Representantes de municípios paraenses recebem curso de tecnologia social de combate à fome

Mais de 60 pessoas participaram do curso de multiplicadores do Sisteminha Embrapa

O Liberal
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Durante esta semana, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) de Belém sediou o I Curso de Formação de Multiplicadores na tecnologia Sisteminha Embrapa. O curso, que finaliza nesta sexta-feira (1), foi ministrado para mais de 60 pessoas, entre lideranças comunitárias e técnicos rurais de Belém, Ananindeua, Benevides, Bragança, Breves e Porto de Moz, na sede da instituição. Tecnologia social de produção de alimentos, o Sisteminha é voltado ao combate à fome no meio rural, envolvendo a criação de peixes, galinhas e produção vegetal em pequenas áreas, de forma integrada e com baixo custo.

O principal foco da programação é capacitar os participantes para que, ao voltarem para as comunidades que representam, disseminem práticas melhores na produção de alimentos, incluindo a sustentabilidade e eficiência no processo.

Ilano Nascimento, participante do curso que é agrônomo e presidente da Associação dos Produtores Rurais da Terra Firme, avalia que é essencial que o agricultor familiar tenha proximidade com a pesquisa. “A única alternativa do agricultor familiar hoje é a mudança de paradigma por meio das tecnologias sociais. Então, é fundamental que o agricultor se aproxime da pesquisa e se apodere dessas tecnologias”, disse. A associação envolve 17 famílias que praticam agricultura urbana e periurbana, dentro dos princípios da agroecologia no bairro da capital paraense.

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“O Sisteminha transforma a realidade social por meio do combate à fome. Em 20 dias depois de instalar o sistema, a gente já tem o que comer. Isso é fundamental para a transformação do nosso território”, afirmou Ilano.

Para Pedro Vianna, que também esteve presente durante a programação e atua como técnico da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Bragança, município localizado no nordeste do estado do Pará, essa tecnologia é de fundamental importância para a agricultura familiar da região. Bragança tem quase 132 mil habitantes e a base da economia, segundo o técnico, é formada pela agricultura familiar e pescado.

image O Sisteminha é uma tecnologia que possibilita ao município avançar na questão da alimentação, no combate à fome e na melhoria da agricultura”, afirmou Pedro Vianna  (Divulgação)

Cerca de 90% dos produtores de Bragança são da agricultura familiar e o Sisteminha é uma tecnologia que possibilita ao município avançar na questão da alimentação, no combate à fome e na melhoria da agricultura”, afirmou Vianna. Ele ressalta ainda que a capacitação veio em um momento muito oportuno. “Estamos na fase do preparo de áreas para os plantios de verão e essa capacitação vai nos possibilitar levar o Sisteminha para diversas comunidades rurais. Seja na praia, na colônia, nos campos e nas áreas quilombolas”, acrescentou o técnico.

image  Participação da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Bragança (Divulgação)

Produção integrada

O Sisteminha Embrapa é uma tecnologia que produz, de forma integrada, alimento para uma família de até cinco pessoas. É estruturado de forma modular, sendo possível adicionar ou retirar elementos do projeto original para adaptar às diferentes realidades. O agrônomo João Batista Zonta, que é supervisor do Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias da Embrapa Maranhão, explica que os módulos principais da tecnologia são piscicultura e galinheiro, que produzem proteínas animais.

Como manejo adequado, o módulo de piscicultura pode produzir 30 quilos de peixe a cada três ou quatro meses. Já no galinheiro, a tecnologia preconiza galinhas de postura para o consumo dos ovos, com potencial de produção de dezoito ovos por dia durante um ano. A partir dos resíduos gerados nos módulos é possível produzir o composto orgânico que serve como adubo do módulo vegetal. Este módulo, segundo o agrônomo, pode envolver o cultivo de frutas, hortaliças ou outros produtos de acordo com o interesse da família e a vocação da região.

A Embrapa monitora a adoção do Sisteminha no Maranhão e no Piauí. “Na região de Paulistana, no Piauí, e em Itapecuru, no Maranhão, já temos instalados em torno de duzentos Sisteminhas. Mas temos conhecimento que a tecnologia já está presente também em Minas Gerais, Pernambuco, Ceará e na Bahia”, conta Zonta.

Unidade de referência regional

O curso, organizado pelas Unidades da Embrapa no Pará e no Maranhão, e ministrado pelo pesquisador Luiz Guilherme, que desenvolveu a tecnologia, totalizou 32 horas de aulas teóricas e práticas divididas em seis módulos ao longo desta semana. Com a implantação de um Sisteminha completo na sede da Embrapa Amazônia Oriental, na capital paraense, o local se tornou um polo irradiador da tecnologia na região Norte.

“Essa unidade do Sisteminha será uma ferramenta para a capacitação de mais produtores rurais, comunidades e outros segmentos. Trata-se de uma Unidade de Referência Tecnológica para toda a região urbana e periurbana de Belém e de municípios vizinhos”, afirma o agrônomo Vladimir Bonfim, supervisor do Setor de Transferência de Tecnologias da Embrapa do Pará.

De acordo com a chefe-adjunta da Transferência de Tecnologia da Embrapa Maranhão, Guilhermina Cayres, é a primeira vez que a Empresa estrutura um modelo de transferência de uma tecnologia social. “Esse modelo está sendo pensado para que as Unidades da Embrapa, cada vez mais, se tornem referência na transferência dessa tecnologia, tenham competência técnica para reproduzi-la e tenham o entendimento do impacto social que ela promove, podendo ser procuradas por agentes públicos, iniciativa privada e outros interessados”, afirmou.

Com apoio financeiro do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), a Embrapa irá implantar 300 Sisteminhas em áreas urbanas e periurbanas consideradas “desertos alimentares”, onde a produção de alimentos é baixa e o acesso a alimentos frescos é limitado. Ainda segundo Cayres, além da autonomia que a tecnologia promove para as famílias na produção dos próprios alimentos, de forma escalonada e contínua, há a possibilidade do excedente dessa produção ser transformado em negócios locais. “Então, é combater a fome e promover o empreendedorismo nas famílias”, finaliza a gestora.

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