Reajuste no preço de medicamentos deve impactar bolso do consumidor

O grupo mais prejudicado, segundo especialista, é de pessoas que ingerem remédios fixos

Elisa Vaz
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A partir do mês que vem, em 1º de abril, os medicamentos devem ficar mais caros, quando entra em vigor a autorização de reajuste pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), vinculada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com previsão de aumento na casa dos dois dígitos, as finanças dos brasileiros devem ser ainda mais impactadas.

O economista Nélio Bordalo diz que os mais impactados serão os consumidores que precisam comprar medicamentos de uso contínuo, para tratar condições que também são contínuas, especialmente os aposentados, mais idosos, que têm uma lista mais extensa de medicamentos necessários. Ele lembra ainda: especialistas da área de saúde afirmam que, em função das sequelas deixadas pela covid-19, muitas pessoas precisam usar medicamentos para tratar de doenças que não tinham antes da pandemia.

Outro fator que vai impactar o bolso de muitos brasileiros, segundo Nélio, é que automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros. Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e 25% faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana, segundo pesquisa feita em 2019 pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF).

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Com isso, o orçamento das famílias deve ficar mais pesado. “Certamente, muitos brasileiros irão escolher alguns medicamentos para comprar e deixar de usar outros mais caros. Mas existem algumas formas de economizar, tais como: programas de descontos em laboratórios, com o cadastramento prévio do consumidor; descontos para quem tem plano de saúde, pois muitas farmácias realizam convênios com planos para oferecer descontos aos seus clientes; economia com genéricos, através de preços mais baixos que os remédios de referência – é importante o paciente consultar o médico para substituir o medicamento de referência pelo genérico; e, em alguns casos, existe a gratuidade de medicamentos para algumas enfermidades, por meio de programas do Ministério da Saúde”, ressalta.

As principais dicas de Nélio são que os consumidores pesquisem as opções de descontos oferecidos pelos laboratórios, planos de saúde e nas próprias redes de farmácias; consultem o médico para saber se a doença que possui tem a possibilidade de ter acesso à gratuidade do medicamento e realizar os procedimentos necessários para isso; verifiquem, nas redes de farmácias, se a compra de mais de uma embalagem do medicamento poderá obter desconto adicional; e pesquisem entre as redes de farmácias qual pratica preços mais justos aos seus clientes.

Empresariado

Proprietário de uma empresa farmacêutica com várias unidades em Belém, o empresário Reinaldo Gonçalves explica que os preços dos medicamentos seguem a alta da inflação nos últimos 12 meses e são reajustados anualmente. Com a pandemia, ele diz que os mercados sofreram muito com a falta de matérias-primas e insumos de produção, elevando esse índice para 2022. Para a indústria farmacêutica não foi diferente e, devido à alta demanda causada pela covid-19, essa mudança nos valores já era esperada e deve impactar todos os varejistas.

“Em nossa rede de farmácias sempre buscamos minimizar essas pressões de preços para nossos clientes. O mercado farmacêutico vem em um contínuo crescimento nos últimos dois anos, tendo como um dos fatores a pandemia. Neste contexto, observamos algumas mudanças no comportamento dos consumidores, como a pesquisa pelo melhor preço, a comodidade na hora da compra, a disponibilidade de produtos e o bom atendimento. Nos últimos dois anos conseguimos nos adaptar bem a essa nova realidade”, comenta.

Na farmácia, os medicamentos mais vendidos são os analgésicos, os que regulam os níveis de vitaminas para pacientes que possuam deficiência, os antigripais, os medicamentos para o tratamento de colesterol, gastrites e anti-hipertensivos. “Independente do índice de reajuste nos medicamentos, a nossa estratégia será sempre a de manter nossos preços abaixo da média de mercado, de forma que continuemos provendo acesso aos medicamentos e auxiliando na manutenção da saúde de nossos clientes”, adianta Reinaldo.

Corte de gastos

Consumidora “assídua” de remédios, a aposentada Sônia Maria Raiol Ferreira, de 69 anos, confessa que gasta muito de seu orçamento em farmácias: entre R$ 400 e R$ 600 por mês. Ela conta que possui três comorbidades e precisa tomar remédios fixo. Para a diabete, ingere dois comprimidos ao dia; para a hipertensão, um remédio diariamente; e ainda toma um para arritmia.

“Está tudo controlado, vez ou outra dá uma alteração, mas essa é a média por mês”, diz. Com o aumento, seu orçamento será impactado, mas Sônia já tem algumas cartas na manga. “Quando sei de algo desse tipo já me antecipo, compro uma ou duas caixas a mais e já faço alguma coisa para incluir aquele valor no orçamento. Não dá para fazer estoque e nem tem como economizar com esses remédios, que são fixos, mas a gente acaba cortando coisas em excesso. Por exemplo, almoço fora com meus filhos pelo menos uma vez por mês, aí com essas coisas muda para uma vez a cada dois meses. A situação está complicada para todo mundo, tem que escolher, buscar alternativas”, opina a consumidora.

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