Exportações do Pará têm queda de 4,4% no primeiro semestre; saiba o que pode ter motivado

Produtos tradicionais como minério de ferro, carne e madeira tiveram variações negativas. Especialistas atribuem a comportamentos externos.

Elisa Vaz
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O montante exportado pelo Pará no primeiro semestre deste ano somou US$ 10,2 bilhões, o que representa uma variação de -4,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Este resultado deixa o Estado com uma participação de 6,35% de tudo que é vendido pelo Brasil e na sexta posição no ranking dos que mais exportam no país.

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Economista, Douglas Alencar explica que a queda no valor das exportações em dólares pode ser atribuída à valorização da taxa de câmbio. Com a apreciação cambial, de acordo com ele, os produtos brasileiros ficam mais caros para exportar, o que acaba reduzindo as vendas. “É importante lembrar que o Pará é um exportador de commodities, que são produtos de baixo valor agregado e que ficam bastante dependentes da concorrência internacional. Assim, qualquer variação na taxa de câmbio tem um impacto importante sobre as exportações do nosso Estado”, aponta.

Produtos

Nos seis primeiros meses deste ano, os produtos mais vendidos foram os minérios: o de ferro teve 54% de participação entre tudo que foi vendido no semestre, enquanto o de cobre respondeu por 11%. Em seguida, aparecem a soja (11%), alumina (8,3%), ferro-gusa (3,2%), alumínio (3%), carne bovina (2%), elementos químicos inorgânicos (1,4%) e madeira (1,2%).

As maiores quedas, em termos de vendas, foram registradas em especiarias (-43%), carne bovina (-39%), madeira (-38%), ouro (-25%), elementos químicos inorgânicos (-17%), minério de ferro (-12%) e alumina (-8,87%). Já as variações positivas ficaram por conta de sementes de girassol (935%), animais vivos (67,5%), minério de cobre (53,4%), alumínio (43,2%), filés (33%) e a soja (10,6%).

A coordenadora do Centro Internacional de Negócios (CIN), ligado à Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Cassandra Lobato, diz que é preciso respeitar as safras. “Tivemos no primeiro semestre o verão amazônico, quando o setor madeireiro inicia o processo de colheita florestal, é natural esse recesso. A mesma coisa nas frutas, é algo natural para a gente. Já se prevê um segundo semestre melhor”, adianta.

No setor mineral, Cassandra afirma que ainda é possível ver efeitos da retomada da China e de outras variáveis externas. “É uma retomada contínua pós-pandemia, principalmente no setor imobiliário chinês, que implica na construção civil, e o minério de ferro é matéria-prima. Em contrapartida, o minério de cobre teve variação de mais de 50%, sendo o principal comprador a Alemanha; o alumínio teve alta, com principal comprador sendo o Japão”, celebra. A coordenadora do CIN ainda destaca um aumento de 10,8% na diversificação da pauta.

Importações

Já as importações do Pará de janeiro a junho ficaram na casa de US$ 1,12 bilhão, o que também representa uma queda, de 5,9%. A participação do Estado ficou em 0,9% entre os Estados compradores do Brasil, e o Pará ocupou a 17ª posição no ranking dos que mais importam no país. Com a diferença entre exportações e importações, o saldo do Pará no primeiro semestre ficou positivo, na casa de US$ 9,14 bilhões.

Os itens mais comprados pelo Estado no período foram adubos e fertilizantes (26%), elementos químicos inorgânicos (18%), produtos residuais de petróleo (9,6%), óleos combustíveis de petróleo (7,1%), carvão (6,4%), veículos automóveis para transporte de mercadorias (5,7%), instalações e equipamentos de engenharia civil e construtores (4,4%) e pneus de borracha, bandas de rodagens intercambiáveis, flaps e câmaras de ar (4,1%), entre outros.

Tiveram variação negativa de compras os óleos combustíveis de petróleo (-70%), instrumentos e aparelhos de medição (-45%), sais e peroxossais (-43%), obras de ferro ou aço (-41%), ferro-gusa (-36%), carvão (-29%) e outros. Já os resultados positivos foram os de barras de ferro e aço (403%), materiais de construção de argila (248%), preparações e cereais (62,7%), partes e acessórios de veículos automotivos (50,2%), produtos residuais (42,1%), pneus de borracha (26,8%) e mais.

Douglas atrela esse comportamento ao desempenho da economia. “Como estamos com uma taxa de juros Selic demasiadamente alta no país, temos dificuldades para induzir e impulsionar os investimentos. Sem um aumento significativo dos investimentos, temos dificuldades em aumentar a renda. Como as importações dependem do aumento da renda, mesmo considerando a apreciação cambial, temos uma queda das importações, que reflete a falta do aumento da renda local. Dessa forma, podemos estar presenciando uma substituição das importações por compras de produtos brasileiros”, detalha o economista.

Perspectivas

Para que a balança comercial do Pará tenha um resultado melhor, segundo Alencar, pelo menos em se tratando das exportações, seria preciso aumentar o valor agregado dos produtos exportados. As commodities, explica ele, estão sujeitas à concorrência de preço no mercado internacional e, para que o Estado fique menos dependente desses produtos, é preciso incentivar e induzir a criação de empresas que aumentem o valor agregado dos produtos exportados, para que a variação dos preços (taxa de câmbio) tenha o impacto reduzido sobre o balanço comercial paraense.

“Para os próximos meses, o resultado das exportações vai depender do comportamento da taxa de câmbio e do crescimento chinês. Em termos da taxa de câmbio, com a possibilidade de o Copom passar a reduzir a taxa de juros Selic na reunião de agosto, podemos esperar que a valorização cambial desacelere ou até seja revertida, com a taxa de câmbio podendo voltar ao patamar de R$ 5/US$. Somando a isso as expectativas de crescimento da China, que deve pressionar os preços do minério de ferro no mercado mundial, podemos esperar uma melhora no valor total das exportações paraenses”, adianta o especialista.

Balança comercial do Pará no 1º semestre

Exportações

  • Valor: US$ 10,2 bilhões
  • Variação: -4,4%
  • Participação: 6,35%
  • Posição no ranking: 6º

Produtos com variação negativa

  • Especiarias: -43%
  • Carne bovina: -39%
  • Madeira: -38%
  • Ouro: -25%
  • Elementos químicos inorgânicos: -17%
  • Minério de ferro: -12%
  • Alumina: -8,87%

Produtos com variação positiva

  • Sementes de girassol: 935%
  • Animais vivos: 67,5%
  • Minério de cobre: 53,4%
  • Alumínio: 43,2%
  • Filés: 33%
  • Soja: 10,6%

Importações

  • Valor: US$ 1,12 bilhão
  • Variação: -5,9%
  • Participação: 0,9%
  • Posição no ranking: 17º

Produtos com variação negativa

  • Óleos combustíveis de petróleo: -70%
  • Instrumentos e aparelhos de medição: -45%
  • Sais e peroxossais: -43%
  • Obras de ferro ou aço: -41%
  • Ferro-gusa: -36%
  • Carvão: -29%

Produtos com variação positiva

  • Barras de ferro e aço: 403%
  • Materiais de construção de argila: 248%
  • Preparações e cereais: 62,7%
  • Partes e acessórios de veículos automotivos: 50,2%
  • Produtos residuais: 42,1%
  • Pneus de borracha: 26,8%

Fonte: Mdic

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