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Retirada do tarifaço de 40% sobre o açaí pode aumentar exportações, mas pressionar preços no mercado

Com a retirada da tarifa de 40% sobre o açaí, produtores e vendedores paraenses podem ter uma nova realidade de preços e oferta, enquanto o mercado externo pode se tornar um destino mais lucrativo para o fruto típico da região.

Jéssica Nascimento

A decisão do governo norte-americano de retirar a tarifa de 40% sobre o açaí pode trazer consequências significativas para o mercado paraense. Com a maior competitividade no mercado externo, o fruto paraense pode se tornar mais atrativo, mas a pressão sobre o consumo local pode resultar em preços mais altos para os consumidores de Belém e outras cidades do estado. Especialistas e produtores ainda analisam as consequências dessa mudança para o futuro da cadeia produtiva do açaí.

image(Foto: Thiago Gomes)

Enquanto o mercado externo, especialmente os Estados Unidos, representa uma oportunidade de aumento nas exportações, o impacto para o mercado interno ainda é incerto. Produtores e comerciantes locais temem uma possível elevação no preço do açaí, já que a demanda externa pode desviar a oferta que antes abastecia o consumo local.

A competitividade internacional e os efeitos

A retirada da tarifa de 40% sobre o açaí, que vigorava desde o início de 2023, tem gerado discussões intensas entre os envolvidos na cadeia produtiva. Para Everson Costa, supervisor técnico do Dieese/PA, a medida trouxe benefícios imediatos ao tornar o produto mais competitivo no mercado internacional, especialmente nos Estados Unidos.

"A suspensão do tarifaço de 40% melhora a competitividade do açaí, principalmente para os exportadores paraenses. Agora, eles conseguem vender para os Estados Unidos com um custo de entrada mais baixo, o que pode aumentar a margem de lucro", explica Costa.

Com o açaí se tornando mais atraente para o mercado internacional, a demanda externa tende a crescer, o que pode resultar em uma pressão sobre os preços internos. Segundo Costa, a curto prazo, isso pode significar um aumento nos preços, especialmente no varejo local, já que parte da produção destinada ao consumo interno pode ser redirecionada para mercados mais lucrativos.

image (Foto: Thiago Gomes)

Impacto no mercado local: preços mais altos à vista?

Por outro lado, a retirada da tarifa traz uma preocupação central para os comerciantes e consumidores locais: o impacto no preço do açaí. Lays Sampaio, vendedora de açaí na Avenida Romulo Maiorana, acredita que o efeito da mudança não tem sido tão drástico para o mercado paraense até o momento.

image Lays Sampaio. (Foto: Thiago Gomes)

"O consumo aumentou, mas não por causa da tarifa. A safra deste ano, que está chegando ao fim, ajudou a reduzir um pouco os preços. O açaí continua sendo um produto consumido por todos, e não só aqui no Pará, mas também no mundo inteiro," afirma Sampaio.

Apesar dessa visão mais otimista, especialistas como Jhoy Gerald Rochinha Jr, diretor da Associação da Cadeia Produtiva do Açaí de Belém (ACPAB), alertam para os riscos de uma elevação no preço do produto no curto prazo. A demanda externa, especialmente com o retorno das encomendas dos Estados Unidos, pode levar a um desabastecimento no mercado local.

"Nosso medo é que, com o aumento da demanda externa, o preço do açaí suba e se torne inacessível para o consumidor paraense, especialmente para os batedores artesanais e a população que depende do açaí diariamente," destaca Rochinha Jr.

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Desafios da cadeia produtiva 

Além das preocupações com os preços, a retirada do tarifaço também revela as fragilidades da cadeia produtiva do açaí no Pará. Para Emerson Menezes, consultor agrícola da Amaçaí (Associação dos Produtores de Açaí da Amazônia), as mudanças no mercado ainda são recentes e os efeitos sobre os preços no varejo podem não ser imediatos.

"A demanda pelo açaí tende a aumentar com a retirada da tarifa, mas a nossa safra ainda está gradativa. Como o mercado nacional e internacional começa a reagir, podemos esperar que os preços se mantenham entre R$ 16 e R$ 20 o litro para o consumidor final," explica Menezes.

Porém, essa expectativa pode ser impactada pela entressafra, que já se aproxima, o que pode limitar a oferta de açaí e aumentar os custos de transporte e frete. Isso ocorre, especialmente em um cenário onde a produção tende a diminuir e a demanda externa aumenta.

image (Foto: Thiago Gomes)

O futuro do mercado de açaí no Pará ainda é incerto, e a resposta do mercado interno e externo a essa mudança pode levar alguns meses para ser totalmente compreendida. A previsão é que, entre meados de dezembro e janeiro, os efeitos mais concretos sobre o preço e a oferta do produto se tornem mais evidentes.

"Vamos precisar de mais tempo para ver como o mercado vai se ajustar. As fábricas e produtores vão começar a sentir os impactos, e é aí que veremos se o preço vai aumentar ou se conseguiremos equilibrar essa oferta com a demanda," conclui Jhoy Gerald Rochinha Jr.

 

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Economia
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