Tomate fica mais barato em setembro, mas tem alta de 18% no ano em Belém
Após meses de aumento, preço do quilo do tomate caiu 7,76% em setembro na capital paraense, mas segue acima do registrado em 2024.

O preço do tomate caiu em setembro de 2025 em Belém, após sucessivos aumentos ao longo do ano. Segundo dados do Dieese/PA, o quilo do produto foi vendido em média a R$ 8,56, o que representa uma queda de 7,76% em relação a agosto. Apesar da retração, o valor ainda acumula alta de 18,23% em 2025 e 8,08% nos últimos 12 meses.
Fatores climáticos e a dependência de fornecedores de outras regiões do país ajudaram a pressionar os preços do tomate no mercado local. A percepção de consumidores sobre a queda de preços, porém, é dividida.
Queda após meses de aumento
Segundo levantamento do Dieese/PA (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o preço do quilo do tomate passou por fortes oscilações em 2025. Depois de atingir o pico de R$ 10,61 em abril, o valor médio começou a cair gradualmente, chegando a R$ 8,56 em setembro.
Apesar da queda registrada no último mês, o produto ainda acumula uma alta significativa: 18,23% de janeiro a setembro de 2025, e 8,08% se comparado a setembro de 2024. No mesmo intervalo, a inflação geral foi bem menor, o que torna o aumento no preço do tomate ainda mais expressivo.
Belém teve alta menor que o Brasil, mas ainda sente os efeitos
De acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE, o preço do tomate em Belém caiu 8,27% em setembro. No Brasil, a retração foi de 11,52%. No acumulado de 2025, o tomate subiu 15% na capital paraense, contra 18,70% no cenário nacional.
Para Jorge Portugal, presidente da Aspas (Associação Paraense de Supermercados), esses números mostram certo equilíbrio.
"Quando teve a questão do aumento do preço, aqui o aumento foi menor que a média nacional. Então isso é um equilíbrio", afirmou.
Segundo ele, o Pará não produz tomate em larga escala e depende de abastecimento de outras regiões, como o Nordeste e o Sudeste.
"Quando chove muito, prejudica. Quando é muita seca, também prejudica", explica Portugal sobre a oscilação no preço.
Consumidores percebem realidade diferente
Apesar dos dados oficiais apontarem uma queda no preço do tomate, nem todos os consumidores notaram essa mudança no dia a dia. Para a aposentada Cleide Silva, a redução não foi sentida.
"Para mim, manteve o preço. Às vezes eu nem compro porque, mesmo que tenha baixado, o produto não é bom. Tá estragado", relata.
Já a empresária Franciele Carvalho confirma ter percebido a queda. "Passei a comprar mais com certeza. Comprei tomate por R$ 5 agora", disse.
No entanto, ela também lembra que ao longo do ano, principalmente nas feiras, o produto ficou bem mais caro.
Nas feiras, oscilação também foi sentida
A feirante Gabrielle Alves, que vende no bairro da Pedreira, relata que o preço caiu de R$ 12 em agosto para R$ 8 em setembro. Mas ela também confirma a alta nos primeiros meses do ano. “A gente percebe porque fica em falta a mercadoria. Em setembro, tinha bem pouco tomate”, comenta.
Segundo ela, o tomate é um dos itens mais procurados pelos clientes, o que faz com que mesmo pequenas variações no preço impactem diretamente nas vendas e na procura do consumidor.
Restaurante sente pouco alívio com queda no preço do tomate
Mesmo com a redução no preço do tomate em setembro, o impacto no setor de alimentação fora de casa ainda é limitado. Para Leandro Marques, dono de um restaurante no bairro da Pedreira, a queda de 8,27% no preço do produto ajudou nos custos operacionais, mas não foi suficiente para compensar outras altas.
"Sim, diminuiu nossos custos em relação ao tomate, mas outros produtos aumentaram e não sentimos muito essa queda", afirma.
Segundo Leandro, o aumento no valor da água, da energia elétrica e de outros ingredientes essenciais, como os insumos da feijoada, impede que qualquer economia com o tomate seja repassada aos clientes.
"Não temos como repassar, pois tivemos o aumento da água, energia e alguns insumos da feijoada", explica.
A variação de preços de produtos básicos, como o tomate, também influencia diretamente o planejamento do cardápio. "Estando em alta, tentamos substituir, assim que possível. Isso dá para aguentarmos sem aumentar valores do cardápio. Ultrapassando um patamar, nós aumentamos o valor do nosso cardápio", conclui o empresário.
Variação do preço do tomate em Belém (Fonte: Dieese/Pa)
Mês/Ano - Preço médio (R$)
- Set/2024 7,92
- Dez/2024 7,24
- Jan/2025 8,15
- Fev/2025 8,72
- Mar/2025 9,18
- Abr/2025 10,61
- Mai/2025 10,28
- Jun/2025 9,72
- Jul/2025 9,58
- Ago/2025 9,28
- Set/2025 8,56
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