R$ 190 por 50kg:preço do trigo segue instável em Belém, mas padarias evitam repassar alta ao cliente
Apesar da pressão do mercado internacional e da expectativa de safra menor no Brasil, donos de padarias mantêm os preços dos produtos à base de trigo - por enquanto.

As oscilações no mercado global do trigo, com destaque para a redução nas exportações da Ucrânia e a previsão de uma safra menor no Brasil, já impactam os custos das panificadoras em Belém. No entanto, empresários do setor afirmam que os preços dos produtos, como pães e biscoitos, estão sendo mantidos — pelo menos até o final da colheita nacional.
Cenário internacional pressiona, mas não domina o mercado local
Segundo dados da TF Agroeconômica - empresa que oferece cursos, palestras e boletins diários de informações para empresas do setor do agronegócio e agricultores -, a Ucrânia exportou 24,62% menos trigo entre 1º de julho e 28 de agosto de 2025, o que ajudou a impulsionar os preços internacionais da commodity.
No Brasil, embora as lavouras estejam se desenvolvendo bem, a expectativa é de uma safra menor, o que pode pressionar os preços nos próximos meses, especialmente após o período de colheita, previsto para ocorrer entre setembro de 2025 e fevereiro de 2026.
Apesar desse cenário de alerta, em Belém o impacto ainda está sendo moderado. Raphael Nogueira, proprietário de uma panificadora na Avenida Alcindo Cacela e diretor do Sindipan (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Pará), afirma que o mercado tem conseguido equilibrar a oferta com compras de trigo de outros países:
“Apesar da exportação da Ucrânia ter diminuído, o impacto pra gente foi diluído com a compra de outras regiões como Rússia, Estados Unidos e principalmente Argentina. Essas regiões têm excelente trigo para panificação”, explica.
Farinha estável, mas outros insumos encarecem
Hoje, a saca de 50 kg de trigo custa entre R$ 180 e R$ 190, de acordo com panificadores locais. Os valores já estiveram mais altos no primeiro semestre, e essa relativa estabilidade tem sido uma válvula de escape para o setor.
“O trigo tem se mantido mais estável do que outras matérias-primas essenciais, como ovos e manteiga. Ainda não repassamos essas variações ao consumidor”, afirma Nogueira.
Aécio Alves, sócio de uma padaria na Avenida Rômulo Maiorana, reforça que a concorrência na cidade obriga os empresários a segurarem os preços:
“A gente mantém o preço. Ainda dá pra segurar. A concorrência é grande, e o cliente sente qualquer aumento”.
Reajuste pode vir após colheita nacional
Tanto Aécio quanto Raphael concordam que a situação pode mudar nos próximos meses. O Brasil ainda depende fortemente do trigo importado, e qualquer oscilação acentuada no mercado externo — ou alta no custo do frete, que tradicionalmente sobe no segundo semestre — pode forçar um reajuste nos preços ao consumidor.
“Qualquer aumento acima de 10% no preço do trigo já representa um impacto direto no preço do pão. Se isso acontecer, não teremos alternativa a não ser repassar ao cliente”, alerta Nogueira.
Aécio também projeta cautela, mas admite que a situação pode se agravar:
“Se o trigo aumentar muito, vamos ter que mexer no preço do pão. Estamos esperando o que o mercado vai dizer”.
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