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Sul e nordeste do Pará são as áreas mais afetadas por incêndios entre junho e agosto, diz Faepa

Os assentamentos rurais, conjunto de unidades agrícolas independentes entre si, foram as atividades mais impactadas durante o período, conforme diretor da Faepa; Pará tem 3º maior prejuízo do país com incêndios.

Jéssica Nascimento
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O sul e o nordeste do Pará foram as regiões mais afetadas pelos incêndios florestais entre junho e agosto de 2024, segundo Guilherme Minssen. O diretor da Faepa (Federação da Agricultura e Pecuária do Pará) disse também que as atividades mais afetadas no estado foram os assentamentos rurais, conjunto de unidades agrícolas independentes que são instaladas em um território onde antes havia um único imóvel rural. O objetivo é atender a famílias de trabalhadores rurais que não têm condições econômicas para comprar um terreno para produzir.

Sobre a estimativa do prejuízo dos incêndios de setembro para o estado, Minssen afirmou que não existe ainda esta previsão. “Como as primeiras chuvas já chegaram a regiões afetadas, estes números estão sendo revisados  em diferentes regiões”, explicou. O diretor da Faepa, contudo, revelou alguns dados do cenário no Amazonas, que faz divisa com o Pará. Segundo Missen, dos mais de 19 mil focos de calor identificados no estado amazonense, 73% foram em áreas federais - assentamentos da reforma agrária, terras indígenas e unidades de conservação. 

A Faepa, até o momento, não tem dados específicos do Pará sobre os incêndios de junho a agosto deste ano. 

Agropecuária do estado teve prejuízo de R$ 2 bilhões com incêndios

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os incêndios, de junho a agosto de 2024, geraram prejuízos de R$ 14,7 bilhões à agropecuária do Brasil. O levantamento foi divulgado nesta quinta-feira, 26. O Pará teve o 3º maior prejuízo do país - R$ 2 bilhões. Só foi superado por São Paulo (2,8 bilhões) e Mato Grosso (2,3 bilhões).

Os maiores impactos econômicos, de acordo com a CNA, foram na pecuária e pastagem (R$ 8,1 bilhões), cercas (R$ 2,8 bilhões), perdas com a produção de cana-de-açúcar (R$ 2,7 bilhões), e outras culturas temporárias e permanentes (R$ 1,068 bilhão).

"A abordagem foi conservadora e considerou as áreas com maior impacto. Com a continuidade de incêndios em setembro e volta de focos em São Paulo e em Mato Grosso, a área afetada pode ser maior e revisaremos os números", explicou o diretor técnico-adjunto da CNA, Maciel Silva, ao Estadão/Broadcast. A estimativa não considera os impactos com os incêndios ocorridos neste mês. O prejuízo econômico, dessa forma, pode ser maior.

As áreas afetadas, conforme a CNA, foram levantadas com base em imagens de satélite, em levantamentos do Map Biomas e dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe). Já as perdas financeiras das áreas incendiadas foram calculadas com base no custo de reposição da matéria orgânica em toda a área agropecuária queimada, perdas ocasionadas na produção de cana-de-açúcar que ainda não tinha sido colhida, entre outros aspectos. 

Calculado pela CNA, o impacto econômico considerou as perdas nas culturas plantadas e na qualidade do solo. No entanto, o prejuízo pode subir se considerado eventuais impactos na produção da próxima safra - lavouras de cana-de-açúcar e produção bovina. 

Quais as ações diante do cenário?

Será necessária uma série de medidas de apoio aos produtores rurais para recuperação das áreas e da atividade agropecuária nas áreas incendiadas, na avaliação da confederação. "O financiamento é uma delas, dado que os produtores vão demandar recursos para recuperação, além de mecanismos de realavancagem em virtude das perdas monetárias", observou o diretor técnico adjunto da CNA. 

Com uma linha com aproximadamente R$ 6,5 bilhões disponíveis, a liberação de recursos do Programa de Financiamento a Sistemas de Produção Agropecuária Sustentáveis (RenovAgro) do Plano Safra 2024/25 para a recuperação de áreas atingidas por incêndios florestais é aquém do necessário para recuperação das propriedades rurais, na opinião da CNA. Citado pela confederação, o esforço governamental para análise e validação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) também é uma medida que agilizaria a responsabilização pelos incêndios criminosos.

A Faepa, promoveu nesta quarta-feira (25), na sede da entidade, em Belém, um encontro entre lideranças rurais e o Corpo de Bombeiros Militar Estadual. Presente na reunião, coronel Wagner Silva foi enfático ao dizer que no Pará os produtores rurais estão auxiliando as forças públicas no combate ao fogo. “Seria leviano de qualquer órgão acusar os produtores rurais. Tudo está sendo investigado. Os produtores, na verdade, são grandes parceiros. A gente sabe que os nossos agricultores estão evoluindo nas técnicas de fazer o tratamento de renovação do pasto e do solo. Existem vários trabalhos desenvolvidos pelos órgãos de apoio e pesquisa, como a Embrapa e o Senar, que passam treinamentos e capacitações", disse.

Tarcísio Burim, produtor rural e presidente do Sindicato Rural de Dom Eliseu, no nordeste do Pará, esteve presente no evento e compartilha da mesma opinião do coronel. Ele cita exemplos que adota na própria fazenda para fazer o combate a possíveis focos e também impedir que incêndios vindos de fora atinjam a propriedade. “Não tem nada a ver com o produtor rural. No momento da colheita, neste período onde as temperaturas são muito altas, há o acompanhamento com todos os equipamentos necessários para combater possíveis incêndios como forma de prevenção. O grande problema são as beiras de rodovias e estradas mesmo”, pontua Tarcísio. 

 

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