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Queda do preço da gasolina não chega aos consumidores em Belém e Pará tem 6º maior preço do país

Apesar da queda de 4,9% no preço médio da gasolina, estado segue com uma das gasolinas mais caras do Brasil e paraenses não percebem o impacto direto no bolso.

Jéssica Nascimento
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A Petrobras anunciou, nesta terça-feira (21/10), uma redução de 4,9% no preço da gasolina para as distribuidoras, o que representaria uma queda de R$ 0,14 no valor médio do litro, passando para R$ 2,71 para as distribuidoras. No entanto, consumidores de Belém, ouvidos pelo Grupo Liberal nesta quinta (23/10), não sentiram a diminuição no preço nas bombas. Mesmo com o anúncio, o estado continua com a gasolina entre as mais caras do Brasil, e o impacto para o bolso dos motoristas segue sendo mínimo ou nulo.

Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), o Pará figura entre os estados com a gasolina mais cara do Brasil, ocupando a 6ª posição no ranking nacional de preços médios entre 12 e 18 de outubro de 2025. Durante esse período, o valor médio do litro foi de R$ 6,26, com variações de preço entre R$ 5,55 e R$ 7,14. Em alguns municípios, como Altamira e Alenquer, os preços ultrapassaram os R$ 7,00, colocando essas cidades entre as mais caras do país.

image Posto de combustível em Belém na manhã desta quinta (23/10). (Foto: Ivan Duarte)

Everson Costa, mestre em Economia e supervisor técnico do Dieese, explica que o preço da gasolina no Pará é impactado por diversos fatores. "Além da questão do frete, que encarece o transporte devido às grandes distâncias, a falta de fiscalização e a falta de transparência no mercado de combustíveis no estado agravam a situação. O consumidor não sabe se o preço é justo e muitas vezes não percebe a redução de preços anunciada", afirmou Costa.

A redução da Petrobras: o que chega ao consumidor?

Embora a Petrobras tenha anunciado a redução de 4,9% no preço da gasolina nas refinarias, o repasse para o preço final nas bombas não é imediato e, muitas vezes, nem ocorre na totalidade.

image (Foto: Ivan Duarte)

Segundo Pietro Gasparetto, advogado do Sindicombustíveis Pará, a redução da Petrobras reflete apenas uma parte do preço final do combustível.

"O preço anunciado pela Petrobras é o preço da refinaria para as distribuidoras, mas essas distribuidoras não são obrigadas a repassar integralmente essa redução para os postos", explicou.

image (Foto: Ivan Duarte)

Além disso, a estrutura do mercado de combustíveis no Brasil, com algumas grandes distribuidoras dominando o mercado, pode resultar em preços que não acompanham as quedas nas refinarias. Gasparetto ressaltou ainda a alta concentração do mercado, que muitas vezes retarda o repasse das reduções.

"O preço da gasolina sobe rapidamente quando há aumento anunciado pela Petrobras, mas as quedas chegam com lentidão e de forma incompleta", comentou.

O impacto no bolso dos consumidores

Na prática, os motoristas paraenses, especialmente os de Belém, não perceberam a queda no preço da gasolina. Para Ademir Lobato, microempresário da capital paraense, o preço do combustível segue alto.

image Ademir Lobato. (Foto: Ivan Duarte)

"Em Belém, ainda estou pagando entre R$ 6,39 e R$ 6,47 o litro. Não vi diferença no preço mesmo com a redução anunciada. Já em Ananindeua, o preço está mais barato, chegando a R$ 5,65", relatou Lobato.

Mário Cardoso, engenheiro civil, também não acredita que a redução seja sentida de maneira significativa.

image Mário Cardoso. (Foto: Ivan Duarte)

"Esses 3% ou 4% de queda não fazem diferença no nosso bolso. A gasolina já é cara e o que realmente impacta o preço final é a carga tributária, que é muito alta", disse.

A fiscalização e a transparência: desafios para o consumidor

Para muitos, o problema não está apenas nos preços praticados pelas distribuidoras, mas também na falta de fiscalização eficiente.

"O consumidor precisa saber o que está pagando e como o preço é formado. A transparência é essencial, especialmente quando se trata de uma commodity tão essencial como a gasolina", afirmou Everson Costa, do Dieese.

O gerente comercial Waldir Wilm também destacou as distorções no mercado.

image Waldir Wilm. (Foto: Ivan Duarte)

"Nem sempre o preço que é anunciado pela Petrobras chega de forma clara até o consumidor final. O mercado de combustíveis tem muito espaço para especulação e pouca transparência", declarou Wilm.

O que pode ser feito para reduzir os preços?

Segundo Everson Costa, uma solução para o alto preço da gasolina no Pará passaria por uma fiscalização mais rigorosa e maior transparência na formação dos preços.

image Everson Costa. (Foto: Arquivo Pessoal)

"A concorrência no setor é limitada, o que favorece práticas que não refletem diretamente os custos de produção. O estado precisa aumentar a fiscalização sobre as distribuidoras e os postos de combustíveis para garantir que os preços sejam justos", afirmou.

Pietro Gasparetto, do Sindicombustíveis, "como o preço do posto depende do preço de compra, é importante que os órgãos de fiscalização e defesa do consumidor questionem das distribuidoras o motivo pelo qual por vezes não repassam as reduções anunciadas."

image (Foto: Ivan Duarte)


 

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