CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Evento debate importância da exploração na Margem Equatorial

Simulado para pesquisa sobre reservas de petróleo da foz do Amazonas segue sem parecer do Ibama

Fabrício Queiroz
fonte

Pesquisadores, políticos e representantes do setor produtivo discutiram sobre o avanço do projeto da Margem Equatorial em um evento promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) na manhã desta quarta-feira (17). Durante a reunião de trabalho, os participantes destacaram o potencial de atração de investimentos que a exploração de petróleo e gás traria para a região e mostraram preocupação com a morosidade do processo de licenciamento.

O planejamento estratégico da Petrobras prevê a aplicação de US$ 2,9 bilhões na exploração da Margem Equatorial, que abrange as bacias sedimentares dos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. A companhia possui 16 blocos na região, sendo que entre eles o projeto mais adiantado está na bacia Amapá Águas Profundas, onde fica localizado o chamado Poço Morpho. Desde dezembro do ano passado, a empresa aguarda liberação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para realização da Avaliação Pré-Operacional (APO) na área, que segue sem agendamento devido à falta de parecer técnico do órgão ambiental.

LEIA MAIS:

image Margem equatorial: exploração de petróleo na Amazônia gera embate entre ministros, diz site
Petrobras defende o projeto, mas parecer técnico do Ibama recomenda o indeferimento do pedido de licença ambiental feito pela companhia

image Margem Equatorial e Pedral do Lourenço passam por análise técnica, diz presidente do Ibama
Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, Rodrigo Agostinho fala das preocupações envolvendo questões ambientes

image Petrobras aguarda parecer do Ibama para simulado na Margem Equatorial
Jean Paul Prates diz que exploração de petróleo na região será uma “alavanca para novos investimentos”

Em recente entrevista concedida ao Grupo Liberal, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, justificou a demora dizendo que a região é sensível e os estudos precisam ser criteriosos para garantir a compatibilidade entre desenvolvimento e sustentabilidade. “O Ibama não vai tomar decisão enquanto não estiver muito certo dos desafios que estão impostos na realização desse empreendimento”, afirmou.

O vice-presidente executivo da Fiepa, José Maria Mendonça, lembra que países fronteiriços, como a Guiana e o Suriname, já estão produzindo petróleo em águas profundas e, por isso, os temores em relação a possíveis impactos ambientais são demasiados e carecem de embasamento técnico e acadêmico. Para ele, a Margem Equatorial deve representar um marco tanto para o desenvolvimento econômico quanto social da região. “Não é justo que a gente continue sendo um estado dito por todo mundo como rico, com uma população pobre. É uma questão de civilidade e respeito com a população do Pará e da Amazônia”, destacou.

Já o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon) e vice-presidente da Fiepa, Alex Carvalho, discorda do uso de questões ambientais para impedir o andamento do processo de pesquisa sobre o real potencial da exploração de petróleo na Amazônia. “Nós não estamos contra a sustentabilidade. Nós somos defensores da proteção do nosso bioma amazônico, mas, por acreditar nas práticas seguras da empresa [Petrobras] é que nós clamamos pelo desfazimento dessa narrativa que chega a ser cruel com todos nós cidadãos paraenses”, disse.

image O vice-presidente da Fiepa, Alex Carvalho, defende que exploração de petróleo ocorra com preservação ambiental (Carmem Helena / O Liberal)

Ao longo do evento, diferentes pesquisadores apresentaram dados para subsidiar a discussão sobre o tema. Um dos convidados foi o professor do Instituto de Geociências da UFPA e doutor em Ciência Naturais, Luís Ercílio Faria Jr, que avalia que as evidências geológicas indicam alta probabilidade da existência de reservas de petróleo e gás na foz do rio Amazonas.

“Está se partindo de uma premissa que vai haver vazamento quando isso é praticamente inexistente. Nós não temos nenhum caso no Brasil e nem em lugares afora de que tenha havido um vazamento em um poço exploratório”, acrescentou, ressaltando, ainda, que os projetos de exploração beneficiarão a ampliação e a absorção da mão de obra local habilitada na área.

Na avaliação do professor da Universidade Federal do Maranhão e presidente da Companhia Maranhense de Gás (Gasmar), Allan Kardec Barros, a demora no licenciamento e na realização da APO são decorrentes do fato de o Brasil não encarar o desenvolvimento como uma estratégia de Estado. Aliado a isso, ele diz que o país tem problemas porque a concessão dos blocos de exploração ocorreu sem o amparo de uma legislação que dê segurança jurídica ao segmento.

“A chamada Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS) é inspirada em modelos dos Estados Unidos e do Reino Unido, que fazem levantamentos de dados primários que permitem ao governo oferecer as áreas de óleo e gás, de energia eólica e offshore. Esses processos levam de dois a três anos, mas são feitos sempre com a academia e o governo, que usa essa base de conhecimentos para tomar decisões que atendam as demandas por energia e as demandas sociais. Ou seja, a pesquisa e as estratégias não são desvinculadas. É uma política de Estado”, esclarece o pesquisador.

Diante da preocupação com a licença para a Margem Equatorial, um movimento com representantes dos estados do Amapá, Pará e Maranhão está se articulando para promover um ato na próxima sexta-feira, dia 19. A mobilização deve ocorrer no município de Oiapoque (AP), onde haverá uma audiência pública com a participação de parlamentares, governadores, prefeitos e empresários da região.

“O Norte precisa se desenvolver e os recursos que vierem serão fundamentais para a infraestrutura e os investimentos em ciência e tecnologia que a Amazônia precisa tanto. Se discute muito sobre biodiversidade no Brasil e no mundo afora, mas, faltam recursos para desenvolvimento de P&D. Esses recursos serão destinados em grande parte para essa relação e para criar novos negócios a partir da biodiversidade em toda a Amazônia”, comentou o deputado estadual pelo Amapá, Jesus Ponte (PDT).

A redação integrada O Liberal solicitou esclarecimentos sobre o andamento do projeto na Margem Equatorial tanto à Petrobras quanto ao Ibama, mas ainda não obteve retorno.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Economia
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM ECONOMIA

MAIS LIDAS EM ECONOMIA