Permissionários da Ceasa do Pará comentam possíveis prejuízos devido às chuvas no sul do país
As recentes tragédias ambientais, causadas pelas fortes chuvas, no sul do Brasil têm impactado significativamente a produção agrícola e os preços dos alimentos em diversas regiões do país.

As recentes tragédias ambientais, causadas pelas fortes chuvas, no sul do Brasil têm impactado significativamente a produção agrícola e os preços dos alimentos em diversas regiões do país. Na Ceasa (Central de Abastecimento) de Belém, permissionários compartilham suas perspectivas sobre os efeitos dessas adversidades climáticas em seus negócios. As opiniões se dividem entre aqueles que foram afetados diretamente e os que não sentiram impactos imediatos das condições climáticas.
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O que pensam os permissionários
Raimundo Santos Júnior, presidente da Centrais de Abastecimento do Pará (Ceasa Pará), explica que produtos da Ceasa que normalmente vêm da região Sul do país, como a maçã e cebola, têm sofrido uma variação no preço devido à diminuição da oferta nas regiões do Sul do país, e não com o desabastecimento. Ele pontua que “o mercado atacadista é muito dinâmico na busca por novos fornecedores e novos mercados quando há escassez de um produto”.
Larissa Sena, de 25 anos, é comerciante da Ceasa e confirma esse ponto de vista: "Isso afetou bastante, o preço da mercadoria foi lá para cima. Em algumas regiões, o preço do tomate subiu, assim como o da cebola, da cenoura e da beterraba." Ela trabalha no ponto de venda do seu pai, que já é antigo na central. Ela explica que, com a crise climática, além de afetar os valores, tem sido difícil encontrar produtos de alta qualidade.
Rosivan Rosário, conhecido como 'Bicola', atua há, pelo menos, 30 anos como comerciante na venda de frutas e verduras. Ele relata que esses impactos, ainda, não puderam ser sentidos de maneira tão intensa no Pará, mas pontua que, de forma geral, essa tragédia climática sobrecarrega outros produtores, o que pode pesar para os permissionários das centrais de abastecimento de todo o país, inclusive do Pará.
Ele explica: "Quando um estado precisa da mercadoria, mesmo a gente puxando de outra rota, ela se torna mais cara. Porque aumenta a procura. Quando aumenta a procura, aumentam os preços. Então sobe para todos os lugares".
Variação de Preços
Os impactos nos preços são sentidos diretamente pelos consumidores finais e também pelos comerciantes. Bicola estima que os preços podem aumentar em média 20%. "Com isso, o preço sobe, né? Aqueles que têm as melhores condições pagam mais caro nessa mercadoria, e aí acaba faltando para alguns lugares."
Perspectivas Alternativas
Por outro lado, há quem argumente que os efeitos das chuvas no sul do Brasil não afetaram diretamente a Ceasa de Belém. Manoel Bailosa, entre tantos outros permissionários, tem uma visão diferenciada sobre os possíveis impactos. "Quando o preço sobe, é aquela variação normal", diz o permissionário veterano na Ceasa.
Ele sugere que, embora haja escassez em algumas regiões, os danos não atingiram o Estado. "Não senti nem um aumento tão grande nas coisas que vem de São Paulo. Acho que isso ainda não pesou", finalizou Manoel.
Guilherme Missen, zootecnista e diretor na Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), traz uma visão mais ampla dos impactos das chuvas. Segundo ele, a Ceasa de São Paulo, principal centro de dispersão de alimentos da América Latina, começa a mapear as primeiras carências em ofertas de frutas e hortaliças. Ele explica que “no momento, o mais complicado é a logística, que está bastante prejudicada no interior do Rio Grande do Sul”, por isso é difícil, inclusive, ter acesso ao balanço das perdas após as enchentes. E completa: “Uma catástrofe de tamanhas dimensões somente poderá ser avaliada no setor rural, com o ciclo das safras regido pela natureza, tanto na parte animal quanto vegetal.”
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