Arrecadação do Pará com exportação de sementes cresce 552% em 2023

Produção de gergelim em Paragominas e Ulianópolis é o destaque, aponta o zootecnista Guilherme Minssen

Amanda Engelke / Especial para O Liberal
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A arrecadação do Pará com as exportações de sementes oleaginosas, como as de girassol, gergelim, canola e algodão, saltou de US$ 8 milhões, em 2022, para US$ 52,5 milhões em 2023, quando comparados os dez primeiros meses dos dois anos. Os US$ 44 milhões a mais exportados pelo Pará representam um incremento de 552% na arrecadação com estes tipos de produtos. É o terceiro ano consecutivo que a atividade apresenta um crescimento considerável. É o que revelam os dados do Sistema do Comércio Exterior (Comex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Em 2022, as sementes de girassol, gergelim, canola e algodão, entre outras, registraram um aumento de mais de 1.000%. Os dados mostram que, naquela ocasião, foram exatos 1.521,3% a mais do que em 2021, no mesmo período comparativo. O salto, àquela época, foi de US$ 7,5 milhões, uma vez que foi registrado o montante de US$ 8,05 milhões em exportação das sementes em 2022, contra US$ 494 mil em 2021. O mesmo cenário se repetiu nos períodos anteriores, ou seja, nas relações comparativas entre 2021 e 2020 e 2020 e 2019.

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Pará entrou de vez neste tipo de mercado, diz Faepa

Para o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Guilherme Minssen, o cenário é otimista e aponta que o Pará entrou de vez neste tipo de mercado. “A produção de gergelim na região de Paragominas e Ulianópolis (ambos no sudeste paraense) é das novidades no mercado paraense. Praticamente toda a produção é destinada à exportação e foi produzida com alta qualidade, sendo exportada para a Ásia e para o Oriente Médio, especialmente para a Arábia Saudita. O grão de gergelim tem se destacado e está, certamente, puxando esse crescimento”, avalia.

Minssen detalha que, o gergelim é uma aposta de entressafra para conseguir driblar o verão úmido e inverno chuvoso, típicos da Amazônia. A boa adaptação ao clima e o baixo custo são seus diferenciais. Outro atrativo para a produção da semente é a sua rentabilidade. “Os dados revelam justamente essa aposta que foi feita nos últimos anos no município de Paragominas e em outras cidades do entorno”, diz, revelando que, atualmente, o Pará é o segundo estado com maior produtividade do grão de gergelim Brasil, ficando atrás apenas de Mato Grosso.

Apesar do ingresso recente no mercado de exportação de grãos, o diretor pontua que o setor é de extrema importância para a verticalização de algumas espécies de médio porte, como a suinocultura e a avicultura, viabilizadas principalmente através dos grãos. “Recentemente começamos a enviar nossos excedentes, principalmente soja, mas também produtos diferenciados dessa região de Paragominas, que é um dos nossos principais polos, junto com o sul do estado e a região do Baixo Amazonas, com destaque para Santarém”, destaca.

Apesar do crescimento exponencial nos últimos anos, Guilherme avalia que a brusca alteração climática vivida no país como um todo pode afetar a produção de grãos em geral e frear um pouco este crescimento do gergelim. "A recente seca, devido ao fenômeno do El Niño, que também trouxe uma grande produção de chuvas para o sul do Brasil, impactará um pouco a nossa produção de grãos neste ano. Devemos ter uma diminuição na safra. No entanto, com o retorno das chuvas, esperamos retomar com o nosso crescimento", projeta.

Brasil ainda é um pequeno produtor, com 16 mil toneladas

De acordo com dados apresentados pela Embrapa em 2022, o gergelim é cultivado em 71 países, especialmente nos países do continente asiático e africano, sendo a Índia, Myanmar e a China são responsáveis por 51,96% da produção mundial, que é estimada em 3,6 milhões de toneladas, obtidas em 7,5 milhões de hectares e com produtividade média de 478,22 kg ha-1. O Brasil é um pequeno produtor, com 16 mil toneladas, produzidas em 25 mil hectares e com rendimento em torno de 640 kg ha-1.

Nas décadas de 1950 e 1960, os estados de São Paulo e Paraná eram os maiores produtores de gergelim do Brasil. A maior parte da produção era destinada ao mercado interno, e o restante era exportado para o Oriente Médio. A partir do final da década de 1960 e início da década de 1970, a soja começou a se firmar como a principal cultura, o que inibiu o cultivo do gergelim. Uma situação parecida ocorreu no Estado de São Paulo, porém, as culturas que tiveram grande expansão foram a laranja e a cana-de-açúcar, trazendo, consequentemente, a diminuição no plantio de gergelim.

 EXPORTAÇÕES DE SEMENTES

  • 2023 – 551,9%
  • 2022 – 1.521,3%
  • 2021 – 1.013,9%
  • 2020 – 159.210,7%
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