Suspensão de tarifaço de 40% dos EUA é celebrada por produtores de agricultura do Pará
Com a decisão do governo dos EUA de retirar as taxas extras sobre produtos agrícolas brasileiros, representantes da agricultura paraense veem um alívio, mas ressaltam que o caminho para a recuperação ainda é longo
A suspensão das tarifas de 40% impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre diversos produtos agrícolas brasileiros, anunciada nesta quinta-feira (20/11) pelo presidente Donald Trump, trouxe alívio para os produtores do Pará. Em um momento de crise, especialmente para o setor do cacau e do açaí, a retirada da sobretaxa é vista como uma chance para recuperar competitividade no mercado internacional. Contudo, apesar do entusiasmo, ainda há desafios a serem superados, como a liberação da carne bovina do estado para o mercado norte-americano.
Com a ampliação da lista de produtos livres das tarifas extras, os setores de cacau, açaí e frutas frescas do Pará têm esperança de recuperar exportações perdidas. Contudo, a carne do estado ainda enfrenta barreiras sanitárias. Representantes do setor agrícola do estado comemoram, mas pedem mais avanços para a liberação de novos produtos no comércio internacional.
Antonio Marcos de Sena, fundador de uma empresa de cacau em Abaetetuba, interior do estado, expressou otimismo com a suspensão da sobretaxa: "Acredito que com essa retirada da sobretaxa as coisas vão voltar a melhorar para nós produtores de cacau e derivados. O preço do cacau commodity, que está lá embaixo, vai tornar mais competitivo exportar amêndoas de cacau, manteiga e massa para os EUA."
A medida também pode incentivar novos investimentos na produção local, segundo Sena. "Com mais competitividade, podemos aumentar o volume exportado e gerar um forte incentivo para os produtores do Pará investirem na produção, buscando atender à demanda externa", afirmou.
Açaí: valorização esperada no mercado externo
utro setor que comemorou a suspensão das tarifas foi o do açaí, que, de acordo com Emerson Menezes, consultor agrícola da Amaçaí (Associação dos Produtores de Açaí da Amazônia), sentiu um impacto negativo desde a imposição das taxas extras. "A exportação diminuiu e a oferta de fruto vinha aumentando, mesmo que gradativamente, devido aos efeitos das duas estiagens anteriores", disse.
Menezes destacou que o preço do fruto chegou a cair abaixo dos valores praticados anteriormente. Com a retirada das tarifas, ele acredita que a exportação será retomada, permitindo que o fruto se valorize novamente. "Com a queda das taxas, as indústrias que já estavam estocadas sem comprar o fruto passam, neste momento, a exportar. Isso deve ajudar a recuperar os preços, o que é salutar para toda a cadeia produtiva do açaí", completou.
Carne bovina: a persistente pela liberação
Apesar da boa notícia para os setores de frutas e cacau, o Pará ainda enfrenta desafios em outros segmentos, como a carne bovina. Daniel Acatauassú Freire, presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Estado do Pará (SINDICARNE-PA), explicou que a carne paraense ainda não foi autorizada para exportação aos Estados Unidos, devido à falta de reconhecimento do status sanitário do estado pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
"Infelizmente, a carne do estado do Pará ainda não foi aprovada pela autoridade americana para ser exportada para os EUA", afirmou Freire, que lembrou que o governo estadual, em parceria com o Ministério da Agricultura, tem se empenhado para destravar esse mercado. "Já estamos trabalhando há mais de 10 anos para que isso aconteça, e a nossa esperança é que, com a força-tarefa em andamento, possamos finalmente abrir esse mercado para nossas carnes."
Expectativa de crescimento nas exportações de frutas e carnes
Para a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (FAEPA), a medida do governo dos EUA é uma oportunidade estratégica. Guilherme Minssen, diretor da entidade, afirmou que o impacto da suspensão das tarifas será significativo para as exportações de carnes e polpas de frutas. "A FAEPA já esperava por isso, pois a barreira tarifária era contrária aos consumidores americanos. Nossos produtos têm alta qualidade e preços muito mais competitivos", disse Minssen.
O diretor também comemorou os números positivos das exportações de açaí, mesmo com as restrições tarifárias. "Mesmo com as dificuldades, apenas no primeiro semestre deste ano já exportamos mais de US$ 43 milhões em produtos de açaí", destacou.
Produtos sem tarifaço de 40% dos EUA:
* Carne bovina (todas as categorias)
* Café (verde, torrado e derivados)
* Frutas frescas, congeladas e processadas — incluindo laranja, abacaxi, banana, manga, açaí
* Cacau e derivados
* Especiarias (pimenta, gengibre, canela, cúrcuma etc.)
* Raízes e tubérculos (mandioca em todas as formas)
* Sucos e polpas de frutas
* Fertilizantes (ureia, nitratos, potássicos, fosfatados)
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