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Gastos com procedimentos estéticos crescem durante a pandemia

Correção da mama, seja com redução ou implante de prótese e cirurgias de contorno corporal, como a lipoaspiração e o enxerto de glúteo, estão entre os serviços mais procurados

Elisa Vaz
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Embora a pandemia da covid-19 tenha causado prejuízos financeiros para milhares de famílias, os gastos com procedimentos estéticos não cessaram nesse período. É o que afirma a Sociedade Brasileira de Cirurgiões Plásticos (SBCP). O médico cirurgião plástico Clayton Sawada, que é membro titular da entidade e tesoureiro da regional Pará, afirma que ainda é cedo para se ter dados, mas garante que a procura aumentou a partir do segundo semestre do ano passado.

“Percebemos um aumento, principalmente porque no período de março a julho do ano passado ficamos sem operar, então quando as cirurgias voltaram houve uma demanda reprimida dos pacientes que iam ser operados naqueles três meses, e juntou com quem queria fazer depois de julho. O segundo semestre teve um movimento muito grande de cirurgias plásticas, estéticas ou reparadoras, devido à maioria dos cirurgiões ter ficado de dois a três meses sem operar”, diz.

Outro motivo que pode ter levado mais pessoas às salas de cirurgia, na opinião de Clayton, é o fato de que muitas famílias acabaram economizando durante o período de isolamento social. Sem a possibilidade de sair, fazer festas e viajar, o dinheiro foi destinado às questões estéticas. “O lockdown fez com que as pessoas engordassem, por não irem à academia e por ficarem em casa comendo. Essas pessoas quiseram melhorar a aparência com cirurgia. E além disso sabemos que houve mais tempo gasto nas mídias sociais, cujo uso excessivo leva a uma necessidade de cuidar da estética, tem estudos sobre isso”.

O que as pacientes mais procuram no trabalho do médico é a correção da mama, seja com redução ou implante de prótese, além das cirurgias de contorno corporal, como a lipoaspiração e o enxerto de glúteo. O tipo de procedimento procurado continuou o mesmo do período anterior à pandemia. Quanto aos valores, o representante da Sociedade no Pará destaca que é possível gastar milhares de reais com procedimentos estéticos. O mínimo, por exemplo, é R$ 12 mil atualmente.

“O custo de uma cirurgia depende muito do que vai ser feito. Pode ser só implante de mama, só lipo, ou os dois, ou outros combinados. Eu diria que a pessoa gasta entre R$ 12 mil e R$ 45 mil, no geral, contando com hospital, honorário e prótese. Os custos aumentaram, porque tudo aumentou na pandemia. Um exemplo são os gastos hospitalares, que a maioria é importado e, com o aumento do dólar, fica mais caro”, explica Clayton.

Também cirurgião plástico, o médico Fábio Negrão concorda que, no Pará, o volume cirúrgico aumentou após a pandemia. Os fatores, para ele, são vários: demanda de cirurgia reprimida devido aos meses de lockdown; maior exposição em redes sociais com fotos pessoais e selfies durante a pandemia, que, segundo o médico, pode aumentar o desejo de melhorar aspectos estéticos; e pelo fato de a população estar mais em casa, com possibilidades restritas de viagem ou lazer, e a cirurgia pode ter se tornado uma possibilidade. 

"Os procedimentos mais procurados continuam os mesmos: mamoplastias, lipoaspiracao e abdominoplastias. Porém, nota-se um grande aumento de rinoplastias. Acredito que pelo uso diario da máscara esconder o nariz, se torna mais atraente encarar o pós operatório. Os valores das cirurgias variam conforme cada planejamento cirúrgico. Mas, de uma forma geral, o paciente contrata a equipe médica (cirurgiões, anestesista, instrumentadora), hospital, materiais cirurgicos e serviços pós-operatórios". 

Somando todas as taxas, a acadêmica de direito Júlia Freitas, de 20 anos, gastou cerca de R$ 23 mil com as próteses nos seios e a lipoescultura para modelar o corpo. Ela é uma entre tantas pessoas que buscaram os procedimentos estéticos durante a pandemia - e agora faz fisioterapia no pós-operatório. “Algumas coisas me incomodavam, tinham características minhas que não me deixavam confortáveis. Muita gente tem esse sonho, assim como eu tinha. A minha dica é pesquisar bastante, escolher um profissional de confiança e competente para que dê tudo certo. E o pós-operatório com fisioterapia me ajudou muito, me senti mais confortável para fazer as coisas do dia a dia com menos dificuldade”.

Procedimentos sem cirurgia ganham destaque

Além das tradicionais cirurgias que já são realizadas há décadas, nos últimos anos procedimentos considerados mais simples passaram a chamar a atenção dos pacientes. A chamada “harmonização facial”, por exemplo, é um método que busca deixar o rosto mais equilibrado, que pode custar até R$ 20 mil.

Segundo a cirurgiã dentista especialista em harmonização orofacial Thaís Freitas, de 23 anos, durante a pandemia a procura pelos procedimentos aumentou muito. “Não sei bem dizer o percentual, mas foi uma alta considerável. Imagino que isso tenha acontecido devido ao tempo maior que as pessoas passaram a ficar em casa e, consequentemente, a frequência com que se viam no espelho. O ócio fez com que as pessoas passassem a olhar para si mesmas com mais cuidado”, diz.

Thaís explica que, em geral, os preços variam de acordo com a quantidade de produto que o profissional precisa utilizar para realizar os procedimentos, podendo ficar entre R$ 1.200 e mais de 20 mil. O serviço mais procurado por quem vai até o consultório da cirurgiã dentista é o preenchimento do “bigode chinês”, linha de expressão nas laterais do nariz. Segundo ela, o procedimento é o número “um” da lista. Em seguida, há o botox para eliminação das rugas.

“A maior queixa é sempre a sensação de que a pele está caindo. É um processo natural do envelhecimento, que se chama ‘melting facial’. Com o avanço da idade vamos perdendo o colágeno e, por consequência, a pele vai cedendo. Acredito que esse seja um serviço popular pela possibilidade de rejuvenescimento sem cirurgia”, comenta Thaís.

image Procedimentos estéticos sem cirurgia fazem sucesso (Cristino Martins / O Liberal)

Na avaliação da especialista, o surgimento de processos como esse fez com que muitas pessoas evitassem cirurgias mais complexas. “As pessoas sempre têm muito medo de procedimentos cirúrgicos, principalmente devido à anestesia geral. Os pacientes relatam medo de dormir e não acordar mais. Além disso, os procedimentos cirúrgicos, em sua maioria, são irreversíveis, diferente dos de harmonização facial, que possuem total reversibilidade”.

Pós-operatório aliado à fisioterapia traz recuperação rápida

Apesar de ser um serviço mais acessível atualmente, as cirurgias plásticas não devem ser feitas de forma indiscriminada. A fisioterapeuta dermatofuncional Kamila dos Santos Pacheco afirma que a cirurgia plástica visa ao bem estar e à auto-estima do paciente. Ao decidir se submeter a uma cirurgia plástica, o ideal é buscar por cirurgião que seja membro da Sociedade, que atenda em hospitais e ofereça segurança e suporte para esse paciente.

“É na consulta pré-operatória que preparamos o paciente para a cirurgia. Utilizamos diversos recursos e técnicas, orientamos em relação às posturas no dia-a-dia, tempo de retorno à sua atividade diária e atividade física e quanto ao uso de nutricosméticos, dermocosméticos e laserterapia, fundamental na prevenção de complicações, como quadro álgico, edema intenso, equimoses (roxinhos), fibroses desorganizadas, sétima, sofrimento de pele e alterações cicatriciais. Também orientamos quanto ao uso dos acessórios: cintas, placas, sutiã e meias”, orienta a especialista.

Kamila ainda diz que durante o procedimento cirúrgico é desencadeada uma série de eventos fisiológicos para cicatrizar a lesão causada pela cirurgia, e então inicia-se o pós-operatório dentro do centro cirúrgico, chamado de trans-operatório, em que é feita a aplicação do taping na área operada para reduzir o espaço morto gerado pelo trauma cirúrgico e aproximar e conter o edema, melhora a dor e equimoses, prevenir seroma e fibroses desordenadas e trazer mais conforto para o paciente. O taping fica em torno de 5 a 7 dias. Após isso, o pós-operatório passa a ser feito na clínica, com vários recursos terapêuticos, como laserterapia, drenagem linfática, cinesioterapia, fisioterapia respiratória e outros. “É por meio da fisioterapia especializada que é possível minimizar as queixas e otimizar os resultados da cirurgia plástica, diminuindo o desconforto e os traumas na área operada, melhor resultado da cirurgia e, consequentemente, o aumento e satisfação do paciente”, pontua.

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