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Para novas gerações, streaming e redes sociais são as principais opções de consumo de conteúdo

De acordo com a pesquisa “Digital Media Trends Survey 2025”, feita nos Estados Unidos, Geração Z e Millennials possuem tendência a consumir conteúdos de plataformas de streaming e redes sociais

Esther Pinheiro / Especial para O Liberal

A propensão da geração mais jovem é, progressivamente, consumir menos conteúdo na TV aberta e optar por plataformas de streaming e redes sociais — especialmente as que contém disponibilidade de produções audiovisuais gratuitas como Instagram, Tik Tok e YouTube. Os dados foram divulgados em pesquisa feita pela Deloitte, em março deste ano. Segundo a pesquisa “Digital Media Trends Survey 2025”, a Geração Z (nascidos entre a década de 1990 e início da década de 2010) e Millenials (nascidos no início dos anos 1980 e 1990), destinam cerca de 38% e 40% do tempo de consumo diário de conteúdo nessas atividades, respectivamente. 

Letícia Almeida, de 25 anos, segue a tendência. A psicóloga explica que, atualmente, possui cinco serviços de streaming assinados e assiste a programação aberta na televisão em ocasiões pontuais. O principal motivo é a variabilidade de conteúdo. “Às vezes, o catálogo de filmes não é o mesmo em todas as plataformas. Se não tem em um, vai ter outro e a gente vai nesse e assina”, explicou.

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Letícia também explica que, além da facilidade de assistir produções, o acesso a conteúdos que dificilmente seriam exibidos na grade de programação televisiva usual é interessante. “Acho uma vantagem assistir conteúdos que não passaria numa TV aberta, que seja até de outros países. Acho, realmente, que é uma vantagem eu assinar por conta disso também, porque não iria poder assistir esse tipo de conteúdo”, disse. Além dos streaming de filmes e séries, também assina específicos para acompanhar campeonatos esportivos nacionais e internacionais. A média do custo da assinatura mensal de todos juntos é de R$220, que é dividido entre os quatro membros da família, que conta com os pais e o irmão.

O custo de assinatura de seis serviços de streaming conhecidos como Netflix, Disney Plus, Max, Prime Video, Telecine e Apple TV, considerando somente os planos básicos entre os que possuem mais de um e a opção mais barata de assinatura, é atualmente de R$123,49. Considerando planos com catálogo maior, exclusão de anúncios, acréscimo de telas e qualidade de imagem e som, o valor chega a R$232,4.

Vários catálogos de streaming são atrativos, mas afasta parte dos consumidores

A pesquisa da Deloitte apontou que, apesar dos streamings representarem números de consumo mais expressivos quando comparados à TV aberta e a cabo, 47% dos entrevistados explicou que consideram pagar mais do que o serviço entrega em benefícios.  Comparado ao levantamento feito pela pesquisa em 2024, o consumidor paga 13% a mais na média de quatro serviços de streaming assinados. O levantamento, realizado nos Estados Unidos, aponta que a média de gasto subiu de US$61 para US$64.

A pesquisa também aponta que, nesse cenário, cerca de 39% dos entrevistados já cancelaram ao menos uma vez um dos serviços assinados. A propensão ao cancelamento, entretanto, aumenta se a pessoa for uma grande usuária de redes sociais. 

Letícia explica que não cancela nenhuma assinatura porque, eventualmente, sempre existe a procura por algo disponível em algum catálogo por ela ou outra pessoa da casa. Ela também diz que seu uso de redes sociais, especialmente os que possuem vídeos, é equilibrado com o consumo de streamings. Enquanto filmes os filmes e séries assistidos são de comédia romântica, ação e suspense, as redes sociais são de conteúdos diversos. “[Assisto] Lifestyle ou assuntos relacionados ao meu curso, à profissão que eu sigo. É algo bem relacionado a hobbies, coisas pessoais mesmo”, comentou. 

Redes sociais marcam mudança de consumo midiático

Igor Gammarano, professor da Universidade do Estado do Pará (UEPA) e pesquisador nas áreas de tecnologia e marketing, explica que o aumento do consumo de conteúdo em redes sociais também pode ser percebido no cenário local. De acordo com os dados levantados pela Deloitte, 56% dos entrevistados da Geração Z e 43% dos Millennials afirmam que as produções em redes sociais são mais relevantes que a programação da TV ou filmes. 

“O mercado já compreende que o protagonismo outrora ocupado pela TV tradicional e, mais recentemente, pelos streamings pagos, está sendo desafiado por uma lógica de consumo muito mais fragmentada, fluida e personalizada, centrada nas redes sociais, especialmente em plataformas como TikTok, YouTube e Instagram. O que impulsiona essa mudança além da gratuidade do conteúdo é a experiência imersiva, responsiva e altamente customizável que essas plataformas oferecem”, explicou o professor. O conteúdo não é somente assistido, como também possui possibilidades de interação. O consumo, antes passivo, com grandes estúdios decidindo o que seria consumido, agora existe em uma realidade de que a audiência também é produtora. 

A ampla variedade de streamings também gera um paradoxo da abundância entre os consumidores jovens e jovens adultos, segundo o professor: ter muitas opções, mas não conseguir pagar ou escolher entre elas. Isso, por sua vez, gera fadiga decisória e frustração. O custo fixo recorrente deixa de ser vantajoso para muitas pessoas. 

“Essa percepção de custo-benefício é ainda mais crítica em contextos de instabilidade econômica ou em regiões com menor poder aquisitivo, como partes da Amazônia Legal, incluindo o Pará. Além disso, a fragmentação dos catálogos obriga o usuário a assinar várias plataformas, o que é insustentável para boa parte do público jovem. Em contraposição, as redes sociais oferecem acesso livre, constante atualização, diversidade de temas e linguagem mais próxima das subjetividades juvenis”, pontuou Gammarano.

Criadores de conteúdo são parte central da preferência por redes sociais

Na pesquisa realizada nos Estados Unidos, quase 50% da Geração Z e Millennials responderam que possuem mais conexão emocional com criadores de conteúdo comparados a personalidades da TV ou atores. Igor avalia que isso também é observado no Brasil. Segundo ele, isso se deve especialmente pela figura conferir humanidade, identificação e autenticidade à experiência do usuário.

“Há também um componente aspiracional importante: muitos jovens, além de consumirem conteúdos, também desejam se tornar criadores, participando ativamente dessa economia da atenção. Diferentemente da lógica industrial das mídias tradicionais, essas plataformas democratizam o acesso à produção de conteúdo e abrem espaço para narrativas antes invisibilizadas”, explicou. A integração do conteúdo a mecanismos como curtidas e compartilhamentos transforma o conteúdo em experiência, que se traduz em engajamento. Para o pesquisador, é “o ativo mais precioso da nova economia digital”. 

 

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