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Profissionais paraenses comemoram reconhecimento de 22 novas ocupações

Para trabalhadores dessas áreas, a inclusão dessas na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) representa um avanço

Elisa Vaz
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O número de ocupações reconhecidas no Brasil subiu para 2.269, após o Ministério do Trabalho e da Previdência ter anunciado a inclusão de 22 atuações profissionais na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). As novas ocupações são obstetriz, sommelier, profissional de organização, perito judicial, oficial de proteção de dados pessoais (DPO), técnico em agente comunitário de saúde, estampador de placa de identificação de veículos, analista de e-commerce, operador de manutenção e recarga de extintores de incêndio, operador de usina de asfalto, guarda portuário, policial penal, tecnólogo em agronegócio, engenheiro de energia, engenheiro biomédico, engenheiro têxtil, condutor de turismo náutico, controlador de acesso, greidista, inspetor de qualidade dimensional, técnico em dependência química e skatista profissional.

No Pará, algumas dessas profissões já alcançam destaque, e o reconhecimento pode ter vindo em boa hora. O sommelier Fábio Sicília conta que a sua atuação surgiu há muito tempo, na época em que criou-se o hábito de um responsável cuidar da alimentação da Corte do rei, que monitorava o risco de comidas e bebidas. Com o tempo, esse trabalhador foi se profissionalizando e hoje é reconhecido. Fábio lembra que um sommelier não trabalha apenas com vinhos - muitos escolhem essa área porque há mais complexidade e consome mais estudos - mas o curso de master, no qual ele é formado, permite o aperfeiçoamento em outras áreas, como destilados, além de outras formas de bebidas e harmonias.

Por conta da vasta gama de formação, eles têm muitas oportunidades no mercado. "Os profissionais que se dedicam ao vinho exclusivamente são muito úteis na composição da carta de vinhos de restaurantes; em empresas que fazem compras de vinhos como investimento; eles fazem a seleção dos lançamentos das safras, onde produtores apresentam vinhos que serão bons para consumo em alguns anos, às vezes até 20 anos, e o sommelier faz a projeção de valorização desse produto, compra os lotes, faz o acompanhamento da evolução e eles são disponibilizados com preços já valorizados com o tempo", explica.

Embora a notoriedade da profissão tenha surgido há muito tempo na Europa e na década de 1980 nos Estados Unidos, o Brasil ainda fica atrás. Em 2003, Fábio era o único master formado no Pará, na Itália, e depois se especializou como sommelier, pela Associação Italiana de Sommelier. Hoje, ele ocupa a 41ª cadeira da Academia Brasileira de Gastronomia e já está na fase de compartilhar e repassar o conhecimento adquirido.

O que antes era visto como algo próprio da elite, hoje é muito mais democrático, segundo ele. "O mercado cresceu, houve uma evolução significativa nos meios de produção de vinhos, o setor se qualificou cada vez mais e aumentou a produtividade, disponibilizando vinhos melhores e mais fáceis. No Pará, lá pelo início do século XXI, começou a evolução nos restaurantes, alguns conhecedores de vinhos tinham seus clubes, começavam a fazer promoção. Abrimos a primeira loja de vinhos, que funciona até hoje, e de lá para cá o mercado cresceu significativamente", afirma.

Mesmo assim, o nicho do Pará ainda é pequeno, e o consumo proporcional a um grande centro é dez vezes menor, mas falta investimento na formação a nível técnico e profissionalizante de sommelier em todo o país, segundo ele. Outra barreira é o alto custo com impostos em vinhos, para Fábio. "O sommelier precisa estar sempre muito atualizado com as tendências. Existe essa ideia de formar novos profissionais, mas enquanto houver essa barreira econômica não adianta ter grandes números de profissionais na área. Mas fico muito feliz com o reconhecimento da profissão, merecia esse reconhecimento. É um profissional que estuda muito, precisa de conhecimento constante. É preciso viabilizar o setor".

Proteção de dados

A advogada Cristyane Deprá, de 37 anos, atua diretamente na área de proteção de dados pessoais. Ela explica que a sigla DPO significa Data Protection Officer, nome dado pela legislação europeia – aqui no Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) denominou esse profissional como encarregado de proteção de dados pessoais. Segundo a advogada, a legislação, que entrou em vigência em setembro de 2020, sedimenta e resguarda os direitos dos titulares de dados pessoais, para que seus dados sejam utilizados por empresas, órgãos e até pessoas físicas de acordo com as determinações da lei. Por isso, as organizações devem estar preparadas técnica, administrativa e juridicamente para evitar violações aos dados pessoais dos titulares que constem em sua base, para que não haja ataques, vazamentos ou que os dados pessoais sejam utilizados fora do contexto determinado pela legislação.

“É nesse contexto que o profissional de privacidade e proteção de dados atua. Pela legislação, ele é o responsável por atender aos pedidos do titular de dados pessoais, se reportar à Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) – órgão fiscalizador – e é o profissional, dentro da organização, que atuará perante a alta gestão quanto à matéria de privacidade e proteção de dados pessoais. Ele agrega também outras funções importante, e para tanto precisa ter competências multidisciplinares: além de conhecimento jurídico sobre a matéria, deve ainda conhecer sobre segurança da informação, projetos, possuir espírito de liderança, ser comunicativo, atento, responsável e estar plenamente ciente de todos os processos de negócio e rotinas da organização, mantendo o projeto de adequação sempre atualizado”, afirma Cristyane.

Não necessariamente a pessoa precisa ser um profissional do direito ou ter alguma formação específica, mas o mercado vem demonstrando que os conhecimentos sobre a matéria e as certificações são critérios de destaque, e que este profissional deve estar em constante preparação e atualização, diz ela. As organizações podem nomear um encarregado de proteção de dados pessoais do seu próprio quadro ou contratá-lo como prestador de serviço.

Foi só com a vigência da lei que a advogada vislumbrou um novo nicho de mercado, que tinha vínculo com a atuação empresarial que já existia em seu escritório, então começou a se dedicar ao estudo da matéria, ir em busca qualificações e certificações, se associar a organizações que estudam e se dedicam ao tema, e agora é discente do curso superior de tecnologia em segurança da informação, para agregar mais essa competência ao seu currículo. Para Cristyane, a inclusão da área como ocupação oficial no Brasil é de extrema importância. Com isso, a profissão ganha reforço e torna-se oficial dentro do contexto profissional do país, reforçando ainda mais a difusão da cultura da privacidade e proteção de dados pessoais no Brasil.

Para o reconhecimento de uma ocupação há um estudo das atividades e do perfil da categoria. São levadas em consideração informações descritas na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), demandas geradas pelo Sistema Nacional de Emprego (SINE), pelas associações e sindicatos (trabalhistas e patronais) e por profissionais autônomos. No decorrer desse processo, são realizadas entrevistas em imersão com os trabalhadores.

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