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Paralisação das montadoras anima e preocupa, ao mesmo tempo, donos de revendas de carros usados

Para eles, medida pode representar um boom imediato para o segmento, mas, a médio e longo prazo, efeitos podem ser danoso para economia como um todo

O Liberal
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A paralisação das atividades das indústrias automobilísticas no Brasil, anunciada por importantes marcas, como Volkswagen, GM, Mercedes-Benz e Hyundai, de um lado, anima os donos de lojas de veículos seminovos no Estado, que acreditam num imediato incremento nas vendas, mas, por outro lado, também preocupa, já que o motivo alegado pela fábricas seria a dificuldade dos consumidores em adquirir os veículos novos, uma vez que a taxa de juros no País, hoje, é considerada como uma das mais altas do mundo, o que tem afastado os compradores. E isso poderia também ocorrer, mais à frente, com o mercado de usados. 

Marcas como Volkswagen, GM, Mercedes-Benz e Hyundai anunciaram, além da paralisação da produção, a concessão de férias coletivas para os funcionários. Para os economistas, a medida está sendo ocasionada pela queda na compra de veículos novos, já que os consumidores vêm tendo dificuldade em obter crédito, devido à alta taxa de juros praticada no mercado brasileiro. 

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Para o economista Sérgio Melo, a alta taxa de juros do Brasil de fato tem um efeito danoso sobre a questão dos financiamentos de automóveis. “Essa taxa de juros alta tem um um efeito direto no financiamento dos automóveis, encarecendo mesmo o custo, e, como uma grande parcela da população compra carros financiados, certamente há uma queda. Uma outra questão é o fato de que os preços dos carros tiveram um aumento muito grande durante a pandemia e ainda não houve essa diminuição. Assim, reduzir a taxa de juros é importante para a retomada da venda de veículos, mas isso precisa ocorrer de uma maneira coordenada, de forma que não prejudique a inflação, mas, melhore os investimentos, favorecendo o consumo, não apenas de carros, mas também de outros produtos”, analisa. 

Para o empresário Aldo Oliveira, há 40 anos no mercado de seminovos, a perspectiva é positiva para o segmento. Mais gente deve optar por comprar usados, ao invés de carros novos, pelo menos nesses próximos dois meses. Ele aposta num crescimento das vendas de algo em torno de 5 a 10% para abril. “Acredito que as indústrias investiram muito em carros de luxo, o que encareceu para o consumidor. Além disso, a taxa de juros alta e a grande inadimplência, ou seja o chamado nome sujo, têm impossibilitado o consumidor de adquirir um carro novo por meio de financiamento, por exemplo. Hoje, um carro zero popular custa quase R$ 100 mil. Um seminovo você encontra por bem menos do que isso”, aponta. 

Já o empresário Kennyston Mourão, também dono de uma loja de veículos seminovos, diz que a paralisação das indústrias automobilísticas tem a ver sim com a queda nas vendas, mas, também, com a falta de algumas peças importadas, por exemplo, de países como a China, o que inviabiliza a conclusão dos veículos para a venda. Diferentemente de alguns colegas do ramo, Kennyston pontua que essa situação pode ser prejudicial para todos. “A queda na venda de carros novos afeta vários ramos como, por exemplo, quem faz manutenção; a própria arrecadação de tributos por parte do Estado, ou seja, a preocupação é maior, porque toda a economia é prejudicada, ao meu ver. Por um lado, pode ser bom para quem trabalha com seminovos, de maneira imediata, mas acho que o prejuízo para a economia em geral pode ser bem maior”, preocupa-se. 

Para uma outra fonte, que não quis se identificar e que trabalha com uma instituição financiadora, a medida é uma forma da indústria automobilística pressionar o governo federal a conseguir algum tipo de benefício fiscal para o setor. “Pela minha experiência, é uma forma de pressionar o governo a fazer alguma ação para o setor industrial, conseguir algum benefício fiscal, para que se diminua o preço dos carros novos e se incentive a compra. Isso funcionou em alguns momentos da história, mas não sabemos agora como será. É por isso que as montadoras dão 30 dias de férias para os trabalhadores, que é o tempo que elas têm para pressionar e negociar com o governo. Por isso, acredito que o mercado de seminovos tende a crescer com essa paralisação, mas, se a indústria conseguir esse benefício fiscal, como a suspensão do IPI (imposto sobre produtos industrializados), aí sim será uma quebradeira para as lojas de seminovos, que não terão como competir com os preços”, frisa. 

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