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Da venda no ônibus ao sustento de 40 famílias; conheça a história das Empadas do Rangel

Aos 30 anos, ele lidera uma equipe a quem ele chama de 'Águias', ele espera encantar o país com suas empadas doces e salgadas

Luciana Carvalho

A jornada empreendedora muitas vezes começa com uma ideia, o desejo de conquistar uma renda própria e o sonho de ser seu próprio chefe. Em Belém, a história de Rangel Reis, de 30 anos, é um desses exemplos. Aos 13 anos, ele já vendia água nos semáforos. Depois, um pouco mais velho, começou a vender bombons nos ônibus e frequentava o comércio da capital sempre atrás de novidades para revender. Ele chegou a vender salada de frutas e até quadros, foi quando tirou os shorts e as camisetas para vestir roupas mais sociais e virou representante comercial.

“Sempre quis ser independente e não pedir mais dinheiro aos meus pais. Apesar de ser muito tímido, queria ter meu próprio dinheiro,” lembra. No entanto, em 2018, a empresa onde trabalhava enfrentou dificuldades e faliu. Foi quando Rangel se viu desempregado. “Fiquei paralisado, mas em novembro de 2018, disse para minha esposa: "Amor, faz brigadeiro que eu vou para a rua”. Já em janeiro de 2019, começou a vender empadas. "Não tinha nenhuma intenção de montar uma empresa, eu só queria sobreviver, sair do fundo do poço e ter meu próprio dinheiro. Fui para os ônibus cheio de vergonha, com medo de ser reconhecido. e só pensava nas pessoas falando assim: 'Olha o Rangel, o executivo, agora está na rua de novo', relata. 

image Rangel Reis em sua cozinha apresenta com muito carinho as empadas que produz (Wagner Santana/O Liberal)

Mas foi com as empadas que ele teve a uma ideia promissora e uma oportunidade de negócio que não só lhe deu um pouco mais de tranquilidade financeira, mas também começou a ajudar outras pessoas. Rangel iniciou vendendo empadas fornecidas por outra pessoa, mas em 2021, após um problema com seu fornecedor, resolveu meter a mão na massa e produzir suas próprias com a ajuda da esposa e da sogra.

"Acertamos o ponto da massa e do recheio. Inicialmente, a ideia seria apenas para gerar uma renda extra, com uma produção de 80 empadas por dia, mas a demanda cresceu rapidamente e hoje lideramos uma empresa que fornece, em média, 1.500 empadas por dia para revendedores em vários bairros de Belém, são os meus "Águias". Agora, gero renda para a minha e outras 40 famílias", conta orgulhoso o microempreendedor.

image Empadas bastante recheadas são marca do Rangel (Wagner Santana/O Liberal)

“Com o tempo, mudamos para uma casa três vezes maior e, quando percebi, já tínhamos uma empresa, com várias pessoas trabalhando conosco e uma produção considerável. Hoje, posso dizer que nossa empada é uma das mais vendidas em Belém e que realizamos sonhos. Nosso propósito de revenda vai além do lucro. Queremos que nossas empadas façam na vida de outras pessoas o que fez na minha: ajudar a sair do fundo do poço, realizar sonhos e concretizar objetivos”, afirma Rangel.

O empreendedor conta ainda que já tem planos de expandir seu negócio para fora do Estado, exportando as empadas para outras localidades do país. “O plano para nossa empresa hoje é ter nossos próprios espaços físicos para trabalhar com distribuição. Estamos estudando a possibilidade de distribuir nossas empadas para outros estados. Sei que esse dia chegará, não sei como, de que maneira ou quando, mas esse é o nosso foco e nós conseguiremos. Futuramente, a empada do Rangel estará presente em outros estados do Brasil”, garante.

image Produção das empadas do Rangel (Wagner Santana/O Liberal)

Os “Águias” na cadeia do empreendedorismo

Thaisa Dias Leão, de 33 anos, começou sua jornada como camelô na infância e enfrentou muitos desafios ao logo da vida. Após conseguir um emprego formal, engravidou e decidiu sair para ter mais liberdade para ficar mais presente na vida de sua filha, foi quando ela resolveu trabalhar por conta própria e, há cerca de dois meses, casou a venda de chopp gourmet com empadas do Rangel.

“Eu tinha muitas dívidas: contas de luz, plano de saúde, cartões de crédito, internet, tudo atrasado. Meu nome estava em risco de ser negativado e eu recebia mensagens constantes do Serasa. Então, comecei a vender chopp gourmet, enquanto minha amiga vendia empadas. Foi quando tive uma grande ideia: juntar os dois. Deus me deu uma grande oportunidade, e eu decidi aproveitar.”

image Thaisa Dias é uma das "Águias" e empreende vendendo as empadas e chopp gourmet (Wagner Santana/)

Em menos de dois meses, Thaisa quitou suas dívidas e hoje vende cerca de 150 empadas por dia. “Essa oportunidade trouxe uma significativa melhora financeira para minha vida,” diz a empreendedora. Nesta última semana, Thaisa atingiu a marca de ser a primeira mulher do grupo a bater o record de vendas de empadas dos "Águias": 900 unidades vendidas em uma semana.

Emerson de Oliveira Freitas, de 25 anos, estudante de Ciências Sociais na UFPA, começou a revender as empadas de Rangel há cerca de um ano e oito meses. “Um dos principais fatores para eu escolher esse trabalho foi a possibilidade de conciliar meus estudos e meu objetivo de me formar e trabalhar na área, além de sustentar minha família e construir a minha casa. Vendo, em média, de 125 a 150 empadas por dia, trabalhando de segunda a sexta. Meu itinerário inclui órgãos públicos em Belém, o centro da cidade, Ver-o-Peso, Doca, Nazaré e Almirante Barroso. Além disso, costumo vender na minha universidade, onde meus colegas também compram empadas de mim”, explica.

Empreenda Mais - Empadas do Rangel

Números do empreendedorismo no Pará

De acordo com o Sebrae Pará, o Pará possui mais de 400 mil empreendimentos classificados como Microempreendedores Individuais (MEI), Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP), todos formalmente registrados nos anais da Receita Federal. Na Região Metropolitana de Belém (RMB) há um total de mais de 211 mil pequenos negócios, sendo a maioria deles Microempreendedores Individuais (MEI). Até dezembro de 2023, apenas em Belém, o número de pequenos negócios somava 134.685. Além disso, cerca de 80% desses pequenos negócios no Pará são liderados por empreendedores com idades entre 21 e 50 anos, conforme dados do Sebrae Pará.

Nacionalmente, existem cerca de 15 milhões de Microempreendedores Individuais (MEI). No entanto, no Pará, ainda há aproximadamente 1,2 milhões de trabalhadores atuando de forma autônoma e sem registro formal. A informalidade permanece como um desafio significativo a ser enfrentado.

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