Exportações crescem 6% em novembro; no acumulado do ano variação ainda é negativa
Cenário demonstra reação do Pará quanto às exportações, avalia Cassandra Lobato, do Centro Internacional de Negócios da FIEPA

As exportações tiveram um desempenho positivo na balança comercial em novembro, quando o Pará exportou US$ 1,65 bilhão, com variação positiva de 5,9%. No acumulado do ano, entretanto, a variação ainda é negativa (-1,3%). Entre os meses de janeiro e novembro, as exportações totalizaram US$ 19,8 bilhões na comparação com o mesmo período do ano passado. O resultado deixa o Pará na 7ª colocação do ranking de exportações do Brasil, com uma participação de 6,37%. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
Cassandra Lobato, coordenadora do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Pará (CIN/FIEPA), avalia que a variação pequena no acumulado do ano demonstra uma reação do Pará. “A gente observa que já há quase uma equiparação aos valores do ano passado. Ainda não é o cenário ideal, mas o Pará já mostra um cenário promissor após um período desafiador de guerra, pandemia, oscilação e troca de governo, além da crise interna na China, que é nosso principal comprador internacional”, avalia.
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Entre os principais destaques positivos estão as sementes oleaginosas, a exemplo do gergelim. Entre janeiro e novembro, as exportações desse tipo de produto cresceram 462%, representando uma variação absoluta de US$ 47 milhões no saldo de exportação. Além das sementes, a soja também teve um papel importante nas exportações. Com uma participação de 8,3%, a variação positiva de 17,3% representou um incremento de US$ 242 milhões no acumulado de 2023 em comparação com 2022.
Produtos minerais têm maior impacto
O maior impacto, entretanto, é com relação aos produtos minerais, que representam 83% das exportações. Por isso, a variação negativa de 4,46% impactou na redução de US$ 529 milhões quando se leva em conta os onze meses do ano. Também apresentaram redução quanto às exportações neste período: a alumina (-12%), o ferro (-15%), a madeira (-36%) e carne bovina fresca, refrigerada ou congelada (-29%). Juntos, eles impactaram em uma redução de US$ 559 milhões nas exportações do Pará.
Por outro lado, outros produtos minerais, como o minério de cobre, cujo principal comprador é a Alemanha, e o alumínio, com o Japão sendo o principal destino, apresentam variações positivas, com 32,3% e 27,3% respectivamente. “Já tivemos cenário em que apenas um estava positivo ou que nenhum estava positivo este ano, então isso mostra um processo de equilíbrio dessas variações, mas entendendo que ele não é imediato. É um setor que investe muito em inovação, gera emprego para nosso estado, então é algo estratégico e importante”, destaca Cassandra.
Tradicionais x Não tradicionais
A coordenadora do Centro Internacional de Negócios observa ainda um cenário desfavorável aos produtos ditos tradicionais, entre eles, a madeira, o dendê e o pescado. “Todos apresentam variações negativas. Foram poucos os que ficaram positivos e um deles foi o suco de frutas, com uma variação 2,31%. Isto, muito devido ao processo de internacionalização das super frutas amazônicas, o que contribui muito para essa variação positiva, principalmente o açaí”, destaca Cassandra Lobato.
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Entre os produtos não tradicionais, a coordenadora destaca as variações positivas da soja e das sementes de gergelim. “Isto denota as commodities agrícolas tendo um bom espaço; mostra força do agro, principalmente do agro paraense nas exportações, que contribui para que a nossa balança realmente tenha essa retomada. De forma geral, a gente acredita que em 2024 o cenário seja mais favorável com o restabelecimento do comprador chines, o que vai possibilitar melhores desempenhos, como no setor de carne bovina por exemplo”, projeta Cassandra.
Importações seguem em queda
No acumulado do ano ainda, o Pará importou R$ 1,7 bilhão, o que representa uma redução de 30,1%. Levando em conta somente o mês de novembro, a redução foi ainda maior. Naquele mês, as importações representaram US$ 123 milhões, totalizando uma queda de 45,4%. Em valores absolutos, foram US$ 123 milhões a menos, em comparação com novembro do ano passado. Desta forma, o superávit da balança comercial no acumulado do ano ficou em US$ 18 bilhões, de acordo com os dados do Comex.
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