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Corte de gastos dos Correios preocupa trabalhadores no Pará

Plano inclui redução de salários e aposta em inteligência artificial

George Miranda
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Um prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024 levou os Correios a anunciar um pacote de medidas para tentar equilibrar as contas em 2025. O plano, divulgado em dois comunicados internos nesta semana, prevê a redução de 12% nos custos operacionais e inclui ações como a venda de imóveis ociosos, a reestruturação da malha logística e a revisão de contratos nas principais superintendências estaduais.

No Pará, onde o serviço da empresa pública é fundamental para o acesso a produtos e correspondências em áreas remotas, o anúncio acendeu um sinal de alerta entre os cerca de 1.800 funcionários dos Correios. A proposta mais sensível apresentada pela estatal é a possibilidade de redução da jornada com diminuição proporcional dos salários, medida que deverá ser aplicada por meio de acordos internos.

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A informação preocupou os trabalhadores. Carteiro há 12 anos, um funcionário ouvido pela reportagem relata o clima de apreensão diante de um futuro cheio de incertezas. “A estrutura que me é oferecida para executar um serviço de excelência vai ser reduzida, o que causa uma baixa qualidade na atividade-fim, e isso também afeta diretamente a minha vivência com a família. A possibilidade de não receber o salário cheio ou até de haver demissões causa um desconforto constante”, desabafa o trabalhador, que pediu para não ser identificado.

Sindicato promete acionar a Justiça

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos do Estado do Pará (Sincort-PA), Israel Júnior, também vê com preocupação o rumo das decisões da estatal. Segundo ele, a empresa não consultou os colaboradores antes de propor as mudanças. “Foi uma decisão administrativa com a qual temos muita discordância, sobretudo na forma como está sendo conduzida. Vamos recorrer à Justiça, se necessário”, afirma.

Hoje, de acordo com o Sincort-PA, o número de funcionários ativos no estado é quase a metade do registrado há alguns anos, o que gerou sobrecarga. Apesar dos anúncios recentes, a entidade acredita que não há risco imediato de demissões ou fechamento de unidades no Pará. “Passamos por um momento difícil, mas não há nenhuma sinalização nesse sentido. O que defendemos é que qualquer modernização precisa incluir a valorização e a proteção dos trabalhadores”, reforça.

Tecnologia desponta como alternativa para a estatal

Além do corte de despesas, os Correios pretendem buscar novas fontes de receita. Uma das apostas é a criação da plataforma “Mais Correios”, um marketplace que será lançado ainda neste mês, primeiro para o público interno e, em seguida, para o público geral. A expectativa é ampliar a presença da estatal no comércio eletrônico e fortalecer sua atuação no setor logístico.

A empresa também planeja investir na ampliação das operações internacionais, em soluções para órgãos públicos e na atração de pequenos e médios negócios do e-commerce. O uso de inteligência artificial também está entre as estratégias para otimizar os processos operacionais.

Para Israel Júnior, a modernização é inevitável, mas deve vir acompanhada de garantias sociais. “Não somos contra o progresso. O que não pode é a tecnologia substituir o ser humano sem dar condições dignas de trabalho. Os Correios ainda garantem benefícios que empresas do setor privado não oferecem. E é isso que precisa ser preservado”, conclui o presidente do Sincort-PA.

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Economia
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