas de associações de shoppings em Belém, esse índice elevado de incremento das vendas se justifica pela base de comparação abaixo da média, quando as vendas estavam baixas por conta da segunda onda da Covid-19 no primeiro quadrimestre de 2021.

“O percentual elevado de crescimento se justifica porque a base de comparação era fraca. No primeiro quadrimestre de 2021, as vendas estavam baixas por conta da segunda onda de Covid-19. Então, o percentual de crescimento é alto porque a base de comparação é fraca. Não era um período de prosperidade, ao contrário, as vendas estavam na base de 50% abaixo do normal”, afirmou o presidente da Associação de Lojistas do Boulevard Shopping (ALBS), Thiago Fonseca.

De acordo com o lojista, esse aumento de venda é determinado pelo crescimento do preço médio da mercadoria por conta do cenário inflacionário. Ou seja, ele explica que um produto que um dia custou R$ 1 pode estar custando R$ 2, por exemplo, para o consumidor. Neste caso, se a loja vender um produto, já consegue considerar que dobrou a receita, mas é importante levar em consideração que a inflação também pressiona o custo da mercadoria para o varejista.

“O varejista também está comprando mais caro. Então se era um negócio que ele comprava a R$ 0,50 hoje ele está comprando R$ 1. Essencialmente, o aumento nominal das vendas não quer dizer que esteja existindo maior eficiência da operação, porque o que determina isso é a pressão inflacionária, aumentando o preço final do produto para o consumidor, mas também para a empresa. Fora que a inflação também repercute nos aluguéis, na energia elétrica, então todos os custos do varejista das lojas estão aumentando na conjuntura que a gente vive. Então o aumento de vendas não quer dizer aumento de eficiência, e isso é muito importante ter claro”, detalha.

Thiago lembra outro fator: com o preço médio maior da mercadoria por conta da inflação, há uma tendência de menor giro de estoque, ou seja, varejistas podem estar vendendo menos produtos em quantidade. “Não pode ser tão simplista assim de olhar o faturamento nominal e com isso correlacionar a um aumento de eficiência, aumento de lucratividade, isso não está existindo. A inflação ela repercute em todos os setores da cadeia produtiva. E portanto interfere na eficiência da operação”, diz.

“Sem dúvida muitos lojistas tiveram crescimento real sim, mas não se pode falar que o setor está em crescimento real de vendas. Ao contrário, o setor de shopping ele está passando por um momento bastante delicado. E eu posso falar como presidente da Associação que a maioria dos lojistas do shopping não está registrando um crescimento real em vendas, ou seja não está performando melhor”, finaliza Thiago Fonseca.

Lorenzo Mangabeira, de 40 anos, possui uma loja de roupas geek há sete anos em um shopping localizado no bairro do Reduto, em Belém. De acordo com o empresário, houve realmente um crescimento nas vendas, que gira em torno de 20%, mas ele atribui esse aumento à uma mudança no comportamento de consumo dos clientes, dando a impressão de incremento.

“O consumo estava muito retraído, se a gente quiser ser mais real, precisamos comparar com os números de antes da pandemia, se considerar o período pré-Covid, o aumento foi em torno de 8 a 9%, isso sem considerar a inflação, que maquia o resultado. Considerando a inflação, não temos crescimento nenhum comparado ao ano antes da pandemia”, diz. “Tem o crescimento, mas não é como as associações estão colocando. Elas dizem que o crescimento aumenta para estimular o consumo e para terem mais lojistas no shopping, porque tem muita vacância ainda, a economia do varejo como um todo ainda não se recuperou”, conclui.

O lojista Alan Lima possui uma loja dentro de um shopping no bairro Mangueirão, em Belém, há cinco anos, e compartilha das observações de Thiago e Lorenzo. "Desde janeiro desse ano, as vendas vêm crescendo, mas igual ao período de antes da pandemia ainda não aconteceu. Comparando o Natal, o Dia das Mães, não voltamos ainda. Esse crescimento está sendo gradativo, mês a mês. O meu faturamento mensal era R$ 40 mil, R$ 42 mil, hoje consigo vender no máximo R$ 35 e tenho que agradecer. Junho, por exemplo, está melhor que o mês de maio, e olha que teve o Dia das Mães", concluiu. 

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